Capítulo 8: Eu não sou só sua amiga

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Miami 

POV LAUREN

Todos os olhos em mim. Tomar decisões em uma fração de segundos nunca foi o meu forte, especialmente quando haviam expectativas em jogo. Por outro lado, a garota que me encarava mais profundamente nunca me deixou ter dúvidas. 

Ela era como luz entre meus poros, emanando seus raios de forma tão intensa que eu jamais poderia me perder na minha própria escuridão. Camila era a razão para quase todas as minhas escolhas, desde as mais assertivas até aquelas das quais eu mais me arrependia. Quando não estava tentando mantê-la por perto, eu estava lutando, incansavelmente, para esquecê-la. O que era obviamente inútil e impossível. 

E ali, fincando sua íris como uma âncora em meio ao meu esverdeado mar, ela me impedia de fugir. Porque talvez, um passo para trás pudesse me fazer perdê-la de vista para sempre. 

- Sim. - foi tudo o que consegui dizer, a princípio. - É verdade. - eu senti meu corpo tensionar por completo sob a cama, esperando pela próxima bomba a explodir em meio ao campo minado de emoções mistas e acontecimentos efervescentes em que eu estava imersa. 

- Dios mio! Eu não posso acreditar! - Meu pai exclamou, enquanto Lucy finalmente levantava do colchão e recolhia sua bolsa espalhada no chão do quarto. - Por que? Por que fez isso, Lucia? Nós sempre te tratamos como uma filha. Eu não consigo entender. - Eu teria desejado desistir naquele momento, retirar o que disse e impedir que aquela figura amável fosse atingida pela amargura dos últimos acontecimentos. Mas os dedos finos, delicados, quentes, que se entrelaçaram aos meus no exato instante em que o medo se aproximou da minha sanidade, foram o bastante para que eu me impedisse de repensar qualquer coisa.

De toda forma, meu pai era um homem bom. Na verdade, ele era a própria definição de bondade. Cordial, gentil, honesto, dono de um coração imenso e amanteigado, que agora estava claramente partido pela revelação inesperada que saiu da minha boca.

- Eu quero que vá embora. - ele determinou, por fim, voltando-se para a garota magra recostada no guarda-roupas, como se estivesse tentando se camuflar de algum modo. - Quero que deixe a nossa casa e não volte nunca mais. 

- M-mike, v-você não pode acreditar nessa garota, Lauren está s-se sentindo pressionada. - ela tentou se defender, sem conseguir formar uma frase inteira sem tropeçar nas palavras. - Diga a verdade, Lauren, d-diga! - insistiu. 

- Eu já disse a verdade, Lucia. - completei, estimulada pelo aperto firme das mãos de Camila, que me ofereciam toda a sustentação de que eu precisava para continuar com aquilo. 

- Eu espero não precisar pedir de novo. Por favor, saia. - meu pai reforçou, abrindo caminho e levando as garotas a fazerem o mesmo. 

Eu assisti Lucy obedecer à última ordem, seguindo ereta, sem rebaixar-se um centímetro sequer em postura e ego inflado, até a porta. Ela não olhou para trás, só curvou a cabeça para o lado em um instante, trocando um olhar estranho com minha mãe, que eu desejei que não significasse mais do que uma simples despedida muda ou um pedido de desculpas. 

Da beira da cama, onde Camila ainda estava sentada, acariciando minhas mãos e braços enquanto observava o momento se dissolver, eu podia enxergar Ally abrindo espaço para que a garota deixasse o andar de cima, Normani ao seu lado, escorada em Dinah, que sorria maliciosamente enquanto a cena continuava a acontecer. 

- Dizem que as pombas são ratos de asas. Agora eu entendo a razão. - a mais alta deixou escapar, fazendo Lucy virar-se para ela, com uma expressão confusa em seu rosto.

- O que você quer dizer? - Lucia perguntou, encarando Dinah como se quisesse descascar seu rosto com as próprias mãos. 

- Vocês contaminam o ambiente. - ela riu com o canto da boca. - Está sentindo? - voltou-se para Mani ao seu lado, puxando o ar para dentro das narinas. - Cada vez mais puro. 

It's Camren, yo!Where stories live. Discover now