Capítulo 19

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Faz três dias que minha mãe está internada, quando a Zöe contou que ela tinha câncer, meu pai e minha vó não tiveram sequer tempo de processar a informação, pois ela desmaiou e eles à levaram as pressas para o hospital, eu fiquei com a Zöe.
Minha vó está no hospital desde então, meu pai veio buscar algumas roupas e ítens de higiene para ela no mesmo dia em que minha mãe foi internada, vovó avisou que ficaria ao lado dela até ela ficar estável. Meu pai conversou com seu chefe e está de folga do trabalho por tempo indeterminado, ontem ele passou o dia aqui em casa, dentro do quarto, em silêncio, e não saiu nem para comer. Hoje ele está no hospital com minha mãe e a vovó. Eu tenho faltado na escola desde ontem, a diretora ligou aqui em casa, mas eu preferi não atender.
Zöe fica no meu quarto vendo um filme após o outro e brincando com algumas bonecas que eu guardo embaixo da cama e não brinco desde os 11 anos, ela não está tão abatida quanto eu ou meu pai, mas está notavelmente triste, como já era de se esperar...
Meu celular está desligado desde anteontem, Shawn não parava de me ligar e me mandar mensagens, Andrew me mandou algumas mensagens, mas nem tantas quanto Shawn. São 10:43am, essa hora é o terceiro período lá na escola, provavelmente Shawn está sentado ao lado do meu lugar vazio... Eu queria poder contar pra ele o que está acontecendo, ele com certeza encontraria alguma forma de me fazer sentir melhor, mas não quero sobrecarrega-lo com meus problemas, e ainda não consigo acreditar no que ele fez... Insinuou que eu e Andrew estávamos juntos, depois de tudo o que passamos. Sempre que eu lembro disso, eu tento pensar que ele não quis dizer aquilo e foi só o calor do momento.
Eu fui até meu quarto e entrei de vagar, Zöe estava entretida assistindo um filma da Barbie, deitada na cama com algumas bonecas, embaixo de um cobertor que fazia ela parecer um travesseiro fofo, ela não havia me visto e eu resolvi não atrapalhar o filme, então encostei a porta de vagar e subi para minha estufa, me deitei no sofá e estiquei o braço para brincar com as folhas de uma suculenta que estava com os ramos pendurados para fora do vaso, a neve já cobria completamente o teto, me impedindo de ver o céu, a luz entrava pelas paredes de vidro, do lado de fora devia estar uns três graus negativos, mas o climatizador deixava ali dentro em temperatura ambiente, vinte e quatro graus. Essa diferença de temperaturas fazia o vidro formar pequenas gotículas de água na parte de dentro, que escorriam pelos longos e grossos painéis de vidro e desciam até as grelhas nas bases deles. Eu não conseguia afastar meus pensamentos sobre tudo o que estava acontecendo por muito tempo, flashbacks vieram na minha cabeça com tudo o que tinha acontecido desde que eu vi minha mãe em Dryden, senti lágrimas escorrendo pelas laterais do meu rosto, eu me sentei e elas começaram a descer pelas minhas bochechas, eu chorei tudo o que eu me segurei para não chorar na frente da Zöe, chorei até meus olhos doerem e meu nariz entupir, depois me deitei novamente e fiquei olhando as gotas escorrerem pelas paredes, como acabara de acontecer em meu rosto.. Minha mãe não merecia nada disso, nem a Zöe, e nem ninguém! Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas?

Shawn P.O.V.

Aquele hall de entrada estava tão silencioso, que acabei me assustando com o barulho da porta do elevador fechando atrás de mim. Em um ato involuntário eu já estava parado em frente à porta, hesitante em tocar a campainha. Eu já havia feito isso milhares de vezes, esse apartamento era praticamente minha segunda casa, mas eu podia sentir que tinha algo errado, Ally não atendeu minhas ligações e nem recebeu minhas mensagens. Olhei para baixo e vi algumas correspondências espalhadas no tapete de entrada, isso nunca acontecera antes; Ally não deixa as correspondências acumularem...
Depois de alguns segundos após ter tocado a campainha, ouvi uma voz gritando

"Ally, você atende?... Ally?"

Era a voz da Zöe, ouvi alguns passos em direção à porta, que se abriu em um ato rápido

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