A queda

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          Minha decadência ali teve início, e a minha vida de tristeza começava a se escrever.
          As férias de verão tinham chegado e eu ja não era mais o mesmo garoto feliz, todos estavam fazendo coisas extraordinárias e divertidas em suas férias, mas eu não conseguia sair de casa, não conseguia me divertir e comecei a ter alguns problemas em casa por conta de tudo que se passava em minha vida naqueles dias. Haviam momentos em que a única coisa que me acalmava era o silêncio do meu quarto quando não preenchido pelo som do meu triste choro, eu desejava fugir pra qualquer lugar do mundo, noite apos noite, ficando cada vez mais deprimido, mas aí você me diz "nossa, mas tudo isso por uma garota se existem tantas por aí", e eu respondo sim...
          Eu até tentei muitas vezes encontrar em outras garotas o que não pude ter dela e o resultado foi o pior esperado, garotas esnobes cujo o emocional não importa quando se tem status, eu fui muito machucado emocionalmente e já não conseguia lidar mais com meus sentimentos guardados dentro de mim e a única forma de me livrar dessas frustrações era descontando meu ódio de si mesmo por ser incapaz de ser feliz denovo, em variadas coisas, a noite eu esperava todos dormirem, entrava no banho e descarregava o peso do meu emocional socando as paredes até não sentir mais dor em meus punhos mas aquilo não era o suficiente e eu precisava de mais dor para esquecer meu coração ferido.
          Em um dia assistindo algo na televisão uma coisa me chamou a atenção, era uma garota que sofria com coisas da vida e começou a se cortar, foi então que tive a curiosidade de sentir uma lâmina rasgar minha pele e substituir por alguns instantes a minha dor psicológica pela dor física, naquela mesma noite eu quebrei uma lâmina de barbear que achei na gaveta do banheiro, me pus embaixo do chuveiro e pensando em toda a dor que estava sentindo e na maré de tristeza em que me encontrava, aos choros comecei a passar a lâmina em meu braço, a sensação que tive naquele momento foi tão... Libertadora, tão aconchegante que no mesmo momento fiz outros 3 cortes em meu braço e terminei aquela noite chorando, mas eu sabia que tinha encontrado um refúgio para minhas lágrimas.
          Após tempos me refugiando daquilo que preferi fugir, eu finalmente comecei a achar forças para me reerguer, foi um momento da minha vida em que pensei que tudo iria melhorar e então... Passei o ano seguinte tentando ser eu mesmo novamente, sorrindo e sendo brincalhão com meus amigos que desde o início me deram apoio, em casa às brigas cessaram e eu tive um ambiente tranquilo com meus familiares novamente e àquele ano foi um dos mais felizes anos que eu consigo me lembrar que tive, fiz novas amizades e tive férias ótimas naquele verão... Sim, eu estava voltando a ser um garoto sorridente sem preocupações na vida.
         

discípulo da tristezaOnde histórias criam vida. Descubra agora