Três

142 9 4
                                    

Estava sentada em frente ao notebook e mais uma vez não conseguia fazer com que seu artigo se desenvolvesse. Qualquer pequeno barulho era capaz de distraí-la e seus únicos pensamentos relacionavam-se exclusivamente com Tyler. Sabendo que não conseguiria se concentrar direito enquanto não resolvesse o assunto, pegou seu celular e fez o que tanto tinha tentado evitar.

Precisava do dinheiro. Para um bolsista, cada centavo gasto poderia fazer diferença no final do mês. Não poderia se dar ao luxo de ignorar a proposta feita pelo cantor, mesmo que desejasse fazê-lo.

Confiante de que depois disso não haveria qualquer motivo para manter contato, não se deu ao trabalho de gravar o número do músico em seu celular, optou apenas em deixá-lo se perder entre os outros. Tinha certeza absoluta que não seria a única a fazer isso.

Ainda assim, ficou um pouco desapontada ao constar que não recebeu nenhuma resposta. No entanto, na manhã seguinte, para sua grande surpresa, seu extrato bancário mostrava uma transferência, cujo valor, era muito maior daquele que ela havia informado em sua mensagem.

Revirou os olhos. Tyler estaria louco ao supor que ela aceitaria. Era orgulhosa. Por isso, transferiu de volta o valor a mais que ele havia repassado. Provavelmente o montante não faria a menor diferença considerando a quantidade de zeros que o saldo da conta do cantor deveria ter, mas para ela, o gesto fazia toda a diferença, mesmo se não fosse percebido por ele.

Voltou aos seus estudos, reprimindo a repentina vontade de entrar no youtube e digitar o nome de Tyler na barra de pesquisa. Nunca mais ouviria sua voz ou o veria pessoalmente, então não tinha por que alimentar qualquer falsa esperança.

Soltou um resmungo de desagrado quando ouviu seu celular tocar. Parecia que quanto mais tentava se concentrar, mais distrações se materializam em sua volta. Olhou o número estranho na tela e, franzindo as sobrancelhas, atendeu.

— Alô.

— Por Deus! Você não poderia ser um pouco menos orgulhosa? — levou a mão à boca ao perceber quem era o dono da voz que se dirigia a ela.

— Tyler! — sussurrou surpresa.

— Uma mensagem de agradecimento era suficiente, Alysa. Vou transferir o valor de volta agora mesmo.

— Não faça isso. — ela o alertou, recuperando-se parcialmente do choque. — Eu irei transferir de volta e vamos ficar nesse vai e vem interminável.

— Não seja teimosa!

— Não estou sendo. Só não preciso do seu dinheiro. — e de sua pena, ela se viu tentada a acrescentar, mas não o fez. — Estou bem. Não se preocupe. — falou apenas, mas o ouviu bufando do outro lado da linha.

— Ás vezes eu tenho vontade de... — a pausa feita, veio seguida de uma respiração pesada.

— Vontade do quê? — ela indagou, sentindo algo parecido com um pequeno choque elétrico percorrer seu corpo.

— Não acho que você gostaria de saber, Alysa. — ele respondeu. A garota nunca imaginou que seu nome poderia soar de uma maneira tão sexy.

— Como pode ter certeza? — ela indagou e a risada rouca que ouviu a fez ter certeza de que fosse o que fosse a vontade de Tyler, era algo bastante indecente.

A ideia a fez cravar os dentes em seu lábio. Sabia que o jogo que estavam jogando poderia ser perigoso. Mas considerando que provavelmente havia uma quantidade significativa de quilômetros os separados, os riscos pareciam valer a pena.

— Você vai estar em casa hoje à noite? — a pergunta a puxou de volta para a realidade.

— Sim. — gaguejou, sem entender porque ele queria saber isso.

You're my girlOnde histórias criam vida. Descubra agora