Segredos São Mantidos

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- Por que você não falou para gente na hora? - Bia estava boquiaberta.

- Teriamos dado um chute na bunda dele. - a Mara disse, durona.

- Que merda heim. - a Juliana falou, surpresa, mas sem quase expressão nenhuma.

As meninas olharam para ela discretamente, repreendendo-a.

- Não fale assim, Juh! - a Mara disse - Deve ter sido dificil.

- Tudo bem, meninas. - eu suspirei, um pouco cansada de tudo isso.

Me pegando de surpresa, Bia pegou minhas mãos juntas com a sua e apertou, num gesto confortante. - Se pudessemos fazer alguma coisa a respeito, faremos. - meus olhos lagrimaram ao ouvir isso.

E ao me verem enxugando os olhos, Mara me pegou pelos ombros e me abraçou, junto senti a mão de Juliana em minhas costas, pra cima e pra baixo e minhas mãos sendo apertadas confortavelmente pelas de Bia. Meus olhos não aguentaram a pressão e acabei derramando tudo no ombro de Mara. Não estava chorando pelo que aconteceu a mim naquela festa e do pesadelo, mas sim de emoção pelas amigas que fiz, pelas amigas que me fizeram. Há poucos dias as estavam olhando e julgando de um modo errado, hoje, eu não consigo viver sem elas.

Minha vida mudou em menos de uma semana, tudo aconteceu tão rapido e tenho a impressão que mais coisas estão por vim, boas ou más.

- Queremos que saiba que estaremos sempre com você, apesar de tudo. - a Mara disse, com olhos cheios de entendimento e compaixão.

- E que confie em nós, se você achar que está dificil de lidar sozinha. - disse Bia, com um rosto compreensivel.

- É isso mesmo. - Juh disse com a cabeça abaixada, mas o tom de voz era a mesma compaixão.

Ai meu Deus. Eu não posso ama-las em menos de uma semana, posso? Sim, eu posso. Eu as amo e tambem não as vou deixar sós quando mais precisarem.

- Então, o que faremos? Denunciamos? - a Bia disse, pegando sua bolsa.

- Sim! - Mara anunciou.

- Não! - segurei Bia pelo pulso, paralisando-a no lugar.

Elas me olharam como se eu fosse maluca.

- Como não? - até a Juliana se sobressaltou, surpresa.

- Não, meninas... Isso não é preciso no momento. Serio, juro, não foi nada.

Elas ainda me olhavam chocadas, como se não entendessem.

- O que está dizendo? Você sabe o que temos que fazer. Quando isso acontece, é obrigação nossa, de qualquer pessoa neste campus, de denunciar para a diretoria da escola.- Bia disse.

- Daí o caso vai para delegacia na cidade. Isso é serio, não podemos brincar.

- Meninas, vocês não entendem, eu não quero confusão. - suspirei mais uma vez pela centesima vez naquela noite.

Talvez eu seja maluca mesmo. Não é o certo, mas é o necessario a se fazer no momento. Não quero atrapalhar o futuro delas, seria melhor elas nunca terem sabido disso, mas não tive chance, Mara viu minha pequena discussão com Caio e tive de me explicar e não tem mais volta agora. Estou no nivel maximo de burrice.

- Isso seria pessimo para nós quatro, não só a mim. Ficaria marcado em nossas vidas na faculdade. E com isso, atrapalharia tudo. Não quero envolve-las em confusão. - continuei. Quem diria que a errada seria eu.

- Marcado ficaria uma coisa que escondemos para nós mesmos. - Bia disse. A força espiritual de Bia estava acesa, e eu a admirava isso nela.

E queria isso em mim, mas não tenho, estou provando que não agora mesmo, fazendo o errado.

Meu Colega de QuartoOnde histórias criam vida. Descubra agora