— Que bom que veio, assim você pode levar sua namorada embora. — falei de forma implacável enquanto ela voltava seus olhos aos meus, encarando-me como se estivéssemos no meio de uma guerra fria.
Dominike era desaforada o suficiente para atravessar a porta sem precisar de cerimonias ou convites. E foi exatamente isso que fez. Com a velocidade de um raio ela sentou no sofá e analisou a conjectura do espaço com olhos interrogativos, como se estivéssemos devendo-lhe algo próximo de uma explicação.
— O que faz aqui? — Marcela interrogou com a voz embargada, catando peças de roupas pela sala, no intuito de se vestir com a maior rapidez possível.
— Não precisa tanta pressa para pôr a roupa, afinal tudo que tem ai ambas já vimos. — afirmei evidenciando o quão patética era aquela ação.
— Vim porque recebi uma mensagem para te levar de volta para casa. E não pense que vim até aqui para cumprir um papel de namorada traída, pois esse já nem me cabe. Mas eu também não poderia ignorar e deixar de vir, pois não preciso ser uma Sherlock Holmes para juntar dois e dois e compreender que esse era um plano meia-boca de vingança para me fazer flagrar uma possível traição. A única coisa que você não contava nessa história, Agnes, é que Marcela e eu não temos mais nada e se vim até aqui, a essa hora da madrugada, foi para te falar isso. É que eu não poderia deixar de fazer o feitiço cair contra o feiticeiro. Então apenas sinta o impacto do seu plano indo para o ralo. — o sorriso mesquinho nos lábios velando todo seu veneno só me fazia sentir raiva pela forma com a qual ela sobressaiu à situação. — Agnes, tenho que tirar meu chapéu para você, quase conseguiu montar um roteiro de novela mexicana.
— Então foi por isso que fez sexo comigo? Só para finalmente conseguir produzir uma vingança momentânea que não te faz nem melhor nem pior a mim? Vocês são iguais, no fim agem como se as pessoas fossem meras peças de joguetes que é possível manipular de acordo com suas vontades. Que fique ambas ai, eu sei o caminho da minha casa sozinha. — Marcela afirmou jogando sua cópia da chave no chão com a mesma rispidez que emitiu cada uma de suas palavras.
Dominike também levantou-se para partir, mas antes de ir me apunhalou com colocações inexequíveis. — Agnes, não apresse a lei do retorno, ela só faz sentido se o destino for o autor das reviravoltas, não você. Eu soube esperar minha vez. Espere a sua. Saber esperar também é parte do processo. Au revoir, Chérie. — E foi com essas palavras que elas partiram, me deixando atordoada com o desfecho de uma noite repleta de tentativas falhas.
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A linha tênue do prazer [Romance Lésbico]
RomancePara Agnes o jogo da paixão é um vício. Ela não consegue querer aquilo que tem. Seu passatempo é colecionar corações e quebra-los em seguida. Se a desejar por mais tempo, não deixe que ela te conquiste tão facilmente. É que ela se encanta pelo jogu...