Prólogo

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Julian sentia a brisa do vento balançar levemente seus cabelos castanhos. Ele estava debruçado sobre o parapeito da varanda da casa, observando a lua, que naquela noite estava em seu tamanho máximo. Julian sempre foi mais da noite do que do dia. Enquanto muitos se sentiam enfeitiçados pelas misturas de cores em um pôr-do-sol, o garoto sempre esperava pela escuridão e o brilho da lua em um céu de estrelas.

As madrugadas sob o luar eram seu lugar preferido para tentar colocar em ordem seus pensamentos inquietos.

O garoto olhava aquela paisagem, que, provavelmente, foi desenhada por mãos divinas, e sentia a paz que tanto buscava. Ele lembrou que esse foi o motivo que o fizera querer passar as férias da escola na casa dos avôs. O céu noturno de Columbus era especial. Esse lugar sempre foi seu refúgio em meio às suas crises, não só pelo lugar tranquilo em que a casa estava situada, mas principalmente pelo lar acolhedor que era a casa de seu avôs.

Não, o garoto não odiava a casa de seus pais. De maneira alguma. Apenas, sentia-se diferente ali, um diferente bom. Ele sentia que estava livre de todas as pressões da adolescência, podia relaxar de tal forma em que ele podia ser quem ele quisesse sem dar explicações. E nesse momento, Julian estava terrivelmente em dúvida sobre o quê ele era.

Ah, sim. Crises de identidade em adolescente são comuns. Porém, o garoto magricela sentia que estava passando pela crise mais decisiva de sua vida.

Perdido em seus pensamentos, o garoto assustou-se levemente ao sentir uma mão em seu ombro esquerdo.

"Essa cena é linda de se vê, não é mesmo?" O velho suspirou. "Eu moro aqui há mais de 20 anos, mas sempre quando paro para observar essa vista, eu fico maravilhado."

"É sim, vovô."

O homem de cabelos grisalhos direciona seu olhar ao neto. O seu sexto sentido o faz perceber que Julian está angustiado com algo. Mas o que seria? Desde que o garoto chegou em sua casa estava se comportando de um jeito diferente. Julian sempre foi muito alegre e brincalhão. Mas agora, ficava pelos cantos da casa, com o olhar perdido.

"Está acontecendo alguma coisa, Julian?"

O garoto respira fundo. Já sabia que aquela pergunta iria surgir em algum momento. Seu avô o conhecia bem demais. Julian caminha em direção a umas das espreguiçadeiras da grande varanda. Seu avô faz o mesmo e senta-se ao lado do neto.

O homem mais velho, com toda a sua experiência e sabedoria de vida, sabe que algo acontecendo com o neto. Porém, sabe também que não adianta insistir para que ele contasse, naturalmente o que quer que fosse iria aparecer.

"Não sei, vovô. Eu me sinto terrivelmente em dúvida sobre mim mesmo. Sobre o quê eu sou."

"Sobre o quê você é ou quem você é, Julian?" O idoso questiona.

"Talvez seja a mistura dessas duas coisas." O garoto suspira.

Julian sempre confiou no seu avô para contar qualquer coisa. Ele recorda-se das vezes em que aprontava na infância e seu avô o encobria para que sua mãe não lhe colocasse de castigo.

"Vô, eu não sei o que está acontecendo. De verdade. Só sei que estou sentindo coisas... coisas diferentes e eu estou um pouco assustado com isso."

"Essas coisas que você sente, são em relação a você ou a outras pessoas?" O avô diz.

"S-sobre mim em relação a outras pessoas." Julian fica vermelho, se sentia um imbecil em estar se sentindo envergonhado sobre esse assunto justo com seu avô. "Não estou sabendo lidar, eu tenho medo vovô."

O idoso fica calado por um tempo, refletindo sobre o que o neto dissera. Ele desconfiava sobre o que seria. Porém não tinha certeza. Uma ideia ilumina a sua mente e um sorriso surge em seus lábios. Ele irá tentar ajudar seu neto. E já sabe como.

"Julian" O garoto levanta a cabeça e encara os olhos do avô. "Acho que está na hora de você conhecer minha história com seu avô Tyler." Joshua William Dun diz, sorridente.

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Essa vai dar trabalho
Espero não decepcionar vcs

Sou eu quem escreve essa história, mas ela é toda sua, aure.





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