Anjos e Demônios

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O demônio partiu para cima de Dominique com as mãos nuas, mas o anjo sabia que aquilo era ruim. O sorriso insano daquela criatura enorme quase distraiu Dominique, e as garras por milímetros não rasgaram seu pescoço. Sentindo o coração falhar, abriu as asas e tentou alçar voo para ganhar tempo e pensar em um plano, mas falhou miseravelmente e caiu no chão após subir um metro. Dominique rolou na grama no momento exato em que as garras do demônio afundaram na terra onde estivera há uma fração de segundo.

"Preciso escapar" pensou Dominique. "Se eu fugir, no entanto, Rossi estará em perigo. Eu não posso deixá-lo assim." Não houve tempo para pensar em mais nada, pois mais um ataque foi desferido em sua direção, e o desvio novamente foi por pouco, porém crucial. Levantando-se, Dominique correu. Correu e sentiu a criatura medonha em seu encalço. O que faria, o que faria? Para piorar, ainda havia o outro anjo, que apenas assistia a metros do chão.

-O que foi? - Perguntou ele, se deliciando com o desespero - Não consegue voar, Dominique?

-Aaah! - Foi a resposta.

Dominique deu uma cambalhota, se escondendo atrás da árvore do jardim. O demônio logo apareceu em sua frente, dando um quarto de segundo para o anjo correr antes de cravar as garras no tronco de madeira. As lágrimas lhe embaçaram a visão. Teria que lutar, não podia se esquivar para sempre. Já havia se cansado, não treinava há tempos, mas não lhe restava alterativa.

Quando o demônio abriu a boca e mostrou os dentes pontudos, Dominique apontou a palma da mão na direção dele e liberou um ataque azul de energia, que pegou o bicho de surpresa e o lançou contra a árvore. Se tivesse olhado, teria visto o outro anjo fechando o sorriso.

"Não posso fazer barulho" pensou. "Rossi não pode acordar. Eu preciso vencer esse cara o mais rápido possível."

Recuperando-se sem maiores problemas do golpe, o demônio abriu os braços e duas colunas de fogo ardente se ergueram perto de seu corpo. Batendo as mãos em um som estrondoso, mandou as duas colunas na direção de Dominique, que apesar de não poder voar, podia usar as asas para se posicionar. O anjo sacudiu a asa esquerda, que chamuscou, mas não chegara a queimar.

-Me deixem em paz! - Pediu, os olhos marejados - Eu juro que não tento voltar para casa nunca ma...

-Casa? - Riu-se o outro anjo - Sua casa agora é o inferno.

-Não! - Exclamou Dominique - Eu imploro!

-Onde está seu orgulho, Cria do Pecado??

Reprimindo um grito, Dominique voltou a correr dos ataques do demônio. Este novamente invocou uma parede de chamas e a lançou na direção do anjo arruivado, que teve tempo apenas de erguer uma barreira de energia azul. Mantê-la era difícil, e as chamas atacantes eram fortes, mas precisava resistir. Precisava.

Ainda sedento de sangue e dor, o demônio cravou as garras no chão e uma rachadura se abriu, se estendendo até Dominique, que saltou e se pendurou em um galho de árvore. Subiu nele, ficando em pé, e lançou mais um ataque de energia, sentindo suas forças lhe abandonarem aos poucos. Seus poderes não estavam todos ali, uma grande parcela fora roubada durante o castigo. Mas resistiria quanto tempo fosse necessário, não deixaria que Rossi pagasse por seus pecados.

O ataque foi respondido com mais uma coluna de fogo. Ambos se chocaram, um empurrando o outro, e Dominique caiu para trás, batendo no chão com um baque surdo. Antes que pudesse levantar, sentiu algo prendendo seu corpo ao chão. Era o próprio demônio, que estava sobre si. Olhavam-se nos olhos, medo azul e loucura vermelha em choque.

-Acabe com isso. - Ordenou o anjo guerreiro.

-Não!! - Implorou Dominique, derramando suas lágrimas - Por favor, não!!

Fallen AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora