|| 1 dia depois da praia ||
- Blair, o Harry está a ligar. - O meu pai sussurra, assim que entra no meu quarto, com o telefone encostado ao peito.
- Não estou. - Sussurro-lhe de volta, o que o faz suspirar pesadamente.
- Desculpa, Harry, ela está a dormir. - O meu pai diz, ao telefone, saindo do quarto.
|| 2 dias depois da praia ||
"Blair, liga-me, por favor, o que se passa?" A mensagem aparece no meu telemóvel, mas eu apenas ignoro.
Parte de mim quer responder, explicar-lhe tudo em que estou a pensar e implorar-lhe para vir cá, porque essa parte tem saudades.
No entanto, a outra parte, uma parte fria e irresponsável que eu não conhecia em mim, faz-me carregar no "recusar" e continuar a ler o meu livro.
|| 5 dias depois da praia ||
Jane entra no meu quarto, enquanto eu estou enrolada nos cobertores, sem vontade nenhuma de sair da cama.
- Blair, estás bem? - Ela pergunta-me, mas eu apenas finjo estar a dormir, não querendo falar com ela ou com ninguém.
Antes de conhecer o Harry, sentia algo dentro de mim, algo desconhecido, parecido com saudade ou vazio. E preocupa-me o facto de estar a sentir-me assim neste momento.
|| 9 dias depois da praia ||
As lágrimas caem, vagarosas e involuntárias, deixando a almofada molhada, e eu acho que nunca me senti tão infeliz como agora, nem mesmo quando me esqueci de tudo. A verdade é que há algo dentro de mim que me diz que eu não devia afastá-lo assim, algo me diz que ele faz parte de mim e eu preciso dele, eu quero estar com ele. Mas, por alguma razão, eu consigo ser estúpida o suficiente para ignorar tudo isso.
- Blair? - Uma voz surge no quarto e eu desvio o olhar na sua direção. Jane olha-me tristemente e, muito provavelmente, preocupada. - Posso entrar?
Aceno de forma positiva e sento-me melhor na cama, limpando a minha cara com as mãos. Eu não gosto que as pessoas me vejam desta forma, frágil e vulnerável, mas eu não consigo evitar e isso deixa-me irritada. Jane entra com uma caixa de cartão, grande, e com algo escrito de lado. "Nós" é o que aparece, mas eu não consigo entender porquê.
- Uma certa pessoa deixou algo cá em casa, para tu veres. Quando acabares, por favor liga-lhe, ele está uma lástima. - Jane diz-me apenas, saindo do quarto lentamente. - E, Blair? Estamos todos preocupados, por favor, volta, está bem?
Quando a porta fecha, eu salto da cama e corro na direção da caixa, sentando-me no chão. Eu percebi que foi o Harry quem deixou isto e até ver o que se encontra nela, eu não consigo entender.
Mas, como disse, só até ver o que se encontra nela. Fotos e fotos nossas estão lá, bilhetes de cinema, pequenas cartas, notas, coisas que parecem insignificantes, mas que aparentam também ter grande significado para mim, porque eu sinto o meu coração saltar, de alguma forma.
Ele está a tentar trazer-me de volta, ele está a esforçar-se, e eu estou apenas a ser egoísta. No momento em que eu perdi a memória, ele perdeu o que amava, ele perdeu-me a mim. E eu nunca pensei nisso dessa forma, porque eu estive o tempo todo preocupada em lembrar-me da minha vida e nunca me apercebi que ele foi a minha vida também.
- Harry? - Eu digo, assim que a sua voz soa do outro lado da linha. Consigo perceber que ele está entusiasmado, mas há também algo na sua voz que não está bem. - Podes cá vir, por favor?
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Oblivion || Harry Styles [EM PAUSA]
Roman pour Adolescents"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito." Um tiro pode mudar muita coisa, pode tirar vidas ou mudá-las, a bala é como um impulso intrínseco. E uma bala mudou a B...