2. Choque e lágrimas

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Ele aguardava sentado no sofá de camurça da casa. Não estava bem e não era pelo motivo óbvio: ser prisioneiro há meses de uma mulher com doença mental e obrigado á sofrer em suas mãos.
Mas por ainda não ter acordado desse pesadelo, desse pesadelo que ele sabia no fundo que era real.

Meriane apareceu em sua sala com uma máquina estranha que parecia velha. Sentou-se no sofá perto de Alex e começou a mexer na máquina.

Ele olhava levemente assustado. Não fazia ideia de onde ela retirava tantas máquinas de tortura assim. Uma pior que outra!
Houve algumas tão cruéis que nunca saíram de sua mente. Mas nenhuma, por algum motivo, lhe deixara marcas no corpo.

- O que é isso? - Ele perguntou finalmente. Na voz um desinteresse entristecido.

- É um aparelho de choque. É... um pouco mais dolorido que o das semanas anteriores e você não vai gostar nem um pouco.

No início, esse jeito de Meriane confundia e indignava Alex, hoje ele já se acostumara.

A máquina tinha muitos fios e os esparadrapos pequenos e redondos em seus fins serviam para se conectar ao corpo da vítima. Tinha uma aparência um pouco assustadora.

Meriane puxou o braço de Alex violentamente e colocou três dos fios ali. Um na testa, um na bochecha e um na palma da mão direita.

Ele somente piscou de novo quando Meriane apertou o botão vermelho da máquina.

Rapidamente Alex sentia como se as partes em que os fios foram colocados estivessem explodindo. Ele já tomara choque na infância enquanto brincava com a tomada, mas não era comparável a isso! Seu corpo todo tremia de dor. Ele evitou gritar para não satisfazer mais Meriane, que observava aquilo com gosto no olhar silenciosa e atentamente, mas os olhos dele jorravam lágrimas. O pior era a bochecha que parecia estar queimando a parte de dentro de sua boca e em poucos segundos sentia o gosto do sangue que deveria estar jorrando ali.

Ele, aquele belo jovem com faces de anjo, cabelos lisos dourados que caiam na testa e sombreavam seus olhos lindamente azuis, arrancando suspiros de todas as garotas que o viam pela primeira vez, era agora uma criatura emagrecida que só servia para uma única coisa na terra: satisfazer desejos insanos de Meriane Rouchot!

Aquilo prosseguiu por mais minutos e quanto Alex pôs-se a tossir quase desmaiando, ela resolveu parar.

Ele continuava a tossir e seu corpo ainda tremia.

- Precisa de alguma coisa?

- Eu não quero nada de você. - Sua voz afetada estava rouca. A boca inchada.

- É claro que quer. - Ela colocou uma mão no pescoço de Alex. - Você precisa.

Meriane apanhou um copo de água em cima de um porta copos e estendeu a Alex.

Ele aceitou e bebeu vagaroso. A água logo ficou vermelha.
Ao olhar para o corpo viu que nos lugares afetados tinham marcas de queimaduras.

- Não são permanentes. - Disse ela ao notar a direção do olhar dele. - Saem após um dia.

Ela tornou a falar, observando seu silêncio:

- Descanse. Quero mais duas sessões hoje.

- Por favor, não. - Ele sussurrou olhando para o nada. Era cruel imaginar passar por aquilo outra e outra vez. Ele não aguentaria mais, não aquele dia.

Meriane não disse mais nada, apenas deixou Alex ali cheio de dor, o qual adormeceu um tempo depois.




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