28 de março de 2017
Adrian
- Espero que você esteja vestido, eu estou entrando. – Julieta entrava em meu apartamento como se fosse dona. – Daniels, meu bebezão, que saudades de você. Fez o que pro almoço? Eu estou faminta! – Ela me abraçou por trás, encostando o queixo no um ombro afim de ver o que eu estava cozinhando.
- Muita cara de pau da sua cara vir aqui na minha casa comer minha comida. – Eu disse, desligando o forno.
- Por favor, Adrian, pensei que você já tinha se acostumado.
- Eu me arrependo tanto do dia em que eu te dei aquele hambúrguer.
- Deveria mesmo. Eu engordei 8 quilos nessa brincadeira! 8 quilos! Minhas roupas estão até apertadas e o meu personal está me fazendo treinar dobrado.
- Ah, é claro, seu corpo é seu objeto de trabalho. Blá blá.
- Não mais. – Ela respondeu, se sentando no balcão da cozinha.
- Como assim?
- Eu sai da minha agência de modelo, eu já não me via fazendo aquilo há um bom tempo. Agora eu vou poder me concentrar na minha boutique cem por cento. High five! – Julieta estendeu a mão e eu bati.
- Não sei pra que você trabalha, você já é rica mesmo. – Eu respondi, começando a colocar comida em dois pratos.
- Meu pai é rico, eu não. Eu tenho muita sorte que ele me ajuda muito, mas acho que está mais do que na hora de eu começar a dar um rumo pra minha vida, sabe? Começar a não depender tanto dele pra quase tudo.
- Isso é papo de gente rica.
- Como se você não tivesse saído da sua cidade natal pra poder sair da asa da sua mãe e seguir o seu sonho.
- Xeque-mate. – Eu disse, estendendo um prato pra ela.
- Você quer comer pizza hoje? – Julieta perguntou, começando a comer. Como assim ela já estava falando de comida enquanto comia?
- Julieta, você está comendo! Como você já pode estar pensando em comida no momento?
- Mas essa é a sua comida saudável, da sua dieta de lutador, eu estou falando de mais tarde no jantar. Faz uma semana que eu estou desejando uma pizza enorme, com bastante queijo, tanto queijo que parece que eu vou me afogar numa piscina enorme de queijo.
- Você tem um problema. Eu nunca vi uma pessoa que fosse tão apaixonada por queijo e batata.
- Batata! Será que tem pizza de queijo com batata frita do mesmo jeito que tem pizza de hambúrguer?
- Existe pizza de hambúrguer?
- Claro que existe, Adrian. E é maravilhosa.
- Pra quem não comia nada que não fosse saudável, você está manjando muito das comidas não saudáveis.
- A culpa é sua! Sua e da Anna. Se eu nunca tivesse comprando aquele combo eu nunca teria sentido o gostinho do caminho não saudável da vida.
- Eu me arrependo todo dia de ter te dado aquele hambúrguer.
- Eu não. De sobra eu ganhei um amigo e um chef de cozinha pra cozinhar pra mim. – Ela disse, piscando pra mim.
- Folgada. – Julieta deu de ombros e desceu do balcão, indo em direção a minha sala e ligando a televisão. – Quando é que você vai se mudar mesmo? Se eu me lembro bem, você odiava esse aparamento.
- Ah, isso foi antes. Agora eu e meu pai estamos em bons termos, aparentemente ele acha que você é uma ótima influencia pra mim e me deu o apartamento de presente. – Ela olhou pra mim. – Querendo se livrar de mim, Daniels?
- Mas é claro. – Me sentei ao lado dela. Julieta deu de ombros e continuou comendo.
- Contra quem você vai lutar hoje? – Ela perguntou depois de um tempo, olhando pra mim.
- Dex.
- Deve se fácil, ele é um frouxo.
- Julieta! – Eu quase engasguei na minha comida.
- O quê? Não é como se eu estivesse mentindo. O cara é um dos piores lutadores, eu não sei como ele ainda consegue lutas.
- O papaizinho dele paga uma boa grana pra manter ele no jogo, sem falar, que ele é uma ótima propaganda.
- Você seria um ótimo garoto propaganda também, se não fosse tão ranzinza.
- Eu já te disse que essa não é minha praia, meu lugar é no ringue, não dentro de uma sala brincando de roupa e fazendo pose. Tem gente que não nasceu para os holofotes que nem você.
- Ei, faz mais de um ano que não me meto em nenhuma encrenca. A única coisa que eu faço e trabalhar, dormir, ir pra academia, assistir série ou ler um livro e repetir.
- Não esqueça me fazer de seu chef particular.
- Como eu ia esquecer do meu chef de cozinha favorito. – Ela apertou minha bochecha e eu me afastei dela. – Você já tem uma roupa pra depois da luta? Pra festa anual do meu pai?
- Tenho. – Apontei para o terno que estava no meio da sala, pendurado em uma arara no meio da sala. – Acho que é Gucci, ou alguma coisa do tipo.
- Huumm, Gucci. Quem te viu, quem te vê, lutador.
- Eu te odeio. – Julieta riu, se levantando do sofá, pegando nossos pratos e levando pra cozinha. – Tem sorvete de napolitano na geladeira de sobremesa.
Julieta se virou pra mim, colocando a mão no peito e disse:
- Você comprou sorvete só pra mim? – Ela abriu a geladeira. – Você é o melhor, Adrian. – Ela voltou para o sofá, deixando seus sapatos pela casa e se jogou ao meu lado. – Eu amo todas as calorias que vêm dentro desse pote e não tenho medo de admitir. – Eu apenas balancei a cabeça e disse:
- Eu não sei se Anna te falou, mas ela vai vir passar um tempo aqui em Nova York.
- E sua mãe? – Julieta se sentou reta, olhando pra mim. – Ela vai ficar sozinha? Ela não pode ficar sozinha, ela já não tem idade pra isso, Adrian. Ela precisa de alguém pra tocar a fazenda com ela.
- Uou! Julieta, se acalma. – Eu ri de lado, levantando as mãos. – Elas vem pra festa anual da empresa do seu pai e depois ela vai pegar um avião pra passar um mês viajando a Europa com a minha tia.
- Oh.
- Desde quando você se importa tanto com minha mãe?
- Sua mãe é uma mulher incrível, Adrian, é bem difícil não me importar com ela, especialmente quando ela me trata como se eu fosse uma filha toda vez que eu decido visitar Anna.
- Eu ainda acho muito bizarro o fato de você praticamente viver em Wimberley.
- O que eu posso fazer? O lugar realmente me traz uma paz inexplicável, o cheiro de vaca não é muito agradável, mas essa parte eu tendo a ignorar. Que horas elas chegam?
- Elas devem estar chegando a qualquer momento.
- E Anna vai passar quanto tempo com você?
- Na verdade, ela não vem morar comigo. Ela se inscreveu em um programa de workshops, palestras e afins em uma das universidades que ela passou, isso tudo vai durar um mês inteiro. É como se ela fosse viver a experiência da vida de faculdade antes da faculdade de verdade, sabe? Ela disse que só precisa de um lugar pra ficar os dois últimos meses de férias pra poder se adaptar, procurar um lugar pra ficar, aprender a pegar o metro e essas coisas. – Julieta não pode responder porque a campainha do meu apartamento ecoou, avisando que minha irmã e mãe provavelmente tinham chegado. – Devem ser elas duas.
- Elas vão se arrumar aqui?
- É.
- E como elas vão pra festa?
- Seu pai disponibilizou um segurança e um motorista pra levá-las pra festa.
- Elas não vão pra luta?
- Minha mãe disse que prefere assistir do telão que vai transmitir na festa, aparentemente seu pai vai estar com ela, já Anna disse que vai acompanhar mamãe. – Eu disse, parando em frente a porta.
- Meu pai assistindo a luta de um telão? – Julieta perguntou, surpresa. – Desde quando?
- Desde que ele e minha mãe estão se encontrando as escondidas.
- O quê? – Julieta gritou e eu abri a porta, dando de cara com minha mãe e Anna.
- Adrian, meu bebê. – Minha mãe praticamente se jogou em cima de mim, me esmagando em um abraço.
- Mãe, eu já te disse pra não me chamar de bebê. – Eu respondi, me afastando dela. Minha mãe, que já estava com um sorriso no rosto, sorriu mais largamente quando viu Julieta.
- Julieta! – Minha mãe quase esmagou Julieta em um abraço, mas em vez de achar ruim a falta de ar, ela apenas retribuiu o abraço. – Como é bom ver você, minha filha. – Ela se separou dela. – Como você está?
- Eu estou bem, Mia. E você?
- Melhor agora. – Anna entrou em meu apartamento e logo atrás veio um segurança com suas malas.
- Olá, irmãozinho. – Anna me abraçou forte pelo pescoço e depois apertou minhas bochechas.
- Será que vocês duas não cansam de me tratar como um bebê?
- Não. – As duas responderam juntas, fazendo com que Julieta risse. Anna passou por mim e foi abraçar Julieta, as duas tinham uma espécie de aperto de mão que elas inventaram, algum código secreto de garotas. Deu pra perceber que minha família amava Julieta pra caramba, até mesmo mais do que eu. E bem, elas não eram as únicas.
- Então, Julieta, o que você está fazendo aqui no apartamento de Adrian?
- Como uma boa vizinha, eu vim roubar a comida do meu chef preferido. – Ela estendeu a mão pra apertar minhas bochechas e eu bati na mesma. – E eu adoraria ficar, mas eu tenho hora marcada no salão.
- Oh claro, sua mãe deve estar esperando. – Olhei pra Julieta, que obviamente ficou tensa. Se tinha uma coisa que eu tinha aprendido nesse ano da minha amizade com Julieta era que ela não tinha sequer uma relação com sua mãe, o máximo que elas se falavam eram em algumas festas sociais e Julieta fazia de tudo pra não participar delas. Seu pai, muitas das vezes, dizia que Julieta não podia ir por causa de compromissos que ela tinha que comparecer junto com ele afim de poupar a filha de se encontrar com a mãe. Julieta disse que sua mãe a usou como uma maneira de prender um cara rico a bancá-la e isso funcionou durante alguns anos, até Julieta crescer e perceber as verdadeiras intenções da mãe. Depois disso, ela decidiu ir morar com seu pai. Ela sempre dizia que ela tinha sorte pelo senhor Bellucci ser um cara incrível, ser um pai maravilhoso e amá-la incondicionalmente. Ela se dava melhor com um cara que ela via uma vez a cada 15 dias do que com sua própria mãe que convivia todos os dias.
- Minha mãe vai se arrumar junto com as amigas dela.
- Sua mãe vai pra festa? – Perguntei, chocado.
- Sim, ela sempre vai. – Julieta respirou fundo. – Eu acho melhor eu ir pro meu apartamento, meu esquadrão da beleza deve chegar a qualquer momento.
- Você tem um esquadrão da beleza? – Anna perguntou.
- É, eu prefiro profissionais me ajudando do que me arrumar e demorar mais horas do que o necessário. Você sabem eu fico frustrada e não gosto de nada e eu faço. – Ela abriu a porta do meu apartamento e se virou para nós. – Vejo vocês na festa.
- Mesmo estando linda o tempo todo. – Eu sorri sem graça. – Sabe, Julieta, como minha mãe e Anna vão se arrumar aqui elas podem muito bem se arrumar na sua casa. – Julieta arregalou os olhos surpresa. – Eu já vou encontrar com o Mick mesmo então seria melhor que elas não fiquem sozinhas até a luta.
- Você é um gênio, Adrian! – Julieta disse, correndo até mim e me abraçando pelo pescoço. – Eu posso pedir pro meu esquadrão trazer algumas pessoas a mais pra ajudar vocês duas a se arrumarem. – Ela se separou de mim. – E não, não vai ser nenhum incomodo, eles já estão acostumados. – Anna soltou um grito e Julieta riu, gritando também enquanto as duas pulavam animadas pela minha sala.
- Você tem que me mostrar sua coleção de sapatos e você com certeza vai me emprestar um par! – Anna disse, puxando Julieta junto com ela. Eu apenas balancei a cabeça enquanto minha mãe ria.
- É muito lindo as coisas que você faz pra colocar um sorriso no rosto daquela menina, Adrian. Você sabe o porquê de você fazer tudo isso só pra colocar um sorriso no rosto dela, não sabe? – Ela perguntou, se virando pra mim.
- Mãe...
- O que me deixa confusa é que você ainda não fez nada pra conquistar o coração de Julieta.
- Ela é filha do meu chefe, eu tenho certeza que isso já é uma bela razão. – Eu respirei fundo. – E se eu for conquistar Julieta, a filha dele, eu tenho que querer algo mais do que uma simples ficada ou um relacionamento curto.
- Adrian... – Minha mãe balançou a cabeça e eu continuei:
- Por isso que um dia, eu vou casar com Julieta, e a gente vai viver em uma casa com três filhos ou quantos filhos ela quiser, pra fala a verdade. – Eu ri sem humor. – Ela só não sabe ainda. – Eu continuei, fazendo com que minha mãe sorrisse e me abraçasse. – Eu só preciso conversar com o senhor Bellucci primeiro, pra falar das minhas intenções com a filha dele antes mesmo de começar a tentar alguma coisa com Julieta. Eu não quero que ele sinta que eu estou agindo pelas costas dele, sabe? – Me separei dela, me sentando no braço da poltrona.
- Acredite, meu filho, não vai ser nenhuma surpresa pra Paul quando você e Julieta ficarem juntos.
- Quando nós ficarmos?
- É, meu filho, e você sabe, meus pressentimentos nunca falham. – Ela deu um beijo em minha bochecha e continuou: - Agora deixa eu ir, porque quando sua irmã e Julieta se juntam elas precisam de alguém pra colocar limites nas duas.
- Bem, Julieta desconhece a palavra limites e você sempre mimou Anna um pouco demais.
Ela gargalhou alto e jogou uma almofada na minha cara antes de sair do meu apartamento.
• • •• • •
Julieta estava completamente certa, Dex era sim um frouxo. Porém, eu tinha que admitir, o cara tinha melhorado um pouco o jogo dele nos últimos meses, eu até fiquei surpreso quando ele conseguiu me acertar um soco no maxilar e alguns na região do abdômen e foi só nesse momento de confiança repentina dele que fez com que eu o nocauteasse antes mesmo da luta chegar no terceiro round. Depois da luta Mick e eu decidimos nos arrumar na arena antes de ir pra festa, Julieta mandou uma mensagem dizendo que já estava indo pra festa porque ela não ia esperar a princesa (lê-se: eu) tomar banho e se arrumar. Irônico porque sempre sou eu que fico esperando por ela quando nós decidimos sair pra algum lugar.
Quando eu cheguei na festa, eu tive uma sensação enorme dejá-vu. O lugar era o mesmo do ano passado, a decoração e as pessoas tinham mudado. Mick dessa vez trouxe a sua família inteira, até a mãe ranzinza dele que odiava pessoas tinha decidido vir. Eu não avistei minha família de primeira, o lugar estava lotado, mas quando eu as avistei a primeira coisa que eu percebi não foi nem o fato de minha mãe estar abraçada com o senhor Bellucci e conversando com Anna, foi Julieta sorrindo largamente enquanto sorria pra mim. Um dia desses essa mulher vai me matar asfixiado porque não tinha uma vez que eu olhava pra ela e o ar me faltasse. Julieta estava linda como da primeira vez que eu a vi, e saber que o sorriso que estava no seu rosto era pra mim fazia com que meu coração desse um pulo.
- Adrian! – Julieta jogou os braços as redor do meu pescoço e eu a abracei pela cintura. – E não foi que você ganhou?!
- Muito engraçada. – Eu disse, me separando dela. – Você está linda! Com certeza a patricinha mais linda da festa.
- Gostou? É Gucci! – Ela disse, dando uma piscadela pra mim.
- Adrian, meu melhor lutador. – Paul, ou senhor Bellucci, me cumprimentou. – Parabéns pela vitória.
- Obrigado, senhor.
- Você lutou bravamente, meu filho. – Minha mãe me abraçou.
- Obrigado, mãe.
- Você é o melhor, irmãozinho! – Anna quase me esmagou em um abraço.
- Obrigado, irmãzinha.
- Agora que todo mundo já parabenizou Adrian, está na hora dele comemorar. – Julieta disse, segurando minha mão.
- Julieta, olha o que você vai aprontar. – Senhor Bellucci começou e Julieta respirou fundo.
- A gente não vai fazer nada demais, pai, só vamos tomar um champanhe e dançar.
- Dançar? – Perguntei, olhando pra ela.
- Depois a gente se vê. Tchauzinho. – Julieta começou a me puxar em direção ao bar.
- Julieta, eu não gosto de dançar, você sabe disso. – Eu disse, tentando chamar sua atenção.
- Eu sei, mas é só uma dancinha. – Ela disse, olhando por cima do ombro. – Que mal há em uma dança, Adrian?!
- Eu consigo pensar em alguns. – Eu disse, fazendo com que ela rolasse os olhos.
- Dançar é tipo uma luta, Daniels, só que sem os socos. – Nós paramos em frente ao bar e Julieta pediu duas taças de champanhe. – Você nunca dançou na sua vida, Adrian?! Nem quando ia para as festas em Wimberley?!
- Quem disse que eu ia pra festa quando morava em Wimberley?!
- Você ficaria surpreso com o que eu consigo arrancar das pessoas com o meu poder de persuasão. – Eu estava prestes a responder quando uma voz atrás de mim disse:
- E como eu sei. – Uma voz disse e eu me virei pra trás, dando de cara com Scott. Dizer que minha cara fechou, meus ombros ficaram tensos e meus punhos fecharam foi um começo. Scott era o outro melhor lutador do senhor Bellucci, o cara simplesmente era um monstro e parecia gostar de ser comparado a um. Ele era aquele tipo de cara que quando entrava no ringue, achava que era vida ou morte e por isso quase matava o outro lutador. Ele era um sanguinário e eu não gostava disso.
Logo quando o conheci, eu já não gostei dele. Pra começar o cara era um folgado, que aparecia nos eventos sociais atrasado e algumas vezes até bêbado. Já faltou lutas da qual eu tive que lutar no seu lugar mesmo despreparado. Resumindo: O cara não era babaca.
- Some daqui, Scott. – Julieta falou, parando ao meu lado e me estendendo uma taça de champanhe.
- Mas isso é jeito de me tratar depois de tudo que a gente passou, Julieta? – Scott disse, se apoiando no balcão e colocando a mão no coração. – Eu pensei que o que nós passamos foi inesquecível.
- Mas como uma lição em como não arrumar um namorado como você. – Julieta disse, entre os dentes.
- Ah, Julieta... – Ele tentou se aproximar de Julieta e eu bloqueei sua passagem.
- A garota já disse pra você sumir daqui, Scott.
- Ou você vai fazer o quê?
- Adrian, ele não vale a pena. – Julieta disse, me puxando pelo braço. – Vamos, você me prometeu uma dança. – Julieta me puxou para longe do bar em direção a pista de dança.
- Julieta, não me diz que você...
- Namorei com Scott? Eu não sou conhecida por tomar as melhores decisões, Daniels.
- Por quê? Ele é um babaca!
- Eu estava passando por uma fase de bad boy e decidi irritar o meu pai. Não foi um dos melhores momentos, devo admitir, e pode ter certeza que eu me arrependo amargamente. – Julieta bebeu o conteúdo do seu copo inteiro e eu fiz o mesmo. – Agora, eu acredito que você me deve uma dança da vitória. – Ela pegou nossos copos e colocou em cima de uma mesa qualquer.
- O quê? Eu não te devo nada, Julieta.
- Por favor, Adrian, eu não tenho ninguém pra dançar. – Ela juntou as mãos.
- Isso é mentira! Tem um bando de marmanjo querendo dançar com você.
- Mas eu não quero eles, eu quero você. – Julieta disse, me abraçando de lado. – Por favor, Adrian.
Eu respirei fundo e disse:
- Tudo bem, mas só uma música. – Julieta me puxou pelas mãos para o meio da pista de dança. – Agora eu vou te mostrar como os caipiras dançam.
Eu não podia dizer que eu era o melhor dançarino, mas eu dava pro gasto. Anos comparecendo aos festivais com as filhas das amigas da minha mãe me ensinaram a adquirir um ritmo de acordo com a música que estava tocando, sem falar que eu sempre fui muito bom no quesito dança. Não era como eu não gostasse de dançar porque não sabia, era apenas pelo o fato que eu não gostava, mas, bem, se tinha uma coisa que eu tinha aprendido no tempo que eu comecei a ser amigo de Julieta era que eu me pegava fazendo coisas que eu nunca imaginava que faria e aproveitando como nunca antes. Como nesse exato momento, quando eu a rodopiava pelo salão e ela sorria largamente.
- E não é que além de lutador, chef de cozinha, dono de casa, ainda é dançarino? – Ela disse, colocando os braços ao seu redor do meu pescoço. – Me diz por que você não tem namorada ainda, hein, Adrian?!
- Porque eu estou esperando por você. – Eu disse, a puxando mais pra perto. O sorriso de Julieta desapareceu e ela passou a mão pelos meus cabelos. Ela estava prestes a falar quando foi interrompida.
- Quando Joyce disse que te viu em um vestido vermelho colado, eu não acreditei. – Julieta ficou rígida por um momento, me olhando com os olhos arregalados. Eu a vi primeiro do que ela, mas deu pra perceber que Julieta não estava confortável, não quando ela olhava pra mim como se quisesse fugir dessa situação o mais rápido possível. Julieta se afastou de mim, respirou fundo e se virou para a mulher.
- E por que não, mãe? – Ela perguntou, cruzando os braços.
- Porque você está muito acima do peso pra usar algo assim. – Ela respondeu, fazendo com que eu a olhasse horrorizada.
- Mãe, eu não estou acima do peso coisa nenhuma, pra falar a verdade, o peso que eu estava antes estava abaixo do meu peso ideal.
- E quem disse te isso? Você estava perfeita, minha filha!
- Um médico, formado, que achou maravilhoso que eu chegasse no peso que eu estou no momento.
- Se você deixar que eu te levar no Doutor Albuquerque, ele vai te passar uma dieta pra você voltar o peso que estava antes.
- Mãe, você escutou alguma coisa do que eu disse ou a única voz que você escuta é a sua?
- Julieta! Olha o tom que você fala comigo, menina, eu ainda sou sua mãe.
- Infelizmente, isso a gente não pode mudar.
- Eu sabia! – A mãe de Julieta falou mais alto, apontando o dedo pra ela. – Eu sabia que você ficar rodeada de lutadores ia fazer com que você ficasse mais agressiva, qual o próximo passo, hein?! Tatuar o corpo inteiro como esse daí? – Ela apontou pra mim. – Você acha que eu não sei que é esse daí que fica te influenciando? Que fica te induzindo a comer besteira? Ele é uma péssima influência na sua vida, Julieta! Você não aprendeu nada do que eu te ensinei?
- Não ouse falar assim do Adrian, Carmen! – Ela apontou o dedo pra sua mãe. – A única má influência que eu tenho na minha vida é você que prefere dez mil vezes uma filha beirando uma aparência esquelética do que saudável. Você escuta o que fala? Você se toca das coisas que você faz? Pior, o que você fala pra mim, as coisas que você me fez passar?
- Me poupe o seu drama, Julieta! Eu fiz o que eu tinha que fazer pra ter certeza que você ficaria perfeita.
- Bem, para o inferno com ser perfeita, eu sou feliz do jeito que eu sou! Passar bem, Carmen!
Julieta saiu correndo pra fora do salão e pelo o tom da sua voz, ela estava chorando. Eu nem pensei duas vezes antes de sair correndo atrás dela, Julieta corria rápido pra alguém que estava de salto. Eu procurei por todo o jardim antes de achá-la sentada em um banco, no mesmo lugar que a gente se conheceu pela primeira vez. Ela fungou alto e levantou cabeça quando eu sentei ao seu lado.
- Por que ela tem sempre que ser má comigo? Por que ela não pode me tratar como uma filha pelo menos uma vez?
- Porque tem gente que não nasceu pra ser mãe, simples assim. – Eu respondi, a abraçando de lado. – Não é sobre você, é mais sobre ela, pra falar a verdade. Você é uma garota incrível, Julieta, todo mundo concorda. Minha irmã gosta mais de você do que de mim, até minha mãe fica extremamente decepcionada quando eu apareço em Wimberley sem você. Os seguranças do seu pai te protegem como se você uma filha pra eles, eu tenho quase certeza que o porteiro do nosso prédio tem uma quedinha por você. – Ela riu pelo nariz. – E também tem o seu pai, que faz tudo por você, o cara que quer sempre o seu melhor e em vez de passar a mão na sua cabeça faz o que tem que fazer pra você ser melhor como pessoa. E por último, o pior de todos, eu, que te mimo pra caralho, faço comida extra porque sei que você pode chegar a qualquer momento, que concordo com todas as maluquices que você me coloca.
- Realmente, você me mima demais. – Ela riu e continuou: - Mas eu gosto. – Ela me abraçou.
- O que eu estou querendo dizer é que tem várias razões para as pessoas te amarem, por que que você vai ligar pra única pessoa que parece não enxergar nenhuma delas? – Julieta levantou a cabeça do meu peito, olhando pra mim. Parecia que ela estava me vendo pela primeira vez, ou como se ele tivesse acabado de perceber algo, a única coisa que eu não estava preparado foi pra o que ela fez a seguir: Julieta segurou meu rosto e me beijou. E errado estava eu que pensei que seria só um selinho, eu não sei quem começou, mas algum de nós aprofundou o beijo, fazendo com que eu me arrepiasse da cabeça aos pés. Beijar Julieta não chegava nem aos pés dos sonhos mais loucos que eu já tive com ela, senti-la em meus braços, suas mãos pelo meu pescoço e pelo meu cabelo trazia uma sensação de alivio dentro do meu peito. De alguma maneira, Julieta veio parar em meu colo, fazendo com que eu a abraçasse forte pela cintura. É, Adrian, meu querido, você está completamente perdido.
- Desculpa, desculpa, desculpa! – Ela se levantou e começou a andar de um lado pro outro. – Eu não sei porque eu fiz isso, mil desculpas, Adrian! Acho que foi o que você falou, junto com as tatuagens e mais o terno que te fez ficar ainda mais gostoso. Ai meu Deus, eu estou ficando louca!
- Julieta... – Eu disse, segurando seu rosto entre minhas mãos.
- Sim?
- Eu sei uma coisa que vai te deixar muito feliz.
- O quê? – Ela sussurrou.
- Eu achei um lugar que vende pizza de batata frita 24 horas. – Os olhos de Julieta brilharam igual a dois faróis. – Vamos? – Eu estendi minha mão pra ela e ela deu um pulo pegando a mesma.
- Pensei que você nunca ia perguntar.
Julieta segurou minha mão com o maior sorriso no rosto. E bem, isso já era o bastante pra mim.
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Krótkie OpowiadaniaO sonho dele sempre foi ser um dos melhores lutadores que esse mundo já viu. Quando ele assinou contrato com senhor Bellucci, um dos maiores empresário no ramo da luta, ele nunca pensou que de quebra teria que conviver com a sua filha patricinha, qu...