Como o meu irmão dissera, a guerra é perigosa...
Passara-se um mês desde que tinha lá chegado e já era conhecida não por ser a única mulher a candidatar-se a soldado, mas por um nome muito encorajador, Cavaleira dos Cem Ventos.
Quando entrava no campo de batalha, não era a mesma, parecia que algo ou alguém se apoderava de mim e quando dava por mim estava com a espada travessada no peito de um demónio qualquer.
Escrevi de semana em semana aos meus pais para não os preocupar e recebia sempre resposta o que me aliviava de mais uma preocupação.
Sempre que fechava os olhos para descansar um pouco só tinha o pesadelo de morrer ou de não poder voltar a casa e depois caia num buraco tão fundo que acordava assustada, mas eu tinha de vingar.
Mas naquele dia tudo mudou, fomos evacuar uma aldeia e quando vi as pessoas desaparecer no horizonte dentro dos camiões ouvimos um enorme estrondo e ao olharmos para trás deparamos-nos com um demónio, mas ao ver-lhe o rosto o meu corpo petrificou.
Nathan estava na minha frente, vivo, mas era um demónio, os seus cabelos estavam tingidos de vermelhos e os olhos iguais aos meus já não se viam, eram da cor do sangue, eu tinha de ataca-lo mas não conseguia.
Mandei todos os outros soldados fugir e pedi para que se algo acontecesse comigo para não voltarem atrás e avisarem a minha família, vi todos desaparecerem e voltei-me para o demónio que estava a olhar para mim, agarrei a espada que um dia fora dele e fiquei sem saber o que fazer.
- Tens de matar-me Victória ou então terem de ser eu a matar-te!
- Nathan eu não posso e como é que tu podes estar vivo ou ser um demónio?
- Estas do lado errado, os anjos vão ficar com a gloria toda no fim se ganharem, vem comigo Victória ou terás de morrer!
- Não eras capaz de me matar, eu sei-o porque uma parte de ti ainda esta ai dentro!
- Como tu, Cavaleira dos Cem Ventos, uma rapariga do campo que se tornou soldado por vingança, que no fim de tudo vai ser desprezada pelos Anjos pois é um mero humano...
O meu coração parou naquele momento ao ouvir tudo aquilo, Nathan já não existia por muito que o deseja-se ou então estava preso dentro do demónio que o dominava e se aprendera algo com tudo o que tinha passado é que era melhor ter um inimigo por perto do que um amigo e naquele momento era preciso.
- Um pacto para Lúcifer se ele me ouvir, acaba com esta guerra, deixa a terra em paz e devolve-me Nathan há vida e em troca eu deixo-te ficar com a minha alma, o meu corpo, serem a tua serva mais leal e matarei quem quiseres, mas peço-te que cumpras os meus dese...
Senti uma espada atravessar-me o peito e vi Nathan começar a voltar ao normal, os cabelos e os olhos estavam a ficar como antes mas as asas ficaram, senti o meu corpo começar a falhar e cai no chão, a espada foi retirada de mim e comecei a ouvir a voz do meu amado a gritar o meu nome, mas senti todo falhar.
Ao abrir os olhos vi que estava entre a escolha do céu e do inferno, mas ao querer avançar para o inferno fui agarrada por alguém, um rapaz que tocou-me no coração e disse-me muito baixo:
- Aproveita a tua segunda oportunidade sem o inferno na tua vida.
O rapaz sorriu-me e ao fechar os olhos inspirei e deixei-me estar na plena escuridão durante uns momentos e então abri os olhos vendo claramente o teto do meu quarto antigo e com um dos meus antigos vestidos, sentei-me na cama e levantei-me, olhei para o espelho e vi o meu cabelo tocar no fim das omoplatas.
Desci as escadas lentamente com um par de asas de anjo atrás de mim e vi todos na sala vestidos de negro, olharam para mim como se fosse um fantasma, fui abraçada e senti-me feliz por tudo ter acabado bem.
Casei com Nathan e tivemos uma filha, Charlotte, o meu nome no céu é Rose, a Cavaleira dos Cem Ventos fui o sacrifício para a Guerra Santa acabar e agora sou feliz ao saber que Lúcifer esta preso dentro de mim pois a minha parte demónio morreu no momento em que fui salva antes de me dirigir para o inferno.
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Cem Ventos
Historia CortaCavaleira dos Cem Ventos... Tratem-me por Rose... Uma morte, uma vingança, um amor... Tudo iria mudar?