Um

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Lá estava ela, zanzando por mais um shopping, apenas com o intuito de esquecer que tinha um artigo para terminar. Se dependesse exclusivamente de sua vontade, ela estaria em casa, em frente a seu notebook, escrevendo. Mas quando tentou fazer isso naquela tarde, teve a impressão de que tinha esquecido tudo o que aprendeu durante os quase seis anos dedicados à universidade e a sua especialização.

Seu trabalho não ganhou uma linha sequer a mais.

Ele, por sua vez, desejava apenas assistir o lançamento do seu filme preferido de ação em paz. Pode parecer exagero, mas o simples fato de ir ao cinema tornava-se um verdadeiro inferno para ele, também pudera, ser um astro da música tem lá suas desvantagens (mesmo que às vezes não pareça).

Alysa estava saindo de uma loja, sem ter se dado ao luxo de comprar algo, já que sua bolsa de estudos não lhe permitia a tanto, quando puft!

O borrão que veio ao seu encontro a fez perder o equilíbrio e cambalear para trás. Ela só se manteve em pé porque suas costas encontraram uma parede. Talvez, ter caído não tivesse sido tão ruim assim, considerando a pancada que ela levou na cabeça, o que a fez perder os sentidos por alguns instantes.

— Você está bem? — ela ouviu uma voz aveludada perguntar e só então notou que havia duas mãos segurando-a pelos ombros.

— Sim! — respondeu, quando enfim lembrou-se de que precisava soltar o ar dos pulmões, caso quisesse continuar respirando.

— Então vem comigo!

Segurando-a pela mão, ele a puxou em direção à primeira porta que encontrou, poucos instantes antes de uma pequena legião de garotas histéricas aparecerem no corredor. Alysa Miller começou a sentir o sangue fugir de seu rosto quando percebeu que o estranho estava a levando para dentro de um provador.

Droga!

Ela não saberia explicar porque não começou a gritar naquele exato momento. Talvez houvesse algo na postura do rapaz que a fizesse duvidar que ele fosse um aproveitador qualquer, atacando garotas solitárias no meio shopping.

Assim que se viu trancada no pequeno espaço, achou que sua intuição a enganara. O homem em sua frente possuía uns bons centímetros a mais do que ela e deveria passar algumas consideráveis horas puxando ferro. Só isso poderia explicar todos aqueles músculos em seus braços. Sem contar todas as tatuagens.

Ela ainda teve tempo de sentir pena da falta de tato do seu companheiro de prisão (porque era exatamente isso que aquilo estava parecendo) ao escolher sua roupa para sair de casa naquele dia. A combinação desarmoniosa faria os olhos de qualquer estudante de moda, como Alysa, doerem.

Tyler não conseguia entender porque diabos aquela garota estava lhe lançando um olhar de pena. Perguntou-se se seria apenas uma consequência da batida na cabeça ou se ela era louca, afinal. Analisou a situação rapidamente e concluiu que estava seguro e sabendo que realmente precisaria da garota para evitar um novo pandemônio de fãs, tirou os óculos escuros e a touca.

A atitude fez com que ela desse um pequeno passo para trás, provavelmente achando que o espaço era pequeno demais para caber tamanha beleza. Sua boca formando um pequeno o ao perceber que o desconhecido não era tão desconhecido assim.

A reação da garota não surpreendeu Tyler. Ele já estava acostumando com isso. Aproveitou o tempo que ela precisou para se recuperar do choque para arrumar seu cabelo. Ainda não havia se acostumado com o novo corte, muito mais curto do que anterior. Sentiu saudade de quando ainda podia prendê-lo em um coque samurai.

— Tyler James!

Ao menos ela o conhecia.

— Oi. — ele abriu seu melhor sorriso, deixando a mostra seus dentes absolutamente retos e brancos.

You're my girlOnde histórias criam vida. Descubra agora