Capítulo 4

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Filhote sarapintada e Filhote de geada corriam em sincronia, suas patas pequenas se moviam rapidamente, levantando poeira e grama solta e morta do chão. Ambas se entreolhavam de tempos em tempos com preocupação refletida nos rostos.

-Sarapintada...aonde...a mamãe...tá indo?!--Filhote de geada perguntou, sendo interrompida pela sua própria correria; perdendo cada vez mais fôlego enquanto batia os pés no chão à medida que acelerava.

--Não sei! Mas, acho que é importante, sendo que ela é uma rainha.--Filhote sarapintada disse antes e freiar bruscamente de forma que Geada colidiu de cara com as costas da irmã, mesmo sentindo dor no focinho, a gatinha bicolor manteve o silêncio ao ouvir vozes de guerreiros ao longe.

--"Dourada...volte logo pro acampamento. Você não devia sair de lá, ainda não pode retomar o cargo de guerreira"--Um gato de voz grossa e alta falou

--"Não me importa Poeira de fogo! Eu deixei aqueles filhotes saírem, seja o quê for que esteja se escondendo no campo das rochas negras, eu tenho o dever de ajudar...essa fera podia ter matado meus filhotes e os filhotes de Garras enferrujadas e Tufo de Papoula."--A gata dourada dizia em voz firme, retraindo as orelhas a medida que falava. Estava decidida de que ficaria ali e acompanharia os guerreiros, ou morreria resistindo.

--"Já não adianta repreendê-la agora, já estamos quase nas 4 rochas. Deixe-a vir conosco."--Uma voz familiar disse se afastando, era Estrela de âmbar. O líder tinha saído junto dos outros guerreiros na patrulha, e seu tom de voz parecia preocupado e até mesmo...assustado.

"O quê?...eles...estão indo pra lá?"--Filhote sarapintada pensou, com as patas formigando de nervosismo ao ver sua mãe tão perto. Agora sua cauda se mexia pros lados varrendo o chão, ela sabia que devia intervir, mas não agora, se fizesse, seria inútil.

--"Sarapintada...eles estão indo embora! Vamos logo!"--Geada disse sacudindo a irmã que tinha entrado em uma espécie de transe.
As duas filhotes voltaram a andar, desta vez mais cuidadosas
com o barulho que faziam ao se mexer. Como ambas eram baixas, não conseguiram ver direito se estavam mais perto do campo das rochas negras de imediato, as duas só conseguiram ver que estavam em território inimigo quando a grama aos seus pés escureceu, característica da vegetação do clã das cinzas.

--"Esperem..."--Pomba prateada, uma guerreira de pelagem acizentada e esbelta disse parando de andar e falar. Todos ficaram quietos por um momento pensando no quê tinha feito a gata se calar.

--"O quê houve?" "Shhh...escutem"--Poeira de fogo perguntara à guerreira, sendo interrompido pela mesma.
Pomba prateada realmente tinha captado algo, um farfalhar de folhas fraco incomodava as orelhas da gata. Seus olhos procuraram o que estava fazendo esse barulho, fazendo-a rodopiar pros lados e ir adiante ou recuar.

--"Eu não tô ouvindo nada..."--Feno Dourado declarou em voz baixa, mas alta o suficiente para que todos pudessem ouvir claramente.

--"Melhor continuarmos com isso; antes que uma patrulha nos pegue"--Estrela de âmbar disse tomando ritmo. Mexendo a cauda pra cima e pra baixo chamando os outros gatos.

--"Geada..."--"o quê?"--As duas irmãs puxaram uma pequena conversa enquanto andavam pela vegetação alta de cheiro acre do clã das cinzas. Em momento algum elas desviaram o olhar de Feno Dourado, mas falavam uma com a outra em voz baixa sem chamar muita atenção.

--"Eu...eu tô com medo. E se essa fera realmente for perigosa? E se algo ruim acontecer?"--Filhote sarapintada disse--"Não se preocupe...também estou assustada, mas Estrela de âmbar vai nos tirar dessa; você vai ver."--Geada tentou confortar a irmã, dando uma lambida na orelha da mesma, soltando um rom-rom compreensivo.
As filhotes pararam de caminhar ao sentirem o chão tremer. Suas orelhas se viraram para todos os lados, tentando ouvir algo mais. Tudo que conseguiram captar foi um barulho parecido com o de um gato arfando, ou algo bem cansado.

--"Ouviram isso?"--Dente podre, um gato cinza e esguio com alguns dentes podres perguntou ao grupo, cauteloso com a altura de sua voz, já desembainhando as garras instintivamente. Nesse instante os cinco guerreiros se calaram, procurando escutar algo diferente.


Os guerreiros olhavam pros lados tentando enxergar alguma criatura, pequena ou grande que talvez estivesse acompanhando os mesmos, escondido nas sombras sem chamar atenção de ninguém. Nada levantou suspeitas, até que alguns camundongos correram em bando no meio dos gatos, indo em direção Sul, como se fugissem de algo.
Filhote sarapintada e Filhote de geada se entreolharam nervosas, sem entender como os camundongos adquiriram tanta coragem para passarem no meio dos guerreiros, até que a pergunta das duas foi respondida, da pior maneira possível...

O Destino Dos 6 (Gatos guerreiros)Onde histórias criam vida. Descubra agora