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Jake e eu caminhamos de volta a casa, num passo lento, enquanto apreciamos Beverly Hills no seu melhor.

As pessoas passam bem-dispostas e sorridentes, umas correm, outras passeiam o cão, outras namoram. O calor não é tão intenso assim, há uma brisa suave e fresca que ameniza o ambiente.

- Blair? - Uma voz cansada soa atrás de mim. Viro-me para encontrar uma cara conhecida sorridente, Gemma.

- Heey! - Exclamo, dando-lhe um abraço. Ela enverga umas leggins pretas e um top cor-de-rosa, está com o cabelo num rabo-de-cavalo e respira coordenadamente. - Uhm, Gemma este é o Jake, o meu namorado. Jake, esta é a Gemma, filha da Anne, a melhor amiga da Jane.

Gemma parece aflita quando ouve a palavra namorado e olha à sua volta tantas vezes que a sua cabeça é capaz de sair a rodar. Não entendo, não a conheço bem, mas ela nunca me pareceu assim agitada. Algo não bate certo.

- Eu tenho de continuar, vemo-nos mais tarde? - Gemma finalmente fala, arregalando os olhos. Quando se prepara para começar a correr de volta, ouço uns passos suaves atrás de mim e uma voz familiar soa mesmo atrás de mim.

- Gem, trouxe-te a água. - Harry fala e eu não consigo evitar olhar para trás. Noto o quão atrapalhada a Gemma está e consigo ver a surpresa na cara do Harry quando me vê. Acompanhada pelo meu namorado.

Harry enverga uma camisola cavada, larga e cinzenta, com uma mancha de água abaixo do pescoço, e uns calções pretos, também largos. Na cabeça ele tem uma espécie de fita enorme a segurar o cabelo e calça uns ténis de corrida. Por isso a Gemma estava tão atrapalhada, ela veio correr com o irmão que por acaso declara ter estado apaixonado por mim.

- Cabrão! - Harry exclama, dirigindo-se rapidamente a Jake. Tudo aconteceu de forma tão instantânea que eu nem percebi bem o que raio aconteceu a seguir. O que eu sei é que Jake está deitado no chão, a sangrar perto da sobrancelha, enquanto Harry o observa enraivecido com os nós dos dedos magoados.

Gemma mantém-se imóvel, horrorizada com a cena, enquanto eu procuro forças para correr para Jake. Consigo sentir o sangue escorrer assim que lhe agarro no rosto, para tentar apoiá-lo, e as suas mãos estão fechadas em punhos. Conheço-o tão bem, que já sei que vai tentar atirar-se ao Harry.

- Jake, não, por favor. - Sussurro, beijando levemente os seus lábios. - Deixa para lá, está bem? Vamos apenas embora.

Ajudo o Jake a levantar-se, devagar, e começamos a caminhar no sentido oposto ao de Harry e Gemma. Parte de mim quer voltar para trás e deixar um olho negro ao Harry, enquanto a outra parte quer apenas caminhar de volta a casa, arrumar tudo e voltar a Seattle. No entanto, há uma terceira parte que vence, uma parte agressiva, mas uma parte capaz de se controlar.

Deixo Jake ficar no sítio onde está e praticamente corro de volta a Harry, que me fita confuso. Quando chego à beira dele, já estou a fulminar de raiva, a minha mão esquerda forma um punho e a mão direita tem o indicador apontado à cara dele.

- Se te voltas a aproximar de mim, ou do Jake, ou de alguém próximo de mim, eu encontro-te e deixo-te muito mais do que um olho negro. E garanto-te, eu consigo agora! - Falo, mantendo sempre o meu tom de voz agressivo, mas baixo.

- Blair... - A voz delicada de Gemma chama-me, mas eu corto-a rapidamente.

- Desculpa, Gemma, mas não vai dar. - Eu falo, o menos fria possível. Se eu me tornar amiga dela, o Harry vai estar sempre por perto e eu não quero isso.

Ela apenas suspira pesadamente e baixa a cabeça. O Harry continua vidrado em mim, surpreso, enquanto eu caminho de volta ao Jake.

- Vamos voltar, está bem? - Eu quase sussurro a Jake, fazendo-o levantar. Ele assente e lança um olhar ameaçador ao Harry, que nem parece incomodado.

- Eu vou trazer-te de volta, Blair, tu vais ver que estou certo! - Ouço Harry berrar e reviro os olhos, sem paciência. - E não revires os olhos!

Neste momento, eu não reviro os olhos, eu arregalo-os. Como é que ele sabe? Não o conheço à tempo suficiente. Ou conheço? Apenas abano a cabeça, tentando afastar estes pensamentos, e continuo o caminho até casa com o Jake.

- Jake, desculpa ter-te trazido para aqui, eu não devia, eu não devia ter-te ligado, desculpa. - Eu murmuro, aflita, quando vejo o inchaço formar-se acima do olho. Ele aperta a minha mão, reconfortando-me, e deixa um beijo leve nos meus lábios.

- A culpa não é tua, bebé, ele deve ter algum problema, eu fico feliz por ter vindo. - Jake assegura-me, pondo o braço por cima do meu ombro.

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Não consigo deixar de pensar nas atitudes do Harry, por muito que eu queira. A verdade é que parte de mim acredita nele, parte de mim acredita que já estivemos apaixonados; mas a outra parte está sempre a reprimir essa ideia, a outra parte insiste que o Harry é apenas um aproveitador, mimado e idiota, que parece ganhar a vida a fazer-me infeliz.

- Está uma ótima noite. - O meu pai constata, sentando-se no banco do jardim.

- Está mesmo. - Suspiro, olhando para ele.

- Está tudo bem? Onde está o Jake? - Ele pergunta, com uma voz suave e compreensiva.

- A dormir no quarto dele. - Respondo-lhe delicadamente e encaro-o.

Está a sorrir, os seus olhos azuis parecem cansados, preocupados também, todo ele parece diferente.

- Às vezes ponho-me a pensar e pergunto-me se poderia ter feito algo diferente, pai. - Confesso, olhando para o luar.

- Mas não podias, Blair, é nisso que tens de te focar. Não havia nada que pudesses fazer para mudar o que aconteceu. - O meu pai insiste, agarrando a minha mão. É estranho vê-lo fazer isso, da última vez que me lembro dele antes do acidente, estávamos chateados, mas ele agora parece muito mais próximo.

- Pai... Nós estávamos chateados, ainda? - Eu ganho coragem para perguntar e olho finalmente para ele. Os seus olhos tornam-se vermelhos, aos poucos, e eu quase consigo ver lágrimas formarem-se.

- Não, querida, nós não estávamos. - Ele sorri, feliz. - Nós estávamos tão bem, na verdade.

Parte-me o coração vê-lo assim, mas o que magoa mesmo é eu não me lembrar da fase boa.

- Desculpa por não me lembrar, pai. - Eu digo, tentando manter-ne calma. Neste momento quem tem lágrimas nos olhos sou eu, algumas coisas são simplesmente difíceis de aceitar.

- Vem cá. - O meu pai estende o braço e eu correspondo-lhe o movimento. - Tu não podes pensar sempre no que aconteceu, a culpa não foi tua. E sabes, não importa que não lembres, porque eu sei que aconteceu.

- Eu adoro-te pai. - Murmuro, deitando a cabeça sobre o seu ombro.

- E eu a ti, Blair. - O meu pai diz de volta, deixando um leve beijo na minha testa.

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~ Aawwwnnn, nem sei o que dizer de alguns momentos, digam-me vocês!

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Oblivion || Harry Styles [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora