Quatro

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Aquela foi a melhor noite da vida de Alysa. Pena que não podia dizer isso do dia seguinte. Acordou sozinha, não que não esperasse por isso, mas ficou um pouco desapontada quando notou que não havia sequer um bilhete ou uma mensagem em seu celular.

Foi até o banheiro e encontrou a si mesma no espelho. Levou seus dedos até o pescoço e os guiou até a clavícula, a única prova que a noite havia sido real e não apenas um sonho seu, eram as manchas arroxeadas em sua pele.

Tomou um banho demorado e deixou que a água lavasse qualquer sentimento que tinha nutrido pelo cantor. Não que fosse tão fácil assim, mas era algo simbólico para ela. Não ficaria chorando pelos cantos, seguiria em frente.

Estava decidida.

Trabalhou em seu artigo como nunca e começou a imaginar o que faria dali dois meses, quando não teria mais sua bolsa de estudos para receber. Cogitou voltar para a cidadezinha em que seus pais moravam e viver com eles por algum tempo. Apesar de tentador, não era algo que ela conseguiria fazer. Nunca gostou de ser dependente de alguém. Precisava encontrar um emprego definitivamente.

Na sexta, Jenny Wislan passou no apartamento da garota. Estava um pouco preocupada com a atitude da amiga nos últimos dois dias. A repentina mudança de humor era um dos indicativos de que algo havia acontecido. Algo que aparentemente estava sendo guardado a sete chaves.

Alysa não imaginou que a visita da amiga lhe faria tão bem. Elas haviam trocado mensagens frequentemente, mas desde Tyler, era a primeira vez que a garota não estava sozinha. Sentiu-se muito melhor. Mesmo jurando a si mesmo que seguiria em frente de cabeça erguida, a solidão não se mostrou uma boa companhia.

Franziu as sobrancelhas quando ouviu a campainha tocar. Não estava esperando ninguém. Percebendo a hesitação da amiga, Jenny decidiu atender. Seu queixo caiu quando deu de cara com um entregador segurando um enorme buquê de rosas.

— Alysa! — ela murmurou absolutamente abismada.

Encontrou o olhar da outra, ainda sentada no sofá. Viu surpressa e logo em seguida compreensão. Sabendo que a possibilidade de não receber as respostas que tão almejava era grande, retirou o cartão do meio das flores e só então o entregou para a sua verdadeira destinatária.

— Jenny me dê o cartão aqui! — exigiu, a preocupação ressoando em sua voz. Se suas desconfianças estivessem certas, estaria encrencada. Mas já era tarde demais...

Alysa, sinto muito por tê-la deixado sozinha na quarta de manhã. — as palavras feitas em letras inclinadas estavam sendo lidas em voz alta. — Quero reparar meu erro. Amanhã à noite vou participar de um desfile e gostaria que você me acompanhasse. Me ligue para confirmar. Espero que aceite. Tyler.

— Droga! — ela resmungou, apertando os olhos.

Estava oficialmente encrencada.

— Quarta de manhã? — a amiga indagou ávida por explicações. — Vocês se conheceram na terça da semana passada! Isso significa que vocês voltaram a se encontrar.

Ali estava o assunto que a garota havia decidido evitar. Não havia tido coragem para contar a Jenny. Estava se achando uma tola por ter caído na lábia de um astro arrogante. Era tão previsível que a história acabaria daquele jeito... Mas Tyler acabara de surpreendê-la novamente.

— Podemos mudar de assunto? — implorou, encolhendo-se no canto do sofá.

— É claro que não! — a outra exclamou, sentando-se ao lado da amiga. — É por isso que você está tão chateada.

— Sim, é por isso. — confirmou, esperando que suas respostas evasivas fossem suficientes.

— Como vocês se encontraram?

You're my girlOnde histórias criam vida. Descubra agora