Hawaí

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   John estava com o sono tão pesado que não percebeu que havia chegado no aeroporto. Ele só escutava uma voz ecoando de longe:
   -Hey John, acorda já chegamos!

   -O quê? -perguntou John abrindo os olhos lentamente e limpando a baba que escorre da sua boca.

  -Já chegamos no Hawaí! -disse sua mãe super empolgada, arrumando os cabelos de John.

  -Caramba, eu dormi tudo isso?! - Levantou assustado -cadê a Louise?

  -Quem é Louise? -perguntou seu pai com ironia

  -A menina que estava aqui do meu lado!

  -Vixe, está delirando esse meu filho. Deve ter sonhado! -disse seu pai rindo.

  -Claro que não pai, dessa vez foi verdade!

    John levantou-se da poltrona e tentou esticar o pescoço para ver se encontrava Louise. Até que a sua mãe estragou a brincadeira do pai dizendo:

   -Ok, filho. Você não está louco, a menina que sentou do seu lado acabou de descer do avião!

   O menino atrapalhado não pensou duas vezes e queria sair daquele avião o mais rápido possível para encontrar Louise, mas infelizmente não deu muito certo, ainda tinha um monte de gente para desembarcar e nessas circunstâncias ela já deveria ter ido embora. Por um momento, John pensou que Louise era realmente uma alucinação, pois ela era tão linda.

    Ao desembarcar, John e seus pais foram resgatar suas malas e depois pegaram um táxi sentido a Haleiwa- uma vila onde seus tios e sua prima Elnice moram.

    Impressionados com tanta beleza que eles viam pelo caminho, a mãe de John não parava de tirar fotos, enquanto seu pai falava com o taxista sobre como era viver no Brasil e John estava com uma cara de pamonha, com o fone nas orelhas, escutando músicas em um volume que podia ser escutado lá no topo do Everest. Sua mãe brigou várias vezes, dizendo que ele poderia ficar surdo, mas ele não estava nem aí.

    Ao chegar na vila, eles encontram seu tio parado na porta de uma casa linda e que aparenta ser bem grande.

   -Que saudade!!! -disse tio Esteves abrindo os braços- Faz muito tempo que não os vejo!

   Tio Esteves foi correndo abraçar Steve, pai de John. E depois de abraçá-lo, ele foi em direção de John, mas antes que abraçasse, tia Nany e a prima saíram de dentro da casa branca de dois andares.


  -Pensei que vocês chegariam mais tarde! -disse Nany com um pouco de surpresa.

  -Não é porque moramos em Manaus que não poderíamos pegar um voo mais rápido! -disse Paola, mãe de John, mexendo em seus delicados cabelos ruivos e rindo.

   Todos se cumprimentaram e Nany esfregando suas mãos disse:

  -Entrem, está quase anoitecendo. Vou preparar um jantar maravilhoso!

   Por dentro da casa era tudo muito espaçoso, no primeiro andar havia uma sala de jantar, sala de televisão, cozinha e um banheiro. No segundo andar ficavam os quatro quartos com banheiro. Mas parecia que as coisas não estavam muito bem organizadas e isso é meio estranho para uma família que era bem de vida.

  -O que temos para o jantar? -disse Steve lambendo os beiços.

  -Olha os modos, Steve! -disse Paola irritada e envergonhada.

  -Não se preocupem, vocês já vão descobrir! -disse Nany indo terminar o jantar.

  Na mesa do jantar John sentou-se na frente de Elnice, Steve na frente de Esteves e Paola na frente onde Nany iria sentar.

  -O que vocês fazem em Manaus? -pergunta Elnice para John que estava quase dormindo.

   Bocejando John responde:

  -Poucas coisas. Eu ando de bicicleta, jogo vídeo game, passeio com os amigos da escola...

  -Sabia que eu não vou para a escola, porque...-disse Elnice interrompendo John.

  -Porque ela aprende tudo o que precisa em casa!! -Interrompeu Nany colocando os pratos na mesa.

  -Mas por que não coloca ela em uma escola? -perguntou Paola curiosa.

  -Porque não confio muito nos ensinamentos da escola. -respondeu Nany arrumando os talheres e com uma cara que não gostou muito da pergunta - E agora chega de papo furado e vamos comer!!!

  -Ebaa, até que enfim!!! -festejou Esteves e Steve.

  Todos começaram a se servir, não havia muita comida como Steven pensara. Mas a cara estava maravilhosa tinha arroz colorido, frango, salada e suco de frutas.

  Enquanto eles se alimentavam Esteves e Steven falavam de suas aventuras quando eram mais novos, até que tio Esteves resolveu fazer uma pergunta para John.

  -E as namoradinhas de Manaus, John?

   Depois dessa pergunta, John olhou para o seu tio e começou a engasgar.

  Paola levantou-se rapidamente e foi socorrer seu filho com os primeiros socorros quando uma pessoa engasga. Quando ele começou a ficar roxo, um pedaço de frango saiu da sua boca.

   -Eu acho que isso já responde a minha pergunta! -disse Esteves, tentando ser legal.

   Elnice não aguentou de ver e ouvir aquilo, e começou a gargalhar. E John ficou muito sem graça e com vontade de sair correndo daquele lugar. Mas todos voltaram a comer normalmente e perguntaram aonde Paola havia aprendido a socorrer daquela forma e ela simplesmente disse que foi em um curso de primeiros socorros que tivera no trabalho.

  Steve nem terminara com o seu jantar e perguntou:

  -Vai ter sobremesa?

  -De novo, Steve. Olha os modos, por favor! -disse Paola irritada querendo arranjar um foguete para fugir à Lua.

  -Sinto muito, não deu tempo de fazer, mas tenha certeza que amanhã irá ter.-afirmou Nany.

  Assim todos se levantaram e foram conhecer seus quartos, quando chegaram viram que John não precisara dividir o quarto com os pais, pois haviam dois quartos de hospedes.

   -Não é cinco estrelas, mas está bom! -disse Paola com as malas nas mãos.

   -Olha os modos, Paola! -disse Steve rindo disfarçado, olhando para fora do quarto vendo se seu irmão ou a Nany estivesse escutado aquilo.

   Algumas horas depois que todos já estavam em seus quartos, John desceu até a cozinha para beber água e quando estava voltando ouviu os seus pais conversando e foi até o canto da porta para escutar melhor.

  -Nós precisamos resolver isso o quanto antes! -disse Paola.

   -Nós temos ainda as férias toda, deixa ele ao menos se divertir! -indagou seu pai. -Vamos resolver isso amanhã, está tarde para conversar agora!

   John vê pelo vão da porta que as luzes foram apagadas e fica com curiosidade de saber o que seus pais estavam conversando.

   Ao desencostar da porta, o menino desajeitado pisa no rabo do gato, fazendo com que ele miasse alto.

   -Quem está lá? -perguntou Paola.

   -É só o Lolo o gato de Esteves! -respondeu Steve.

   Nas pontas dos pés John seguiu para o seu quarto, deitou-se na cama e ficou pensando um pouco sobre a conversa sem pé e nem cabeça dos seus pais. E depois de um tempo seus olhos se fecharam e o silêncio dominou aquela casa.

O Bem Aventurado e a CartaOnde histórias criam vida. Descubra agora