Parte 4

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RIO DE JANEIRO, 03 de julho de 2025.

- Estou com saudades de quando tínhamos nosso próprio tempo. - Robin disse de forma mansa - Sabe, quando podíamos ficar agarradinhos assim sem ninguém interromper...

- Ainda podemos fazer isso.

- Não é como antes, sabe disso. Sempre terá algo para fazer. Não somos mais iniciantes. Falta pouco tempo para sermos levantados como oficiais dos zeladores. Nós saímos à frente na batalha, Mel. Não podemos nos dar ao luxo de ter filhos nem nada. E se eu perder você, eu...

- Você não vai me perder! Vamos destruir muitos animais ainda. Vamos envelhecer juntos. Eu prometo!

- Não prometa algo que você não pode cumprir. Não sabemos nem mesmo se estaremos vivos quando amanhecer. Eu temo pela sua vida, sabe disso. Te amo tanto, Mel!

- Eu também te amo, Robin! Não quero te ver preocupado assim. Só temos vinte e dois anos, somos jovens ainda. Temos muito tempo. Uma vida toda para viver lado a lado.

- Às vezes acho que não deveríamos ter nos tornado zeladores. Que deveríamos ter ido para o Setor de Pesquisas ou Médico, assim estaríamos mais seguros...

- Há como estar mais seguro do que com uma arma na mão?! Robin, se houvesse um ataque direto agora, eles não saberiam se defender, eles morreriam. Nós somos treinados para combate. Somos treinados para matar, para sobreviver. Eu temo pela vida daqueles que se forem atacados morrerão antes mesmo de poderem gritar por socorro. Fizemos uma escolha. Você pode achar que foi uma escolha ruim. Eu acho que foi uma escolha necessária. Precisamos nos defender. E cada vez mais morrem pessoas. Morrem zeladores. Somos um número pequeno, pois todos estão indo para o Setor de Pesquisas ou Médico, e isso não é certo. Essa covardia toda. Então, por favor, amor, presta atenção, somos importantes para eles. Somos necessários. Somos tudo o que eles têm para poderem sobreviver. Não é hora de cair na droga da realidade e entrar numa crise de média idade. Temos que ficar sãos. Racionais. Não sinta, pense! - beijei seus lábios de forma rápida e encostei minha cabeça no seu ombro.

- Eu sei... - disse pensativo, e repetiu - Eu sei...

- Não quero que você pense nessas coisas. Não quero que esquente sua cabeça em troca de nada.

- Ok... Vou parar de pensar nisso.

- Que bom! - sorri de forma maliciosa - Então... Sabe... O que você acha do Michael?!

- Como assim?! - sua voz mudou, acho que captei um certo dissabor.

- Nada, só que ele é meio... Sei lá... Diferente.

- Diferente como?! - senti uma pontada de raiva mesclada com ciúmes no seu tom e sorri indiscretamente.

- Sabe, ele é loiro de olhos azuis. O desejo de toda mulher. E ainda por cima, é musculoso e é estrangeiro. Há um certo charme nisso, não acha?!

- O que está insinuando, Melissa?!

- Acho que quero fugir para Madagascar com o Michael. Fugir disso tudo. Dessa confusão. Quem sabe possamos ter filhos...

- Você está brincando, né?!

Fiz silêncio. Olhei-o com um olhar de culpa e abaixei a cabeça. Então, a levantei rapidamente com um sorriso idiota no rosto.

- É claro, seu idiota! Acha mesmo que vai se livrar de mim tão fácil assim?! Terá que suar muito para isso. - sorri e agarrei seu pescoço, atacando seus lábios com inúmeros beijinhos, para no final terminarmos como naqueles beijos intensos de novela mexicana.

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