Capítulo 5 - Lar doce lar

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Dolls resolveu iniciar hoje um tipo de "treinamento físico contra demônios" para Wynonna e eu, já que aceitamos entrar para a Black Badge. Foi um pouquinho difícil convencer a minha irmã a trabalhar a favor da lei, mas acho que ela sentiu que preciso dela ao meu lado. Eu estava bebendo água e observando Wynonna apanhar do meu novo chefe em uma falsa luta. Eu fui a primeira a lutar contra ele. Felizmente, meu tamanho não é um problema tão grande por conta da minha agilidade. Já com minha irmã, ela tem problema apenas com o fato de Dolls não se parecer nada a um retornado.

- Eles são gordos e feios, não musculosos como você, Dolls - Ela falou enquanto recuperava o fôlego e ele fazia alguns polichinelos. - Então não acho que essa seja um luta justa. Por que você não engorda um pouquinho, hm? - Dolls parou o que estava fazendo e a fitou. Ele estava sem camisa e seu corpo completamente definido estava exposto. Wynonna deu um pequeno sorriso de lado. - Quer saber? Deixa pra lá. - Ela virou para e fez um "Uau" mudo, me fazendo rir.

Após os treinamentos, nós começamos a debater sobre Os 7. Wynonna e eu contamos o que eles fizeram a nossa antiga casa e que tínhamos matado um deles ontem à noite. E que o mesmo falou sobre um homem chamado Bobo Del Rey. Dolls parecia já ter escutado esse nome antes e falou que iria perguntar para Nedley mais sobre ele. Pediu que nós fôssemos para casa, pois tinha outros planos em mente. Wynonna e eu estranhamos mas não questionamos.

Ao sair da sala, notei que Nicole não estava no trabalho. Perguntei a Nedley e ele me disse que tinha a dado um dia de folga. Fiquei um pouco triste com a notícia. Quando estava saindo do departamento de polícia, vi Nicole subindo em sua moto. Era a primeira vez que a via sem ser de uniforme. Wynonna estava conversando com um homem de chapéu do outro lado da rua, então resolvi ir até a ruiva.

- Ei, Nicols - Fiz com que ela notasse a minha presença e ela sorriu para mim. - Estava com saudades daqui?

- Na verdade, vim buscar minha moto - Respondeu. Ficamos em silêncio, sorrindo uma para a outra, durante uns segundos. - Você está indo pra algum lugar?

Olhei para o outro lado da rua e vi que minha irmã não estava mais ali. Como não queria ir para o Shorty's e estava com o dia livre igual a ela, tive uma ideia. Pedi para Nicole que me levasse para minha antiga casa e ela aceitou sem reclamar. Ensinei o caminho para ela enquanto ela dirigia e chegamos lá rapidamente, já que não tinha muito trânsito em Purgatory. Ao chegarmos, enquanto descia da moto, tive arrepios ao olhar para a casa. Tinha muito tempo que não ia lá e não sei qual vai ser o estado da casa.

- Essa é a casa onde vocês foram atacadas? - Nicole perguntou. Eu assenti.

- Você se importa de ficar aqui fora? - Me virei e perguntei a ela. - Preciso achar uma coisa lá dentro. Prometo que não vou demorar. - Mesmo com receio, ela concordou.

Virei-me para a casa novamente e fui até ela. Ao entrar, a mesma estava destruída, cheia de poeira e completamente bagunçada. Resolvi não perder muito tempo e subi para o segundo andar, em direção ao meu antigo quarto. Assim que entrei, tive flashbacks de vários momentos da minha infância. Eu brincando com Wynonna de bonecas ou meu pai, Ward Earp, me colocando para dormir. Sorri ao lembrar dessas memórias e comecei a procurar o que estava querendo. Depois de 10 minutos procurando, ouço passos vindo da escada. Me escondi atrás da porta e só relaxei quando vi que é Nicole; por um instante, esqueci que ela estava comigo. Ela levantou as mãos, brincando, quando viu que eu segurava a Peacemaker.

- Desculpa, eu achei que fosse..

Me interrompi antes de terminar a frase. Nicole ficou com uma expressão confusa e eu fiquei um pouco triste por não poder contar para ela. Ao menos, não agora. Ficamos em silêncio durante alguns segundos.

- Bem, você achou o que estava procurando? - Ela perguntou, meio constrangida.

- Não, não achei.

- Quer que eu ajude a procurar? - Eu adorava isso nela. Nós mal nos conhecemos e ela consegue ser incrivelmente gentil comigo. Acabei deixando um sorriso bobo escapar. Ela notou e sorriu pra mim.

- Não é bem algo sólido, sabe? - Caminhei até ela e descemos as escadas. - Vim para cá esperançosa que eu poderia encontrar algo que me ajudaria a relembrar de algumas coisas. Mas o que lembrei não foi tão útil. - Expliquei, enquanto estávamos na sala. Estava olhando para a janela mas me virei para ela. Nicole estava mais próxima do que imaginei.

- Posso saber quais são essas lembranças? - Não sei bem o porquê, mas algo nela me fazia me sentir segura e que eu posso confiar nela. Mas eu sei que posso confiar nela, apenas não sei se ela conseguirá lidar com tudo isso.

- Hm.. são lembranças de alguém da minha infância que eu tinha esquecido.. mas agora essa pessoa voltou e.. - Ela olhava diretamente em meus olhos e eu estava começando a ficar nervosa. -..agora essa pessoa voltou e eu preciso saber mais sobre ela. - Acho que ela notou que eu estava nervosa, porque sorriu. - Bem, vamos?

Não dei tempo para ela responder nada, apenas caminhei para fora da casa. Acho que lá dentro estávamos com uns 20cm de distância e, por algum motivo, isso me deixava nervosa. Não sei bem o que está acontecendo comigo. Ela me levou até o Shorty's como pedi e acabou também ficando por lá, como eu também pedi que fizesse. Estávamos sentadas conversando e observando minha irmã com o homem de chapéu.

- Você sabe quem é ele? - Perguntei, Nicole falou que não. Como estava curiosa, pedi licença e fui até eles. O homem me olhou, sorriu, tirou seu chapéu e levantou sua mão.

- Prazer em conhecer, Waverly Earp. - Sua fala parecia de alguém que viveu há anos atrás. - Me chamo John Henry. - Sorri para ele e olhei para minha irmã. Ela também sorria.

- Maninha, parece que não somos só nós duas.. Quer dizer, nós três - Ela se corrigiu ao lembrar de Dolls. - Que sabem sobre.. eles.

Olhei para Henry com os olhos arregalados e esperei que ele falasse algo.

- Certamente, você deve ter escutado falar sobre Wyatt Earp, seu tataravô - Concordei com a cabeça. - Eu sou um grande fã do mesmo e tal coisa me levou a descobrir certos segredos sobre os Earps.

×

Assim que Waverly saiu da bancada, peguei meu celular para usar algum jogo e notei o tempo passar. 16:50, passei de fase. 17:05, perdi para meu arqui-inimigo, 17:12, desisti de jogar. Percebi que ela havia esquecido totalmente a minha existência enquanto conversava com sua irmã e o homem, então resolvi ir embora.

Enquanto dirigia, pensava apenas no momento que tivemos na casa dela. Cheguei mais perto de propósito, pois queria saber qual seria sua reação. Ela ficou nervosa e isso a deixava fofa. Infelizmente, o que ela me contou é o máximo que consegui até agora sobre tudo o que estava acontecendo. Eu não sabia o porquê de precisar de um setor confidencial ou o porquê dela precisar saber mais coisas sobre a pessoa ou o porquê dela ter me abandonado para ficar com eles. Mas resolvi ignorar tudo isso, quando, antes de abrir a porta, ouvi minha gata miar desesperada.

Abrir a porta e um homem a carregava. Meu coração começou a ficar acelerado, já que eu não estava com a minha arma. O homem notou minha presença e sorriu. Colocou Milly em cima do sofá e veio até mim. Quando ele levantou a mão para, aparentemente, mexer no meu cabelo, dei um murro em seu rosto. Ele acabou indo para trás e eu dei uns passos para frente pronta para atacar. Porém, a última coisa que vi foram seus olhos. Estavam pretos e vermelhos. Me assustei, mas logo senti uma mão tampando minha boca com um pano e eu desmaiando.

A herdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora