10. A primeira sessão

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Os dias se passavam quentes e chuvosos. O silêncio cobriu o lugar. Desde que Alex havia pedido ouvidamente sua morte a Meriane, a ruiva parecia estar perturbada.

Ela se alimentava pouco em casa, xingava o clima, e resmungava por não conseguir desativar os canais de TV indesejados.

Alex não sabia se se sentia bem ou amedrontado pela sádica não ter lhe dito uma palavra após aquele dia. Na verdade ele não a via desde aquele dia. Era incomum; por mais inacreditável que fosse a sádica já havia quase causado sua morte muitas vezes. Será que até aquele dia ela não havia se tocado de que se fosse por ele já preferiria estar morto há muito tempo?

Fosse loucura ou sorte, ele não a dava chances de repensar instantaneamente. Ficava sempre fora de vista dela. Preso em seu quarto.

Em uma madrugada tempestuosa, sentiu mãos tocarem-no loucamente no escuro do quarto. Meriane movia a boca por seu corpo enquanto tentava arrancar a blusa do prisioneiro. Deixava exalar um cheiro forte e ruim de bebida. Ela claramente estava bêbada aquela noite. Se é que isso fosse possível, estava mais louca que o seu normal. Alex tentou empurra-lá para longe de si, mas a sádica o imobilizava apertando seus pulsos.

- Você... É... Meu pra sempre. - Ela agora molhava o rosto de Alex com a língua e apertava dolorosamente o corpo dele. - Pode tentar fugir, mas eu vou te agarrar e te torturar...

De repente ela desmaiou em cima de Alex. Não foi muito difícil para ele tirá-la de cima dali. Levantara-se da cama quando seus olhos se fixaram no cabelo ruivo de Meriane.

Não era possível negar que ela era uma mulher muito bonita. Talvez isso o tenha atraído há tanto tempo atrás.

Se recordava do dia em que a conheceu. Sua irmã a apresentou dizendo que conhecia Meriane há algum tempo e que eles poderiam se tornar amigos por algum motivo que ele não conseguia se lembrar.

Os dois começaram a se falar e Alex se dava realmente bem com ela. Era até confortável na época. Eles conversavam normalmente sobre músicas, filmes, livros e a vida. Eram amigos.

Essa amizade durou um  mês até se evoluir a algo mais sério. Começaram a sair. O namoro até considerado "fofo" por Sarah, lembrava ele, durou uma semana até que Meriane o convidasse pela primeira vez a ir a sua casa após o dia de faculdade.

- Então essa é sua casa? - Ele perguntou assim que entrou pela primeira vez com ela na casa que seria sua prisão.

- É... Eu acho que sim. - Meriane tinha uma voz agradável. - Meus pais me disseram que eu podia ficar com ela.

Alex deu uma risada.

Meriane se aproximou, puxou normalmente a gola de sua blusa e o beijou.

Era tão normal. Os lábios de Meriane eram doces e seus beijos carinhosos.

Ela esquivou a cabeça quando ouviu algo vindo da cozinha. Correu até lá e voltou em menos de um minuto com uma lasanha em uma bandeja.

A noite fora mais que agradável. Ele se assustava hoje ao lembrar que naquela noite Meriane fora uma companhia indispensável. Mas ao fim dela, tudo mudou.

Estavam no sofá quando a sádica deu-lhe um segundo beijo. Estava completamente normal até Alex perceber que já havia passado um certo tempo a mais que costumava ser. Ele tentou desviar, mas Meriane continuou.

Então ele esquivou-a educadamente  com a mão.

- Calma. - Disse sorrindo fitando-a nos olhos.

- E por que eu deveria? - Meriane mudara o tom. Falava esquisitamente. - Se não quero parar.

- Talvez ainda seja um pouco cedo para...

A ruiva ignorando-o completamente avançou outra vez, desta apertou os braços de Alex, cortando-os.

- Meriane para. - Ele se afastou, já assustado. - O que é isso, você me cortou?

A sádica engoliu em seco, sem motivo nenhum, e pôs-se a dizer:

- Sabe, Alex. Aquela Meriane que você conheceu, ela não... não existe. Tudo isso foi uma armadilha para te trazer até aqui.

- Do que é que você está falando?

- Eu sou.. Uma torturadora. - Ela pareceu confusa com aquela nomeação. - Sádica é o que diriam. Eu torturo uma pessoa por prazer. Você é a primeira.

Alex se manteve onde estava. O rosto expressava uma incompreensão como nunca antes.

- Me siga. - Disse ela caminhando em direção a um corredor.

Alex estava mentalmente atordoado com aquilo. O que ela queria dizer com aquela Meriane não existia? Mesmo ainda muito confuso, resolveu segui-la.
O corredor era extenso e escuro; ele percebeu que tanto a esquerda quando a direita eram repletas de portas fechadas.
Ele se dava fim em uma porta de ferro ao seu final.
A ruiva abriu-a e entrou, ele depois.

Era uma sala acinzentada com um lustre no centro. Havia um armário preto a parede e uma cadeira em baixo do lustre.

- Sente-se ali. - Ela pediu olhando a cadeira.

- Para que?

Dentro da boca fechada ela cerrou os dentes com raiva.

- Por favor. - Soltou como se lhe tivesse custado muito dizer aquilo.

Ele fixou-a sem saber o que pensar. Então aceitou esperando até onde essa "ideia" o levaria.

Já ali, Meriane prendeu seus pulsos atrás da cadeira com fita adesiva.

- Isso é alguma brincadeira? - Ele indagou já não sabendo se ficava com raiva ou medo.

- É uma brincadeira. Pra mim.

Ela se levantou e apanhou uma tesoura assustadoramente afiada do armário preto.

- O que pretende fazer com isso? - Ele perguntou olhando o objeto de forma amedrontada.

Meriane andou até ele e cobriu seus olhos com as mãos.

Abriu a " boca" da tesoura e começou a perfurar o braço de Alex lentamente.

Ele gritou de dor e susto. Tentou se soltar esquecendo que estava preso atrás da cadeira.

- O que está fazendo? - Alex balançou a cabeça tirando as mãos de Meriane de seus olhos.

Ela parou o que fazia e se pôs a frente dele, dizendo:

- Apartir de hoje você é meu. Nunca mais vai sair desta casa. Farei sessões de tortura com você quantas vezes eu quiser e sua vida agora será dedicada só a mim.

Ele lembrava as dores cruéis e inimagináveis que vivera aquela noite. As vezes que tentara fugir, mas todas as portas estavam trancadas desde então. Quantas vezes tentou ligar para alguém, mas a sádica tirara todos os telefones da casa e levava seu celular com ela para onde fosse.
Algo ainda mais assustador era que ninguém entrara naquela casa a não ser ela. Até o fim de semana que suas sobrinhas vieram se hospedar ali, Alex não se lembrava de ter ouvido a voz de outra pessoa a não ser a da a ruiva.

Tudo para ele havia acabado, inclusive a inútil esperança de que pudesse sair dali.

Ele sofreria até morrer... Mas sabia que a morte era um luxo que a sádica não lhe daria.
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