Eldarya - Um Mundo Dos Sonhos

Capítulo 8 - Treinamento

- vamos andar praticamente o dia todo, só vamos parar para comer, e acampar a noite, assim encurtaremos a viagem.

- isso tudo é para se ver longe de mim? - ela me perguntou erguendo uma sobrancelha.

- não exatamente, claro que faz parte... mas não é apenas por isso, sou líder de uma guarda inteira, tomamos conta da segurança do palácio e de várias aldeias em Eldarya, e isso ficará fora dos meus cuidados por três longos dias.

- não tem um substituto?

- claro que sim, mas ele não é tão bom quanto eu.

Ela pareceu querer rir quando a disse aquilo.

- qual é a graça?

- sua ilusão é a graça. - respondeu rindo.

- continue com esse senso de humor, que te deixo conhecer o estrago que essas belezinhas podem fazer em você.

Sorrio deixando minhas presas a mostra.
Ela revirou os olhos.

- não tem graça conversar com você.

- não estou aqui pra você gostar de mim, estou apenas pra proteger você e...

Antes que eu terminasse de dizer, minha distração foi o ponto forte pra que eu não visse um galho de árvore na minha frente, e batesse com a cabeça no mesmo.

- tá... e quem protege você? - disse ela caindo na gargalhada enquanto eu levava a mão até o lugar dolorido.

Bufei deixando de lado, ótimo momento pra eu fazer esse papel de idiota.

(...)

Havia se passado algumas horas desde que saímos, ainda estávamos quase na saída da floresta imensa que cerca o palácio, suspiro fundo... Estou ficando entediado, faz muito tempo que não faço uma viagem tão longa, ainda mais com uma garota irritante que não conheço.

Sai de meus pensamentos quando vi ela passar correndo rindo na minha frente com seu cavalo.

- Ei!! Eu sou o líder, eu vou na frente! - disse correndo atrás dela passando na frente.

- a culpa não é minha se o "líder" é lerdo demais.

Ela sorriu e passou correndo em minha frente outra vez.

- ah, certo... Então vamos ver se você me alcança!

Passei correndo por ela, acabei rindo ao ver ela ficar para trás, voltei a olhar para frente e logo ouvi os galopes de seu cavalo ao meu lado.

- eu disse que você era lerdo!

Ela ria enquanto tentava passar na minha frente, as vezes deixava para ver ela contar vitória, somente até eu passar ela de novo, admito que era engraçado.

(...)

O sol já estava se pondo, eu já estava morrendo de fome e ela também, então resolvemos parar.

Precisamos de lenha, então será bem melhor se pararmos antes do escuro reinar para procurar, a noite as criaturas das sombras vão sair para caçar presas fáceis como a senhorita inocência que estou acompanhando.

Paramos abaixo de um salgueiro bem grande.

- vou procurar lenha, fique aqui. - disse saindo.

- espere, eu ajudo.

- não, fique aqui e tome conta dos cavalos, se ouvir qualquer coisa me grite.

Ela suspirou e concordou.

Fui em direção a mata.

Pov's Alice

Vou ficar não sei quanto tempo com ele, custa pelo menos ele deixar eu fazer alguma coisa?

Me sentei na grama encostada no salgueiro enquanto olhava envolta e o esperava.
Talvez ele não seja assim tão ruim, aliás, eu não o conheço e não tivemos lá a melhor primeira impressão um do outro quando nos encontramos.

Em todo caso, seria uma boa idéia eu tentar ser amiga dele?
Ele não parece gostar de mim, até agora ele deixou isso bem claro... Acho melhor eu ficar quieta.

Depois de alguns minutos ele voltou com lenha e um cantil cheio, no qual ele jogou para mim.

- obrigada.

Estava morta de cede.
Ele foi acender a fogueira enquanto eu apenas observava suas tentativas falhas.

Deixei o cantil de lado e fui até ele me abaixando ao seu lado.

- com isso eu posso ajudar não é?

- vá em frente.

Abri minha mão devagar, tentando materializar uma chama.
Com certa dificuldade, consegui.

Era difícil manter e ela ameaçava apagar antes que eu conseguisse acender a fogueira.

- precisa se concentrar.

Ele colocou sua mão abaixo da minha suavemente.

- não precisa ter medo, está aprendendo a controlar e o ponto chave do alto controle é a concentração.

Apenas concordei.

Ele forçou um pouco sua mão abaixo da minha fazendo com que eu a fechasse e apagasse a pequena chama, em seguida foi soltando levemente para que eu a abrisse devagar.

Nossa visão foi tomada pela luz assim como nosso corpo pelo calor da chama que se acendeu outra vez em minha mão, desta vez maior e firme.

Sorrio ao ver que havia conseguido.

Ele segurou minha mão estendendo-a em direção ao pequeno feixe de lenha a nossa frente.

- pode soltar.

Disse baixo e assim o fiz, deixando a chama cair sobre a lenha e assim acendendo a fogueira.

- consegui!! - disse animada e pulando em cima dele.

- tá bom, tá bom... Agora me solta. - ele riu ao tentar me tirar de cima de si.

- desculpa. - disse com as bochechas rosadas.

- tudo bem, entendo que esteja animada... mas agora que já acendemos o fogo, melhor comermos.

- sim... eu estou morta de fome.

Estava com um largo sorriso, não dava para esconder minha felicidade. Eu reconheço que pode parecer nada demais, mas já é um começo para mim.