Como eu o conheci?

103 4 0
                                    

Muitos acham que esse é aquele cliche em que o menino e a menina se apaixonam a primeira vista, pois bem, você pode estar enganado, ou não,  o que você acha que essa história é? Como o final vai ser? Ou vai ser um começo? Você já pensou a quantas perguntas uma história te leva? Ou como a vida se adapta a todas elas, sendo histórias de terror, suspense ou ação? Depois de muito tempo eu entendi que o mundo gira em uma só convicção, mas nele há milhares de vidas, que mudam de direção conforme  as pessoas trilham seus caminhos, cada uma com seus desafios e problemas pessoais , dentre todas elas eu conheci ele, a vida a qual se ligou a minha, não rapidamente, nem em partes, mas completamente, permanentemente e suavemente se entrelaçou a minha ...
-o que você pensa que é? - eu disse o empurrando.
- uma pessoa que apenas tropeçou na escada da vida e caiu no mundo e você senhorita? - ele levantou o olhar cinzento  ao meu.
- não se faça de cínico, por que você ainda não saiu da frente? Não vê que quero ir à diretora ? - eu forcei a entrada, ele agarrou meu pulso e puxou a manga, revelando os cortes.
-você está cortando da maneira errada, se quer se matar, corte do outro lado vai acertar a veia - ele fez gestos me mostrando como.
Ele soltou meu braço e caminhou na direção oposta sem dizer mais nenhuma palavra e eu segui meu rumo como se nada tivesse acontecido.
Na hora do intervalo sentei - me ao outro lado da escola, eu gostava de ver a rua através das grades do pátio. Olhava as pessoas, os pássaros, os carros, as lojas, a movimentação no geral, até que me peguei olhando para um mendigo ao outro lado da rua, estava sujo, pedia dinheiro na rua, disse comigo mesma "ele quer o dinheiro para beber, só isso" uma pena que as palavras saíram da minha mente através da minha boca e eu pude ouvir alguém se aproximando levemente :
- ele quer beber, isso é fato, mas entre você e ele, qual a diferença? Ambos querem dinheiro para beber e afogar suas lágrimas, porque o julga? -o mesmo rapaz, com os olhos no sol eles tornavam-se azuis claro.
- eu não estou pedindo na rua -refutei
- por que você tem seus pais e ele? Tem a quem? - com essas palavras ele se virou e saiu.

Agora que penso melhor, deveria ter perguntado seu nome naquele momento...
No outro dia antes de entrar na escola, tirei do bolso 50 dólares e dei ao pobre senhor que ao ver a nota pulou de alegria, me agradeceu muito e me deu um abraço dizendo "Deus te abençoe".
Caminhei até a escola como de costume, chegando lá eu o vi parado olhando pombos, sim, pombos, animais irritantes da escola. Cheguei perto e disse:
-também detesto pombos
- eu não os detesto, pelo contrário, eu gosto...
- eu acho que todos eles deveriam morrer.
Ele me fitou seriamente, parecia um pouco zangado, e voltou os olhos aos pombos.
-se eu matar um pombo, serei um herói,  afinal, eles não tem alma não é? São animais irritantes , não é? Mas como um ser humano que tem alma mata outro ser humano que tem alma? Nós somos os mais sem-alma que existe, então me diz qual a diferença em matar um pombo e um ser humano? - ele agarrou meu braço e começou a me sacudir pra frente e para traz dizendo "qual a diferença? Me diga, qual a diferença? "
Até uma inspetora avistar a situação e gritar de longe para ele parar. Ele colocou o capuz e andou rapidamente até sair da minha visão.
Eu queria saber mais sobre ele, tinha que saber, então fui até a diretoria e enquanto estava distraída com a papelada falsa que mandei - a assinar, roubei a ficha dele.
Então comecei a ler, coisas extremamente perturbadoras estavam escritas lá...

O psicopata e a suicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora