As Dez Mil Últimas Tentativas;

Continue

Risos, gritos, conversas, tudo ao meu redor mas perece que não estar lá, parece um filme distante, como vim parar aqui? Quem é o protagonista desta história?
Sai de casa jurando melhoras, jurando que dessa vez seria diferente, jurando se encaixar, novamente jurando, jurando...
As vozes são sem sentido, os risos são vazios, as imagens manipuladoras e sem vida, sem cor, onde meu corpo foi parar? Minha mente devia acompanhá -lo?
Há duas horas estou aqui sentada tentando terminar meu copo de refrigerante e minhas batatas, há duas horas observando ao redor, há duas horas a coisa mais real que vi foram minhas próprias alucinações ondulando o tempo, tornando o mundo um pouco mais interessante. Meus remédios me deixam anestesiada, minha mudança de humor é intensa, até que não está tão insuportável por hora, mas essa sensação de que eu não faço parte deste mundo me persegue, desde que cheguei aqui não consigo relaxar, perdi meu caminho, nem sei bem o que ia fazer, eu tinha alguns planos, não tinha? Não me lembro, apenas sinto meus músculos tremerem, minhas costas doem, minha mente está se embaçando e se desfazendo, tenho que recuperar a lucidez, tenho que voltar ao meu corpo, não sei mais o que fazer, não consigo levantar e sair, estou paralisada, mas por quê?
Crianças ao redor aproveitando o tempo que não se entende a vida e que não se sente tanto peso pelas coisas que nem sequer depende de alguém para dar certo ou errado. Nada de novo, qual o sentido de tudo isso? Por quê algo simples me assusta tanto? Por quê é tão difícil? Onde está o ar que havia em meus pulmões?
O mundo do lado de fora do meu quarto não é tão interessante afinal, muito menos atrativo ou acolhedor, mas tenho que continuar tentando e tentando e tentando...