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Giovanna abriu a bolsa em cima da mesa de cimento, procurando de forma desenfreada o passe de metrô. Geralmente ela os colocava no bolso ou dentro da capinha de celular, mas saira tão atrasada de casa que só teve tempo de se despedir da sua avó e roubar uma maçã em cima da mesa. Seus cabelos cacheados foram presos rapidamente em um rabo de cavalo e ela vinha com um pirulito em forma de boca na boca, da parada de ônibus até a estação e teve que jogar em uma lixeira enquanto corria.
Para o seu azar, Giovanna Martins não era muito conhecida para sua organização, mas conseguiu achar o passe de metrô entre a sua carteira de dentista e sua escova de dente em forma de urso. Gio chegou à plataforma da estação minutos antes do metrô fechar as portas e pulou para dentro. Um minuto atrasada e levaria uma advertência, mais uma. A morena tirou da bolsa um pirulito novo e se sentou próximo a janela, achando estranho o metrô estar vazio. Quando ela tivera essa sorte? Há oitenta e quatro anos atrás?
Gio tirou o celular do bolso do moletom e procurou a sua playlist de viagem, que geralmente era atualizada toda semana. Giovanna tinha um tino para achar bandas desconhecidas na internet. Foi quando uma música animada começara a tocar que ela vira no outro banco uma carta. A garota até tinha visto uma publicação nas redes sociais sobre essas cartas e inclusive tinha marcado seus amigos na novidade, mas ali? Em Fortaleza? A morena olhou para os dois lados antes de se render a sua curiosidade natural e se esticar para pegar a carta e voltar ao seu lugar.
Giovanna abriu a embalagem apressada para ler a tal carta, que parecia estar ali há um tempo consideravelmente longo. Ela desceria na estação seguinte e tinha apenas alguns minutos para ler. Era de uma garota e seguindo todas as pistas que a moça deixara no papel, Gio sabia muito bem quem era o alvo. Que ao invés de se chamar Eduardo, tinha por nome Marcelo e apesar deles nunca terem trocado uma palavra sequer, morava no seu condomínio.
A garota abriu um largo sorriso nos lábios de cor de rosa e piscou os longos cílios repetidas vezes, como sempre fazia quando tinha alguma ideia que considerava genial. Giovanna tascou a carta dentro da bolsa vermelha e correu para a porta. Aquela carta chegaria ao seu destinatário, ou ela não se chamava Giovanna Martins.
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Reza A Lenda
Ngẫu nhiênQuando uma carta aparecer em um dos bancos do terceiro vagão de um metrô, leia.