III

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Tyler e Bryan foram levados para a pequena prisão situada no distrito do Queens. Os policiais não permitiram que os rapazes fossem conduzidos na mesma viatura. Tinham separados os dois amantes. 

Os dois haviam sido retidos por atentado ao pudor e seriam mantidos em cárcere privado até o pagamento da fiança. 

Bryan estava desolado e chorava baixinho no canto de sua cela. Tyler não expressava emoção alguma, mas em seus olhos era possível ver o caos que se instalava aos poucos.

Não estava sendo fácil para Tyler, ver a si mesmo naquela condição. Ele sempre fora cuidadoso com seus relacionamentos. Sempre, até a tarde de sábado. O pequeno deslize custou sua liberdade. Ele havia percebido isso. 

Mas, afinal, Tyler era, realmente, livre?  

Como tinha sido estúpido! 

Ele sabia que era estritamente proibido as relações homoafetivas, principalmente as demonstrações em público. Mas a paixão o deixou vulnerável. Ele se distraiu com tanta facilidade ao olhar para o sorriso de Bryan, que a única reação possível era beijar os lábios do seu amante. 

Porém, Tyler não o culpava. Jamais o culparia. Bryan também estava sentindo em sua pele, a crueldade do mundo . A culpa disso tudo era da intolerância e da ignorância da sociedade. A escória. Ah, como ele odiava todos aqueles julgadores. Odiava com todas as suas forças. 

Agora ele estava só, naquela noite de sábado, sentado no chão de uma cela suja, escura e fria. Sendo consumido pela raiva, revolta e medo que sentia. O guarda tinha lhe dito que seus pais seriam comunicados. Que merda estaria por vir? Tyler pensava. 

Mas ele sabia que não seria nada bom, nada bom

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Depois de alguns minutos ou horas, talvez, Tyler foi despertado de seu momento fora daquela realidade hostil em que se encontrava.

"Acorda, você está liberado." O guarda bateu nas grades da cela com as chaves.

"O quê? Como?" Tyler sobressaltou-se surpreso."


Além de doente, é surdo?" O guarda resmunga sem paciência, agarrando seu braço e levando-o para fora do cubículo. "Seu pai pagou a fiança."

Tyler não tem tempo para responder, pois ele é empurrado com brutalidade pelo corredor das celas até a sala do delegado.

Durante o caminho, ele tenta ver onde Bryan está, porém nada encontra naquela escuridão das celas.

Ao adentrar na sala, Tyler visualiza a figura de seu pai sentado a frente da mesa do delegado.

"Aí, está ele, senhor Joseph." O homem, baixinho e gordo, e o pai de Tyler levantam-se. 

Lentamente, Chris vira-se para encarar seu filho. Oh, céus! Onde ele havia errado com seu amado e único filho? O mais velho pensava, enquanto a dor e a vergonha invadiam sua mente e seu coração.  Ele o olha com dificuldade, como se em sua visão ardesse a imagem de seu filho. Doente

Mas haveria a cura para essa enfermidade que se alastrava em Tyler. Haveria. 

O homem de terno preto como o céu da noite caminha até o jovem. Tyler o olhava de volta com terror. Terror pelo o poderia que vir a seguir. Uma agressão física? Gritos e xingamentos? Ser renegado, abandonado e jogado nas ruas do Queens? 

Strawberry Fields [joshler]Onde histórias criam vida. Descubra agora