Enquanto Eu Estiver Morta

Capítulo 2 - Prazer, Depressão.

Depois de uma queda dolorosa e acalmadora, meu corpo entrou em estado de sono, apenas esperava que Alby sentisse minha falta ou que entrasse na cozinha e me visse naquele estado.
Meu espírito chorava e eu me uni a ele.
Inexplicavelmente e rápidamente me levantei, porém eu continuava deitada no chão da cozinha. Eu me vi caída sobre o soalho, como se eu saísse de mim, e ao lado direito do meu corpo uma mão preta que saia do chão vendou meus olhos e do lado esquerdo outra tapou a minha boca.
Meu coração acelerou. " Como pode. Eu morri? " - eu pensava, e uma série de interrogações passaram a surgir.
Já não restava o pânico ao me ver deitada, como uma boneca de cera idêntica a mim tivesse caído dos suportes de um museu, as mãos começaram a me puxar para baixo. Meu corpo passou pelo chão como se fosse uma simples folha de jornal. As mãos dava a terrível impressão que iriam levar meu corpo direto para o inferno.
Então as paredes começaram a  derreter, juntamente com o chão. Literalmente. E no vazio fiquei. E o vazio é terrível. Sem som. No medo. Tudo escuro.
Algo era similar a emoções viviveis que expressavam minhas emoções em meio aquele turbilhão de sentimentos ruins, como descer uma montanha russa.
Parecia que tudo isso iria acabar . Era o fim. Já era. Aqui morrerei se eu já não estiver morta. Até que um novo início começou surgir, e foi a pessoa que eu menos queria ver que me deu essa notícia.

      - Olá me chamo Depressão !

A depressão é uma pessoa ?
Me assustei. O que para mim era uma doença se materializou em minha frente revelando sua face escura e sem fim sobre uma manta cinza que cobria cada pedaço de seu corpo sem carne.
Fiquem sem fala. O que é falar com Depressão? Como se apresenta para um ser quem nem ao menos podemos chamar de ser. "Muda fiquei e muda ficarei ." . Eu sou uma tola.

- Eu a conheço melhor que você mesmo. Faz muito tempo que eu quero falar com você, e como essa pode ser minha única chance, resolvi não perder tempo - disse a Depressão com aquela voz que parecia sair de um rádio velho.
Permaneci muda.

- Engraçado. Sua mamãe te ensinou que não deve falar com estranho, mas não faz sentido. Eu a conheço, mas você nem fala comigo. Isso eu chamo de falta de educação.

Que abuso. Mas eu sabia que a depresão era minha única companhia, afinal foi por causa dela que eu me afastei dos meus problemas e parei naquele apartamento velho com pessoas que por mais que não se importavam comigo, pelo menos me entendiam e me amava como eu era, além de não me impedirem de fazer o que eu preciso com desculpas esfarrapadas.

- Sou Paty.

- Isso eu já sei.

- O que eu estou fazendo aqui? - perguntei com a respiração ofegante supeitando da resposta.

- A Morte fez uma faxina naquela casa. Começando por você !

- Eu estou morta? - meus olhos começaram a lacramejar. Meu corpo morto aonde é que estivesse deveria estar sendo sepultado ou seu lá o que.

- Calma garota. Por isso que eu estou aqui. Eu quero te fazer uma proposta.

- E qual seria ? - comecei a ficar curiosa.

- Eu deixo você retornar e tomar a sua vida, porém, eu vou estar junto de você o tempo inteiro.

Eu estarei com a Depressão? Isso parecia horrível, Mas era a única maneira para poder retornar para minha vida . Isso era mais uma chance , mas brevemente eu saberia perfeitamente o que isso se tratava.
    Aceitei a proposta e logo a Depressão subiu em minhas costas como se eu fosse um cavalo e num piscar de olhos surpreendente rápidos eu abri meus olhos e a escuridão sumiu e uma luz forte cobriu meus olhos me fazendo piscar diversas vezes para lubrificar meus olhos que momentâneamente se encontravam sensíveis a luz.