Capítulo 17

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Ally P.O.V.

Cheguei no meu andar, a chave estava debaixo do tapete da porta como de costume. Olhei no meu celular e eram 9:12pm, entrei devagar, achando que todos já estivessem dormindo, meu pai e minha vó sempre foram de dormir cedo. Mas a Zöe estava no sofá assistindo TV, ela estava tão vidrada no que estava assistindo; que nem percebeu minha presença

-Oi- eu disse me aproximando do sofá onde ela estava sentada, enrolada em um edredom

-Ally!- ela pulou do sofá assim que me viu e veio correndo me abraçar

-Oi meu amor, não sabia que estava aqui- eu me abaixei e fiquei da altura dela, brinquei com algumas mechas de seu cabelo enquanto ela começava uma explicação

-Eu ia pro apartamento que eu vou ficar com a mamãe, mas o papai disse pra gente vir pra cá antes, sabe... Eu meio que insisti um pouco porque queria conhecer a vovó e ver você,- ela gesticulava com as mãos enquanto falava- ele disse que você chegaria hoje, então fiquei acordada esperando, mas não fala pra ninguém que eu não fui dormir cedo- ela disse encarando o chão, o que seria cedo pra ela? Não eram nem 10 horas da noite...

-Não tem problema pequena... Ei?! Você gosta de plantas?- eu perguntei ao lembrar da minha estufa. Ela pareceu animada, acenou com a cabeça e sorriu. Eu peguei ela pela mão e entramos no elevador, chegamos no último andar, eu abri aquela porta de metal que dava entrada para o terraço, quando entramos na estufa, ela pareceu deslumbrada. A maioria das plantas estavam com flores, de diversas cores diferentes, o climatizador fazia com que elas não parassem de florir nem mesmo nas épocas mais frias do ano

-Uau!- ela levou as mãos à boca em sinal de espanto- É que lindo!- ela girou para ver todos os cantos da estufa

Eu ri sabendo que ela ainda não tinha visto a parte mais linda, fui até o canto onde ficava a tomada e liguei as luzes de natal que se emaranhavam com as plantas. Sua expressão de espanto aumentou ainda mais, e eu também não pude me conter em olhar para todos os lados, como se fosse a primeira vez que eu estivesse vendo aquilo.

-Gostou?

-Eu amei! Podemos vir aqui sempre que eu vier te ver?!- ela balançou as mãos em animação

-Claro que podemos- eu ri e me sentei no sofá, fazendo sinal para que ela se sentasse ao meu lado. Ela se sentou e fez uma expressão preocupada- o que foi?- eu perguntei me aproximando

Coloquem a música da multimídia: Angels- The XX

-Tem uma coisa que eu queria te falar... Mas acho que não é uma boa idéia falar isso agora...

-Pode falar, é algo sério?

-Na verdade sim, mas acho que você não pode ouvir isso de mim

-Zöe, pode confiar em mim, eu não vou contar pra ninguém- eu coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha

-Eu sei, mas... Olha, nem sei porque fui tocar nesse assunto, desculpa...

-Ei, não precisa de desculpar, se não se sentir bem pra me contar agora, não precisa, ok?

-Sim, eu preciso. Você precisa saber da verdade sobre a mamãe- ela disse num só fôlego e me deixou preocupada

-Sobre a mamãe?

-Sim...

-Está tudo bem com ela?

-Na verdade não... Ally, por favor não conte pra ninguém que estou te falando isso, e se ela te contar, finja que não sabia- ela esticou o dedo mindinho na minha direção e eu entendi o que significava, estiquei meu dedo mindinho também e nós os cruzamos

-Tudo bem amor, pode falar

-A mamãe está doente... A história sobre minha cidadania não me deixar fazer meu tratamento em Londres é mentira, ela enganou o papai e ele acreditou, meus documentos estavam em ordem, mas os dela não... Viemos para o Canadá por causa dela, que precisava e ainda precisa de um tratamento

-Zöe, como assim doente?- eu senti um pouco de medo da resposta que poderia receber, pela expressão da Zöe era claro que não se tratava de algo como uma gripe

-Ally... A mamãe tem câncer- Zöe disse com um ar muito triste. Eu demorei alguns segundos para processar a informação e logo senti meus olhos ardendo e as lágrimas correndo pelo meu rosto, eu queria que aquilo fosse um pesadelo. Zöe não chorou, provavelmente ela já tinha chorado demais...

Eu tomei fôlego, sequei meu rosto e encarei o chão
-Onde?- eu sabia que onde quer que fosse, seria terrível, mas queria ter uma noção da gravidade

Ela não me respondeu, só se virou para mim, com os olhos vermelhos e secou as lágrimas, esticou a mão e apontou para a minha barriga. Eu entendi na hora, era no estômago, levei as mãos até as dela e a trouxe para mais perto, deitei sua cabeça no meu colo e brinquei com o cabelo dela, queria que ela se sentisse bem para me ajudar a entender melhor a história

-Quando ela descobriu?- eu perguntei quando senti que ela estava mais calma

-Ano passado, morávamos em Londres, o médico disse que era só um tumor. Então nos mudamos pra cá... Ela começou um tratamento em Dryden, ela queria vir direto para cá, mas o único hospital que tinha os aparelhos que eu precisava para o meu tratamento era em Dryden, agora que eu recebi alta, nós nos mudamos para cá... O papai não sabe, nem a vovó, eles acham que essa insistência toda dela de se mudar para Toronto era por causa de mim, mas...

-Mas ela queria nos ver antes que...- eu interrompi, mas não tive coragem de completar a frase- Por favor Zöe, fala que não é o que eu estou pensando

-Ally, ela não quer continuar o tratamento desde que eu ouvi um médico dizendo que é "irreversível", o que significa isso?- eu não poderia responder pra ela

-Zöe... Vai ficar tudo bem, eu estou aqui- eu a acalmei, tentei transmitir uma calma que eu não tinha. Ficamos mais alguns minutos na estufa e eu falei que seria melhor descermos para dormir, mesmo sabendo que eu não dormiria um único minuto. Minha mãe havia ficado no quarto de hóspedes, então levei Zöe para dormir no meu quarto. Em poucos minutos ela estava dormindo, com certeza ela já havia se acostumado a dormir, pois a informação sobre a mamãe não era novidade para ela. Eu fiquei acordada, pensando em como as coisas haviam mudado... Eu acabara de conhecer minha mãe, não conseguia acreditar que isso estava acontecendo, como ela pretendia contar? Será que ela pretendia? Se ela não contar... Então eu vou ter que contar, meu pai precisa saber disso, assim como minha avó, por mais doloroso que seja, minha mãe não pode guardar isso, é algo muito sério.
Eu afundei o rosto no travesseiro e chorei até meus olhos doerem, até sentir minha cabeça doer. Acho que ninguém sabe e nunca vai saber lidar com esse tipo de informação, mas eu sabia que a partir de agora eu precisava ser forte, forte pela minha irmã, minha mãe era a pessoa mais importante para ela. Quando isso passou pela minha cabeça eu deixei um soluço escapar, mas não podia ser fraca agora, e concentrei todos os meus pensamentos em ser forte, pela Zöe

Allison, seja forte pela sua irmã!


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Espero que tenham gostado do capítulo, não to me aguentando de ansiedade pra postar o próximo kkkkk

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xoxo

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