Antes mesmo que eu conseguisse computar aquela sentença absurda que acabará de receber fomos cercados por uns cinco policiais pomposos da cidade. Um de solavanco agarrou no braço da pimentinha e um magrelo segurou o rosto pálido e disse.
— Pegamos a ordinário!
Usei minha habitual diplomacia, deu um safanão no meliante que segurou Amanda, já o magrelo segurei pelos colarinhos engomados e o presenteei com um pouco da minha sabedoria familiar.
— Como diria minha avó: “Respeito é bom e mantém os dentes na boca”. —Puxei o seu rosto o colei no meu e falei rosnando. — é bom ir devagar com o andor filho, por que o meu santo é de barro. Eu se fosse você mudava o tom com a madame ali.
Antes que eu pudesse fazer do guardeco meu tira gosto do café, Fernandes meu velho amigo de turma na polícia parecia ser o capitão por aqui, ele safou o meu tira gosto de levar uma sova das boas depois sentou Amanda em um banco alvo da praça enquanto os policiais juntavam as notas pelo caminho, só então a pimentinha começou a explicar o “assalto”.
Foi quase impossível entender o que ela falava na velocidade que ela o fazia, mas em um resumo o borra botas tem chaveiro cheio de sinos de natal e a Amanda gravou isso de alguma forma, enquanto tomava seu sorvete ela ouviu os malditos sinos e conseguiu ver o pilantra entrando no banco. Em uma decisão estúpida de escolha entre o porrete e a pistola minha amiga avoada resolveu entrar no banco gritando parado com uma arma na mão, o resto foi no automático, todo mundo no chão, os caixas botaram o dinheiro em sacos jogaram para a Amanda, a cabeça de vento entrou em pânico agarrou o pode de balas da recepção e saiu correndo com tudo para o fuscão.
Fernandes achou tanta graça quanto eu e resolveu deixar tudo como um mal-entendido e lançou uma busca pelo camarada que estava a solta pela cidade. Me despedi do meu velho amigo, agradeci o galho quebrado, entreguei o dinheiro, contudo, fiquei com o pote de balas. Não pude me demorar na praça, pois já se aproximava o horário do trem, peguei meu sobretudo de volta eu e Amanda pegamos as malas e partimos para a estação de prata.
Magnífica e opulenta era a descrição na entrada do edifício, essa classificação deve ter sido escrita antes do banho de prata e brilho que o lugar recebeu, pois, era muito mais que magnífica e opulenta a construção em um todo, definitivamente o lugar deve ser uma réplica do Salão de espera de São Pedro. Um dia vou de dar ao prazer de passear nesse desperdício de aço.
Coloquei as malas em um Carrinho enquanto Amanda foi até um tipo de recepção onde ela deveria confirmar seu embarque e dessa vez me foi esperada a reação dela, algo parecia não estar nos conformes com a pimentinha, não me dei nem ao trabalho de me estressar, fui caminhando em cadência militar até a afobada de plantão.
— Fala Amanda, qual foi a merda agora.
Ela com seus belos olhos quase saltando pela cara me cuspiu a resposta em sua corriqueira velocidade de fala supersônica.
— A passagem sumiu! Meu pai vai me matar! Vai falar que eu fiz de propósito! Como você fala “minha santa Achi-pu-pi-ta!”
Coloquei a mão no ombro da miúda tentando a acalmar.
— PRIMEIRO calma que eu tenho algum dinheiro aqui, pago outra passagem para você. Sim seu pai mais hora menos hora vai te matar, eu já teria matado a muito. E é Santa Achirupita, olha o respeito com a Santa porra!
No ato de pedir a nova passagem me arrependi amargamente de ter aberto a porta para o Zé naquela noite de chuva, tive que dar tudo o que eu tinha, tudo que estava no envelope que o Zé me deu e as 200,00 pratas que eu “esqueci” de entregar para o Fernandes devolver para o banco. Até no buraco que o cara fez no sobretudo eu procurei dinheiro, fiquei sem dinheiro até para voltar, mas já estava aqui e julgo que não sobrevivia a volta com a Amanda.
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A CADEIRA B-27 / Arquivos Noir (Completo)
Short Story• A CADEIRA B-27 Notória ocupante da cadeira de #89 no Ranking de conto. O conto que a Batata Crítica amou e deu 99%. Só você não veio aqui conhecer a pimentinha mais ardida. 🕵SINOPSE🕵 Dentro do infindável número de casos do Detetive Rick, A Cade...