Capítulo 4

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– Não. – Miranda foi objetiva. – E eu já vi tudo isso antes, quero novidades, quero criatividade. – Miranda olhou para os editores seriamente. Eles estavam em mais um ensaio.

– Eer... sabendo que a tendência do momento são listras, eu pensei em... – Jocelyn começou.

– Não. – Miranda a interrompeu, mexendo nas roupas que haviam dispostas para ela olhar. – Todo mundo está falando sobre listras agora, eu preciso de mais. Que parte do "eu quero ir além" vocês não entenderam?

Michael viu Jocelyn engolir em seco, viu os outros editores suspirando em frustração, ele não podia culpá-los. Miranda estava impossível naquele dia. Ela tinha adiantado o horário do ensaio para o qual os editores ainda estavam se preparando e nada parecia agradar a editora-chefe. Normalmente, ela já era uma pessoa difícil, mas naquele dia ela estava pior. Michael se perguntou o que tinha acontecido na casa da Miranda para ela ficar assim.

– E porque nós só temos essas peças da Banana Republic? Eu não posso fazer milagres, eu preciso de mais peças. – Miranda continuou reclamando e ninguém disse nada, já não sabiam mais o que falar. Miranda olhou pra eles. – Além da capacidade de organizar um ensaio decente, vocês perderam a capacidade de falar também?

Michael respirou fundo e se aproximou. – Miranda, se me permite, eu posso mostrar o que tenho em mente?

– Já que os meus editores não tem nada em mente. – Miranda torceu os lábios. – Vá em frente.

Michael fez exatamente isso. Começou a pegar peças distintas e fazer combinações que ninguém esperava que pudessem ser feitas, e quando se olhava de primeira causava certo estranhamento, mas quando se olhava atentamente era interessante, diferente e único. Miranda ficou olhando como a mente de Michael funcionava, de forma rápida e eficiente, e as combinações que ele fazia eram exatamente o "ir além" que ela precisava. O rapaz era ousado, gostava de fazer perguntas e todo dia audaciosamente a elogiava sobre alguma coisa, mas ela não podia negar que até o momento, o trabalho dele tinha sido surpreendente.

– Então... eu acho que essas estão boas para começar. O que acha? – Michael perguntou, ele não tinha medo de fazer perguntas para a Miranda.

A editora-chefe olhou atentamente as peças de roupa. Era realmente interessante. – Aceitável. Mas vamos precisar mudar as cores dessa terceira combinação, está muito parecida com...

– Edição de primavera do ano passado? – Michael perguntou, surpreendendo a Miranda. – É, eu notei. Mas só usei essas cores porque são as únicas que estão disponíveis aqui, tenho outras em mente.  Eu só queria te mostrar mesmo o conceito. – ele sorriu.

Miranda olhou para o sorriso dele, tão charmoso, ela desviou o olhar. – Pelo menos alguém veio trabalhar hoje. – ela parecia satisfeita. – Sarah, veja a seleção de modelos. Jocelyn, mais peças da Banana Republic com variação de cores para trabalharmos as combinações do Michael. Serena, quero que você me apresente maquiagens aceitáveis assim que as modelos forem selecionadas. Isso é tudo. – ela os dispensou com as mãos. – Só mais uma coisa. O empenho de vocês no ensaio de hoje foi lamentável. Espero que isso não se repita. – ela disse séria, sem olhar para eles.

Os editores se apressaram em sair da sala, levando todas as roupas junto com eles, loucos para respirarem novamente. Michael continuou lá, ele olhou para Miranda e viu como ela realmente parecia mais exausta do que nos outros dias. Michael já estava trabalhando lá faziam alguns dias e ele só via como a tristeza e a preocupação se instalava cada vez mais no rosto dela e naquele dia isso estava ainda mais óbvio. Assim que Miranda chegou na empresa, ele percebeu que os olhos dela não pareciam só que ela não tinha dormido, parecia que ela tinha chorado mesmo, apesar dela sempre disfarçar muito bem, estudar as expressões e os trejeitos da Miranda tinha se tornado o novo hobby dele, e ele podia ver que alguma coisa tinha acontecido. Michael viu Miranda indo se sentar na cadeira dela.

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