Capítulo 3 - Clara

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O clima em Corden* estava especialmente fresco hoje

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O clima em Corden* estava especialmente fresco hoje. O vento invadia as janelas da sala de música fazendo meus cabelos e as cortinas de seda marfim esvoaçarem. Fechei os olhos por longos segundos tentando absorver o máximo da brisa que circulava o cômodo.

Ajeitei-me na banqueta do piano de mogno localizado no centro da sala e respirei fundo antes de começar a dedilhar as primeiras notas da décima primeira sinfonia de Mozart. Tocar aquelas notas era como me teletransportar até as nuvens e permanecer voando por lá, apenas sentindo a calmaria e a quietude refrescando minha alma. Ah! A música tem poder meus amigos!

Apenas as batidas leves na porta foram o suficiente para que meu momento utópico fosse quebrado.

— Clara? — Úrsula surgiu pela porta.

— Sim? — Fechei o piano arrumando-me para levantar.

— Seus pais estão no telefone — disse-me um tanto receosa.

— Descerei em breve. — Limitei-me em responder.

Úrsula sabia mais que ninguém da minha relação complicada, por assim dizer, com meus pais.

Desde que me lembro meus pais quase nunca estão em casa, sempre viajavam para algum lugar à trabalho ou simplesmente inventavam uma lua de mel de última hora. Chego a acreditar que na verdade eles apenas queriam fugir da minha presença.

Mesmo com toda a ausência dos meus pais sempre pude contar com Úrsula. Ela era como uma avó para mim (já que sua idade é bem avançada). Foi ela quem soube da primeira vez que me apaixonei, foi ela que estava lá na primeira fileira do auditório no meu primeiro musical, foi ela que me auxiliou na primeira menarca, foi sempre ela e mais ninguém.

Filhota? — O som da voz de papai soou em meus ouvidos.

Oi.

Tudo bem por aí?

Como sempre.

Liguei apenas para avisar que já depositei o dinheiro do mês. Se precisar de mais me ligue. Beijos, tchau! — E assim, ele simplesmente desligou sem dar ao menos tempo de me despedir.

Minha vida é uma bela bosta!

— CLARA!

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— CLARA!

Okay! Tenho que admitir. Eu estava bastante aérea e não entendi uma letra do que Sam pronunciava. O que não era uma coisa muito inteligente a se fazer, já que ela não suporta que a ignorem. Sou uma ótima amiga!

— Desculpe! — falei desanimada. — Estou aérea hoje.

— Seus pais ligaram? — Essa menina trabalha com bruxaria ou é coisa de amiga, tipo sexto sentido? Prefiro acreditar na segunda opção.

— Ligar não seria um termo muito adequado. Ele discou meu número apenas para dizer que depositou o dinheiro do mês. — Revirei os olhos.

— Que tal fazermos uma sessão de cinema? — falou com uma empolgação repentina.

— Eu escolho o filme! — Levantei depressa.

— Nada de Marley e eu! — gritou para que eu pudesse ouvir das escadas.

— Olha como você advinha! — gargalhei.

— Não! Ele não pode morrer! Ele vai sobreviver a essa cirurgia! — E estava eu aqui, chorando pela milionésima vez que assisto esse filme

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— Não! Ele não pode morrer! Ele vai sobreviver a essa cirurgia! — E estava eu aqui, chorando pela milionésima vez que assisto esse filme.

— Clara, você já sabe esse filme de cor e salteado. VOCÊ SABE QUE ELE MORRE! — Sam cortou o meu momento melódico.

Eu sei! Eu sei muito bem que ele não vai resistir à cirurgia e que vamos ter aquele funeral de chorar litros. Mas acontece que eu simplesmente não consigo parar de chorar toda vez que eu assisto. Marley não podia morrer!

Pausei o filme para Sam ir ao banheiro e senti meu celular vibrar no tapete.

Com muito esforço me levantei de onde estava entre o balde de pipoca e meu copo de refrigerante, e consegui alcançar o celular no meio de todos aqueles pelos.

[18:45]

Mat♡: Cla! Vamos no cine hoje?

[18:50]

Clarita: Que horas?

[18:51]

Mat♡: Você que sabe...

[18:52]

Clarita: Em meia hora estou pronta.

[18:55]

Mat♡: Ok! É o tempo que eu chego aí!

[18:56]

Clarita: Espera! Que filme vamos assistir?

[18:58]

Mat♡: Surpresa ;)

Esse garoto é maravilhoso!

Agora eu só preciso explicar a Samantha que vou sair e ela vai ter que ficar aqui em casa sozinha.

Ela vai entender.

*Corden éuma ilha fictícia localizada próxima ao litoral da Bahia criada para o livro

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*Corden éuma ilha fictícia localizada próxima ao litoral da Bahia criada para o livro. 

N/A

Hello! Antes de mais nada deixa eu explicar aqui o motivo de não ter tido capítulo terça. Eu fiquei sem internet o dia todo e não tive como postar por isso. Culpem a internet!

Por isso, hoje terão dois capítulos!

É só isso mesmo, beijos e até mais tarde!

Não esquece do comentário e da estrelinha!

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