Esquizofrênico

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Um ruído todas as noites era ouvido debaixo de minha cama

Eu sempre me assustava com o ressoar

Começava a chorar, gritar e implorar socorro

Mamãe vinha me aquietar 

Mas eu continuava a chorar 

E a afirmar

Que existia um demônio debaixo de meu leito 


Um ruído todas as noites era ouvido do lado de fora da janela

Eu me escondia debaixo das mantas

Começava a chorar, gritar e implorar socorro

Papai vinha me afagar

Mas eu continuava a recear

E a afirmar

Que existia um demônio do lado de fora da janela


Um ruído todas as noites era ouvido no canto de meu quarto

Eu ascendia as luzes e apanhava a arma

Começava a gritar, berrar, escandalizar

Vovó vinha me cativar 

Mas eu continuava a jurar 

E a afirmar 

Que existia um demônio no canto do meu quarto


Um ruído todas as noites era ouvido dentro da minha cabeça

Eu tapava os ouvidos e começava a ofegar

Tentava gritar, tentava chorar, tentava implorar 

Mas ninguém estava ali pra me escutar

Pra me salvar

Mas eu continuava a pensar 

E a afirmar

Que o demônio não estava lá fora

Que o demônio não estava debaixo da cama 

E nem no canto do meu quarto

Ele tinha possuído minha mãe, meu pai e minha avó também 

Mas eu os libertei

Ele está me possuindo agora

Preciso dar fim nisso 

Da mesma forma que dei com meus parentes

A única diferença é que ao invés de empurrar 

Eu preciso saltar

O Poeta SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora