Coloquem a música da multimídia: I'll Keep You Safe- Sleeping At Last
Eu abri os olhos e estava deitada em algo macio, minha visão estava embaçada, mas acima de mim eu conseguia enxergar algo de cor cinza, percebi que era o teto de um carro, não demorei a perceber que estava em uma maca. Senti algo na minha testa e fui colocar a mão para saber o que era, doeu quando movimentei meu braço, percebi que era um curativo um pouco acima da minha sobrancelha, e aos poucos fui lembrando de tudo o que aconteceu, as imagens vinham como flashbacks na minha cabeça. Tentei me sentar, apoiando em apenas um braço, assim que me sentei senti uma corrente de vento gelada em meu corpo, que me despertou, eu pude sentir o sangue correr mais rápido em minhas veias, eu percebi que estava sem meu casaco, apenas com um cobertor que caiu assim que mudei de posição, não me importei muito com o frio e logo pude perceber tudo ao meu redor, eu estava dentro de uma ambulância, as portas de trás estavam abertas e eu pude ver algumas luzes vermelhas piscando, assim que minha visão começou a focar melhor, percebi que eram dois carros de polícia, algumas pessoas que eu não conhecia, e aquele garçom estavam conversando com os policiais, provavelmente eram clientes prestando depoimento sobre o ocorrido. Eu corri meus olhos pelo lugar e vi Shawn conversando com uma enfermeira, quando ele me viu, veio correndo até a maca onde eu estava sentada, deu um pulo para entrar na ambulância e parou do meu lado
-Ally! Como se sente?!
-Bem, eu acho- eu ainda estava um pouco zonza e tentando assimilar os fatos, eu me virei ficando sentada de frente para ele- só estou com um pouco de frio
-Você sente alguma dor?- ele perguntou enquanto pegava apressadamente meu casaco que estava em um banco atrás de mim, ele colocou o casaco nos meus ombros, seu olhar parecia preocupado
-Só nos braços, acho que aquele homem apertou muito for...- antes que eu pudesse terminar de falar, Shawn me abraçou, mas com muito cuidado, passando seus braços por baixo dos meus e apoiando a cabeça no meu ombro, sentada naquela maca eu ficava um pouco mais alta do que ele
-Me desculpa Ally- ele falou com os olhos cheios de lágrimas
-Como assim?! Você me salvou!
-Se eu tivesse chegado lá antes, eu poderia ter evitado isso, eu devia ter percebido que você demorou no banheiro. Eu devia ter ido ver o que estava acontecendo quando eu ouvi aquelas pancadas na parede, não só quando aquele garçom começou a gritar, eu poderia ter evi...- eu interrompi ele
-Ei! Pare de dizer essas bobagens! Você me salvou!- eu afastei ele e peguei em suas mãos, elas estavam enfaixadas e com um pouco de sangue nos curativos- olha isso- eu continuei- você quebrou uma porta para me salvar
-Aquele desgraçado que fez isso já foi levado por uma viatura, disseram que a pena mínima será de quatro anos. Os policiais pegaram imagens em uma câmera de segurança e confirmaram o que aconteceu. Eles queriam que você prestasse depoimento, mas eu não deixei, disse que quando você acordasse não teria cabeça para isso
-Obrigada. Vão me levar para algum hospital ou delegacia? Ou podemos seguir viagem?- eu sabia que o que aconteceu não poderia ser esquecido, mas eu me sentia melhor em saber que aquele infeliz não havia fugido
-Como assim seguir viagem? Olha para você! Precisa descansar, precisamos voltar para casa
-Shawn, se voltarmos, vamos precisar explicar o que aconteceu para minha vó, eu com certeza vou ficar um bom tempo sem sair de casa, sua mãe vai ficar furiosa por você não ter contado à ela dessa viagem, e não vamos descobrir o que queremos. Eu me sinto bem o suficiente para continuar a viagem- eu disse fazendo o máximo de esforço para parecer convincente
-Tem certeza que quer fazer isso?
-Só se você concordar, ainda consegue dirigir com esses curativos? Ainda quer dirigir o resto do caminho?
Ele franziu as sobrancelhas, olhou para meu curativo na testa e depois passou as mãos em seu cabelo, segurando algumas mechas entre os dedos, (porque eu sempre achei tão lindo quando ele fazia isso?) Ele soltou o cabelo enquanto olhava para o lado de fora da ambulância, algumas mechas caíram em seu rosto, mas ele pareceu não se importar, olhou para suas mãos e tentou fechá-las lentamente, não teve muita dificuldade para fazer isso. Então ele voltou o olhar para mim, me encarou por alguns segundos, achei que ele não fosse concordar com a minha idéia, mas então ele cruzou os braços e disse- se saírmos agora podemos chegar no hotel antes das dez horas
-Obrigada -eu disse sorrindo fraco, eu estava contente com a idéia de seguirmos viagem, mas não conseguia demonstrar tanta felicidade logo depois do que havia ocorrido
Chamamos uma enfermeira e ela disse que eu não tinha nenhuma lesão grave, então eu poderia ir. Também conversamos com um policial, que falou que eu não precisaria ir ao tribunal para o julgamento se eu não quisesse, porque eu era menor de idade e eles já tinham imagens de câmeras que provavam tudo. Eu encontrei o garçom e agradeci ele muito por tudo o que ele fez, se não fosse por ele, eu nem quero pensar no que teria acontecido comigo, ele falou que estava feliz por eu estar bem e disse que eu fui inteligente em chutar a parede, porque fez um barulho alto, se não fosse por isso ele não teria aparecido. O gerente do restaurante veio até nós e disse que além de não precisarmos pagar pelo almoço, ele nos daria uma caixa com doces, e coisas do tipo que você encontra em balcões de restaurantes, ele falou que sabia que nada poderia compensar o ocorrido, mas queria fazer com que nos sentíssemos melhor de alguma forma, ele colocou a caixa no porta malas do carro. Quando entramos no carro, uma das enfermeiras veio até mim, me entregando aquele cobertor bege que estava comigo na maca, ela disse que era importante eu me manter aquecida, porque ela havia passado uma pomada no meu braço e ainda estava fazendo efeito, ela foi muito gentil, era impossível não retribuir a gentileza, então eu sorri, agradeci e me enrolei no cobertor, ela se despediu e nós saímos. No caminho, Shawn disse que não estava feliz com a atitude do gerente
-Ele acha que pode nos comprar com doces? Acha que temos oito anos?!
-Shawn, o que você queria que ele fizesse? E ele mesmo disse que não estava tentando compensar nada. Mas agora o importante é que estamos bem, muito obrigada pelo que fez por mim- eu disse enquanto colocava uma parte do cobertor no colo dele e ligava o ar quente do carro
Ele aconchegou o cobertor no colo e disse- Quando eu vi você por aquela porta, a única coisa que importava no mundo era te tirar dali, eu não entendo como existem pessoas daquele jeito, que são capazes querer fazer mal à outros- ele parecia triste, embora ele olhasse para a estrada, eu podia perceber em seus olhos que ele não estava bem, eu tinha muito para falar sobre como eu me sentia a respeito daquilo, mas isso só nos deixaria mais tristes, eu pensei que poderia ser egoísmo da minha parte dizer o quão mal eu me sentia com aquilo, porque o Shawn viu a situação e sabia muito bem como eu estava
-Você não entende porque seu coração é muito bom para entender esse tipo de coisa, eu tenho sorte de ter você comigo. Que tipo de pessoa viaja por oito horas, para o outro lado do estado apenas para procurar algo que nem sabe o que é?- eu disse rindo fraco e franzindo as sobrancelhas
-As pessoas fazem isso por quem elas amam, não importa o tempo que vamos demorar no carro, ou quantas coisas podem acontecer no caminho, nós estamos juntos Ally, isso torna tudo melhor- ele olhou para mim e sorriu, o sorriso dele sempre foi lindo daquele jeito?
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Vocês acharam mesmo que eu tinha matado a Ally? Não se preocupem porque ela ainda vai ter muitos momentos melosos com o Shawn (já contei que eu não gosto de escrever as partes melosas) hahaha
Eu demorei para atualizar por causa da semana de provas :(
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understand
FanfictionAllison vai para o outro lado do estado com Shawn, seu melhor amigo, para passar um fim de semana... Quantas coisas podem ser reveladas em tão pouco tempo? Quantos sentimentos podem vir à tona? Como uma garota de 16 anos pode lidar com tantas desc...