A separação

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Elas conversavam sob uma tarde majestosa de outono, o sol lentamente se pondo no horizonte sob as ondas.
Tomavam um chopp na Orla após um dia estressante de trabalho. Tinham um romance casual, suave e relaxante.

Até que a morena sussurrou para a loira, segurando suas mãos, quase pedindo perdão.


– Desculpa Ana, não é a mesma coisa. Eu sinto falta daquilo, sabe? Você me faz sentir bem mas eu preciso sentir a coisa de verdade. Vamos dar um tempo, eu sei que a gente se gosta mas eu gosto de homem também, sabe, brinquedo até é bom, eu adoro quando você me deixa louca mas não é o que eu quero ainda, preciso experimentar mais.

– Tá bem, vamos dar um tempo. Talvez eu consiga te fazer mudar de ideia.

– Mês que vem a gente se vê. Vamos tomar um vinho e ouvir umas músicas.

– Claro.

Parecia que um abismo havia aberto entre elas, quando se separaram e deram adeus.

Clara não era muito boa com palavras. Ana escondeu sua decepção atrás do sorriso mais amarelo de sua vida, lamentando mais uma vez ser "trocada por um porco por causa de cem gramas de linguiça", como dizia o ditado.

Talvez fosse hora dela mesmo experimentar coisas novas. Marisa havia lhe passado o contato da vendedora de iogurte que prometia uma vida nova após o consumo, mas lhe passou a idéia de ser mais uma droga sintética viciante, e Ana era muito careta.

– Alô? Oi, é a vendedora?

– Depende. Quem te deu esse número?

– A Marisa, uma de cabelo cacheado, é minha amiga de colégio.

– Ah tá, conheço ela sim. Você quer experimentar o iogurte? Emagrece pacas também.

– Olha, ela me contou que esse iogurte dá um barato e tal, não é coisa de droga não, né?

– Nããão, é tudo natural. Se você puder vir hoje a gente te mostra do que se trata, tamos com uma leva fresquinha aqui, cê pode experimentar sem compromisso, se não gostar nunca mais vamos incomodar.

– Me passa o endereço que vou de táxi.

– Cê tá onde?

– Orla.

– Ah, tá pertinho, vem andando, aqui é logo ali perto do mercado na esquina com o cinema.

Ana engoliu em seco e tentou se preparar mentalmente pro que iria vir. Marisa lhe contou de uma suruba onde várias mulheres iam tomando o tal iogurte e de repente ela mesmo não conseguia saber de onde surgiram tantos membros gigantes e roliços que fizeram a festa durante a noite toda.

Parecia mais que ela tinha era ficado bêbada mesmo mas ana estava tão pra baixo que se fosse só uma coisa pra esquecer na manhã seguinte, valeria a pena.

Iogurte de FutaOnde histórias criam vida. Descubra agora