3. Um metrô

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O beijo que o cara de sorriso fácil e olhos puxados me deu, fez meu coração palpitar mais rápido por um momento.

Beijar Pedro pra mim sempre foi uma experiência dos deuses já que, como escritora, eu tendia a captar a essência dos meus próprios beijos para descrever os beijos das minhas personagens nos romances. E, convenhamos, ele era uma cobaia expecional.

- Não me diga que já está pensando nas cenas calientes daquele livro que você está escrevendo? - os beijos no meu pescoço me fazem rir e depois suspirar, ainda de olhos fechados - Quem está te beijando sou eu, dona Lívia. Foque no seu namorado.

- Hm? - sussurro. E ele ri quando se afasta, deixando-me resmungar sobre esse afastamento indevido. Qual é! Ele que começava as coisas e depois se afastava porque eu perdia o foco? Como manter o foco com aqueles beijos?

- Já pensou no que vai acontecer no futuro? Depois da gente conquistar o mundo com desenhos e livros, ainda mais tu com sua escrita foda? - sussurrou - Se você conseguir uma vaga na tua agenda, podemos ir para a Matriz de Florânia e irei te ver vestida de branco, sabe? Unir as artes.

Eu ri. Porque ele sabia que eu nunca quis casar na Matriz. Mesmo adorando os casamentos de lá e os achando lindos, eu abominava o típico casamento dos sonhos. Na verdade, mesmo sendo a maníaca por controle que sou, eu abominava casamentos.

- Primeiramente...

- Você não se casaria na igreja - ele completou e sorriu.

- Nem de branco - completei também . - Por que branco quando se tem várias cores maravilhosas para escolher?

- Segundamente - ele fez aspas no ar para a palavra informal e imitou minha voz - Você nunca se casaria.

Abro a boca para argumentar, mas ele beija mais uma vez meu pescoço e eu perco o rumo dos pensamentos. De novo.

- Eu li os mandamentos da Liv, ok? Eu sei. Porém, na questão casamento, acho que posso te fazer mudar de ideia. - conclui.

- Ninguém nunca me fez mudar essa ideia, Pedro.

Ele riu alto. E eu ri junto, inclinando-me pro lado pra poder ver seus olhos.

- Você sabe que eu não sou ninguém, Lívia. - murmurou - Nem que a gente aprimore a ideia, sabe? Eu e você, juntos, casando em alguma biblioteca ou musel histórico com a bênção do Van Gogh e J. K. Rowling.

- Ou Jorge Amado e Graciliano Ramos.

- Ok, tirando a J. K., iremos nos casar com a bênção do além - riu e beijou meus lábios - Tá vendo? Você já está concordando com a ideia.

- Vai se foder, Pedro!

Meu namorado gargalhou. Os olhos esverdeados brilhando de alegria e amor.

- Também te amo, Liv.

Suspiro baixinho, os pensamentos mudando para um dia de chuva em que os mesmos olhos verdes me encararam com brilho, mas o brilho de lágrimas.

- Você não me compreende. Nem está tentando compreender.

- Mas que porra, Pedro! Eu simplesmente não posso deixar tudo aqui. É a minha vida!

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