PARTE II

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Dirigir sem rumo nunca pareceu um percurso tão longo. As baladas tinham um aspecto tão rotineiro que já nem me soavam mais atrativas. Era meio da semana ainda, mas eu estava destinada a passar aquela madrugada em uma casa noturna; soube quando os letreiros reluzentes piscavam impactando os meus olhos contra o retrovisor, como se fosse um convite. Aproximei o carro, olhei a fachada e percebi que tratava-se de uma Casa de Swing

Eu já havia escutado falar muito antes sobre, mas nunca me imaginei visitando algo como isso, sempre julguei o espaço similar a um cabaré. Porém, naquela noite ser confundida com uma garota de programa talvez fosse o menor dos meus problemas. Estacionei o carro e a forma como o manobrista estava vestido já me fez ter uma dimensão do que o espaço tinha para oferecer. Entrar naquele lugar foi como elevar e potencializar minhas maiores fantasias. 

Na porta de entrada uma recepcionista solicitou que deixássemos o celular, máquinas ou quaisquer outros objetos que pudessem intervir na privacidade dos frequentadores do espaço, e eu respirei aliviada por ter esquecido meu aparelho no carro. O espaço era extremamente  fetichista, e isso era de se esperar. Sentei no balcão para observar de forma nítida a pista de dança e pedi um Dry Martini para me acompanhar na madrugada que se aproximava. 

Shows eróticos, poledance e strip-tease eram apenas um por cento daquilo que o espaço disponibilizava. Andei pelo cômodos na tentativa de explorar o espaço e me deparei com uma atmosfera não apenas fetichista, mas principalmente erótica. Tudo ali me parecia um campo inédito para ser explorado e desbravado. Era possível observar casais se beijando e até mesmo praticando sexo, era opcional ficar nos limites da casa noturna ou ir para um quarto individual e deixar ou não a luz acessa para que outros possam observar também. Como eu estava desacompanhada, o momento era mais de descoberta que para usufruir do local. 

Eu estava me deliciando com a sensação de ser voyeur. Os quartos tinham paredes de vidros e as luzes acesas entregavam que aqueles frequentadores estava livres de quaisquer pudor. Mas apesar do que parece, o lugar não era similar à uma praia de nudismo. A maior parte das pessoas não se desfaziam das roupas, os homens costumavam apenas baixar suas calças e as mulheres usavam vestidos e saias, sem calcinhas, para facilitar o processo. Andando de maneira desavisada, acabei encontrando uma ala que eles denominavam de "Glory Holes" e eu não fazia ideia do que se tratava, mas somente após entrar lá compreendi que eram especies de paredes de madeiras com buracos onde os homens colocavam seus órgãos genitais e as mulheres suas mãos, o intuito era que esses recebessem masturbação sem que precisassem de um contato mais íntimo com quem oferecia. Em alguns casos as mulheres até se sentiam livres para oferecerem sexo oral.

Ao que parece, em Casas de Swing a abordagem é feita única e exclusivamente pela mulher do casal, que pergunta se você tem intenção de um contato mais íntimo com ambos ou não. O flerte acontece de maneira direta e erótica. Sem rodeios, sem círculos e delongas e isso era ótimo. Por que perder tempo se todos ali buscavam o mesmo? No final era somente o prazer que importava. A desinibição parecia ser efeito colateral daquela casa noturna. Eu estava me sentindo literalmente em casa. 

A linha tênue do prazer [Romance Lésbico]Onde histórias criam vida. Descubra agora