O sol que entrava pelas pequenas frestas da sala, aqueciam as costas da garota, a sala de ferro possuía apenas uma janela coberta por espessas barras, uma cama velha e desgasta estava ao canto, nenhum humano sobreviveria naquelas condições, o chão era liso e frio, mármore, a gigante porta de aço tinha uma pequena janela para comida, aberta apenas pelo lado de fora juntamente com a fechadura, ainda sim, tinha um quadrado com barras onde os guardas muitas vezes a ameaçavam. O barulho causado pelos outros presos lhe dava a sensação de estar nas cadeias do inferno. E por muitas vezes ela imaginou que aquilo realmente fosse o inferno. O portão
principal foi aberto com um grande rugido, era estanho, não era hora do jantar, passos barulhentos se aproximaram, sua cela era uma das primeiras, mas uma das mais reforçadas. Guardas passaram por ela sem mesmo virarem seus pescoços para olharem, talvéz fosse o dia da execução de alguem, talvéz eles apenas queria se divertir com alguem, de uma coisa ou outra a unica coisa que ela teria certeza era que aquela pessoa teria sua cela aberta pela primeira vez por alguns segundos, que mudariam sua vida, de nenhum dos jeitos seria para algo bom. A voz dos guardas se espalhou pelos corredores. Dois homens, ela destinguiu, pela respiração um parecia ser mais velho e cansada enquanto o outro em total apice de sua idade, o mais velho tomou partida após tossir algumas vezes antes de proferir suas palavras.
- Tem certeza que é isto que você quer Johan? Essa é a vida que quer? Cercado por um bando de criminosos? Ouvindo seus múrmuros, suas loucuras? Suas confissões...
- Sim, pai... - Resmungou, seu tom de voz denunciava sua própria felicidade "Tolo, pensou ela, aquele não era o tipo de vida que se escolhia." - Você julga martírior, mas eu julgo importante, eles não são criminosos pai, talvez alguns sejam, mas nós dois sabemos o quanto de inocentes temos aqui...
- Besteira! - rebateu o velho, os passos dos dois chegaram ao fim do corredor da garota, ela houviu ambos darem a volta, dessa vez o senhor com os passos mais apreçados, ele parou em frente a sua cela e apontou para ela, a menina podia ve-lo com clareza, ele usava uma armadura prateada, seu elmo em sua mão, gueirro do castelo, orgulhosos e imponentes, um dos mais velhos no cargo, era de se imaginar porque não queria que seu filho se misturasse com os guardas da prisão. - Está aqui - Disse ele apontando para a silhueta da menina no escuro - Julga-a inocente?
O garoto apareceu sobre a janela e ergueo os olhos para o topo da porta onde havia o nome dela gravado.
- Helena W. - Disse ele, a menina estremesseu ao ouvir seu nome, ele se aproximou das barras e ela se afastou para a sombra. A respiração do rapaz vestido com o uniforme vermelho da guarda assentiu e virou-se para encarar o pai, deixando a menina com a visão de sua nuca - Sim... O que fazem com ela...
- RIDICULO! - Esbravejou o homem - Todos que estão aqui, inclusive ela, merecem... É por isso que não vejo futuro para você aqui meu filho... Tens um coração bom... E a unica coisa boa nisso é a morte.
O jovem riu, um riso que não podia-se destinguir como sarcasmo ou graça, ele acompanhou o pai para fora da cadeia. Não havia o que se descutir, a mente de Johan já havia sido feita, dali a alguns dias, ele não seria mais um mero guarda da cidade, ele trabalharia nas celas onde sempre teve curiosidade de conhecer.
Helena arrastou seu corpo até a cama esfarrapada, e deitou seus cabelos negros sobre o travesseiro feito de pedra. De todas as vezes que ela vira guardas adentrarem aquele local, se não fora para levar prisioneiros ou estruparar as mais fracas moças ali presas, ela jamais vira alguem que ainda acreditasse que o rei fizesse miseráveis escolhas. Seus olhos se fecharam, dormir era o que ela fazia quando encontravasse em tédio, o que significava boa parte dos 10 anos que passara presa. Presa por um crime que não cometera, presa por um distino tão miserável quanto as escolhas de quem a pusera naquele lugar. Enquanto seus olhos se fecharam, ela ouviu novamente vozes, desta vez de guardas de verdade. A portinha se abriu com um prato de comida, carne de segunda ela imaginou, não estava com fome, então permaneceu sentada embora sentisse que suas entranhas a traissem.
- Heey! - Chamou o homem - Heeey!
- Pode levar. - Respondeu ela
- Como? - Perguntou ele, Helena abriu os olhos, o homem com armadura de bronze a encarou, ele tinha cabelos negros e uma barba mal feita acompanhada por um bigode espesso, seus olhos encontraram os da garota e ela sabia que não havia nada de bom ali
- Pode levar. Não quero - Repetiu a menina, desta vez mais claro, o rosto do homem se retorceu em descrença. Ela ja havia recusado comida antes, aquilo não era novidade, mas por alguma razão o homem não havia gostado.
- COMO OUSA RECUSAR COMIDA DO REI? - Perguntou ele.
- Sobras do rei - resmungou ela, não foi a coisa mais inteligente que ela havia feito em sua vida
- E AINDA POR CIMA DESMERECE SUA GENEROSIDADE - Acusa o homem, ele riu, uma risada maldosa e então puxou o prato de volta - VOU LHE ENSINAR GAROTINHA - Disse ele, ao mesmo tempo que Helena se levantou ele passou o braço sobre o mecanismo de ferro na frente da porta de aço e então a empurrou.
- O que você pensa que está fazendo? - Perguntou ela, o homem passou pela porta a deixando entreaberta, ele se aproximou, seus labios se abriram e um sorriso maléfico. - O que diabos você acha que vai fazer? - tornou a perguntar - mas ele não respondeu, se aproximou da menina enquanto puxava uma pequena faca das mãos, as correntes no tornozelo de Helena se agitaram enquanto ela ia para trás. O Homem a encurralou em uma das paredes com a faca sobre o rosto dela, ela sentiu uma gota de suor brotar em sua testa, aquilo era ridiculo, jamais lhe haviam ameaçado fisicamente, não tão proximo, e ela não tinha certeza se gostava daquilo.
- Quer realmente saber o que vou fazer doçura? - Perguntou ele, sua voz macia como veludo - Eu vou fazer esse seu lindo rostinho - Ele agarrou o queixo da menina, ela se agitou e ele a apertou mais forte - eu vou fazer com que toda vez que olhe no espelho se lembre de não recusar nada que lhe dão, por que você não tem esse privilégio - Helena se agitou e então sentiu um calor na ponta de sua espinha, algo que ela não sentia a anos, raiva, perda de controle, o homem ergueo o artefato na frente de seu rosto.
- O que pensa que está fazendo? - Uma terceira voz soou na porta da sala.
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Aprisionada
WerewolfEm um mundo dominado por lobisomens, reis e rainhas. Helena é mantida em uma cela com demais prisioneiros por anos, após uma reviravolta a garota se encontra no lugar de seus pais, lutando contra bestas e descobrindo uma parte de si que ela nunca im...