A vida é como uma estrada no meio do campo cheio de curvas, paisagens belíssimas e surpresas inesperadas. A cada curva um imprevisto, que as vezes pode trazer algo bom ou não. Se a vida fosse uma estrada reta, as surpresas não seriam surpresas e o c...
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"... Ele foi atropelado!"
Não consigo pensar em mais nada, o que eu acabei de escutar não sai da minha cabeça... Vou confessar... Senti um frio na barriga e tenho certeza que todo o meu sangue foi parar nos meus pés. Por mais que a senhora do outro lado da linha falasse, não consegui ouvir mais nada. Minha boca ficou seca, olhei para minha filha e o pavor me tomou. Foram apenas alguns segundos que pareceram uma eternidade. E como a minha cabeça só vai para o lado negativo, não consegui pensar em nada a não ser que Daniel deve estar muito mal ou morto.
Vendo a minha situação Sávio tomou o telefone das minhas mãos. Eu só conseguia pensar no pior, e para ser sincera não sei direito o que sentia, mas acho que naqueles segundos ou minutos perdi o chão. Até uma coisinha que estava tão escondida e até mesmo esquecida por toneladas de pedras estava ressurgindo. A sensação que tive eram que as benditas pedras estavam sendo retiradas uma a uma.
De repente passei a ter um medo terrível de jamais vê-lo ou que a Sofia ficaria sem o pai. Fiquei literalmente perturbada e fora de mim, não sabia o que falar, dizer e nem o que estava sentindo. Olhei para o céu pedindo a Deus que nada tivesse acontecido com Daniel e que minha filha tivesse a oportunidade de tê-lo por mais tempo. Disse para Deus que perdoaria tudo o que ele me fez e que apenas queria que o pai da minha filha estivesse bem. Escutava muito longe Sávio falar alguma coisa, mas não sabia o que ele dizia. Voltei a olhar Sofia que estava com o sorriso tão lindo no rosto. Naquele momento eu só queria acreditar que Daniel não tivesse morrido. Ele não faria isso comigo ou com Sofia.
Senti mãos segurando firmes as minhas, e tirei os olhos da Sofia que ainda brincava. Olhei para o meu amigo que olhava para mim com... Pena!? Franzi a testa porque não entendi o seu olhar e de senti suas mãos no meu rosto. E só então percebi que ele estava enxugando as minhas lágrimas... Eu estava chorando? Minha cabeça e principalmente meu coração estavam confusos. Olhava para minhas mãos e não sentia nada, meus pés, minha cabeça e meu coração... Simplesmente nada. O que está acontecendo comigo? Ainda com a cabeça confusa Sofia chega e me abraça.
- Mamãe? Por que está chorando? – Tiro os olhos do meu amigo. Ao vê-la sinto meus olhos cheios de lágrimas, tentando negar para mim mesma que estava chorando. Sorrio e uma lágrima muito teimosa desobedece e cai deslizando pelo meu rosto. Saindo da minha inércia, apenas me agacho e olho nos seus olhinhos que parecem tanto com os dele. E sem falar nada apenas me agacho e abraço-a bem apertado.
- Mamãe o que você tem? – ela pergunta. Sinto a preocupação na sua voz e não sei o que dizer só consigo abraça-la.
- Tudo bem... Falarei com ela. Agradecemos por ligar... Certo... – olho para Sávio em busca de respostas, ele desliga o aparelho e me entrega.
