Capítulo 4

24 2 0
                                    

Olá, eu sou RayFontoura ou apenas Ray. Sou a escritora dessa história e caso estejam gostando peço por favor que dêem seus votos e comentem. É sempre bom conhecer novas leitoras e leitores. Acho que com o tempo acabamos nos tornando amigos, tanto pelos comentários ou até por grupos de Whatsapp. Além disso gostaria de saber se gostam da minha história. Um grande beijo pra você que está lendo isso agora e vamo comigo que vem babado por ai....
______________________________________

Era sexta-feira a noite e eu estava jogada no balcão da sala das enfermeiras. Já havia tomado duas xícaras de café e ainda não estava nem perto de me sentir desperta. Não tinha conseguido dormir direito aquela noite, tinha despertado de madrugada com uma sensação estranha de estar sendo vigiada e depois disso não consegui mais dormir.
- Sonhando acordada, anjo?- Diz Liam que havia me pegado de surpresa.
- Não exatamente- Respondo me endireitando sobre a cadeira - Estava com insônia esta noite.
Liam era enfermeiro, meu amigo e ex- namorado. Ele tinha um dos rostos mais lindos que eu já tinha visto. Cabelos castanhos, pele levemente bronzeada o que dava mais destaque aos olhos verdes. Namoramos durante a faculdade até ele se descobrir gay. Ele nunca foi de me tocar muito quando namorávamos e também não conseguia se aceitar até que em uma tarde no meu quarto do dormitório da faculdade, ele me contou que sentia a pressão da família e queria poder me amar como eu merecia. Aquela fase foi muito difícil pra ele. Lembro de como ele chorava e me pedia perdão. Ele lamentava por ter, segundo ele, tentado enganar a mim, a família e principalmente a si mesmo. Mas eu nunca tive que o perdoar por nada. Eu tive uma paixonite por ele mas depois de algumas semanas de namoro descobri que não era paixão, talvez uma admiração. E quando rompemos me senti quase alivida quando soube da sua verdade.
- E isso por acaso tem haver com um vizinho gostoso? - Diz ele rindo.
- Haa Lia bocuda!- Digo fingindo raiva.
Uma das melhores coisas no Liam era que apesar de depois ter se aceitado homossexual ele nunca mudou o seu jeito de ser.
- Vamos! Você vai sair comigo, com a Lia e o chato do Will, amanhã!- Disse de forma irredutível.
- Tudo bem. Já tinha prometido a Lia mesmo - Falo dando de ombros.
- E nem pense em furar com a gente moçinha!- Diz já andando para a porta - Amanhã eu quero me requebrar- Diz dando uma rebolada antes de finalmente sair me causando uma risada de doer a barriga.
Olho no quadro de funções e vejo minha ultima tarefa antes de ser liberada. Precisava trocar os curativos do paciente do leito 5 da ala de emergências. Me encaminho para lá até que vejo o senhor Andrew tentando comprar um refrigerante na máquina de bebidas.
- Quantas vezes vou ter que dizer para o senhor que não pode ingerir açucar?!- Me apriximo dele já o repreendendo enquanto ele se assusta.
Ele dá um sorriso amarelo e esconde a moeda. O Andrew era um senhor de 71 anos, diabético, viúvo e apesar de ter dois filhos nunca havia recebido uma visita.
- Vou ter que pedir para o Dr. Victor te dar outra bronca?!- Falo cruzando os braços.
- Por favor não, Eva! - Diz juntando as mãos em sinal de piedade.- Da última vez ele quase cortou meu suco com adoçante!
- Então comporte-se!- Falo pegando a cadeira de rodas, o fazendo sentar e levando até seu leito.
Depois de me certificar que tudo estava bem com todos no quarto sigo meu camigo para o paciente do leito 5. Logo estava com as mãos sob a pele morena quente. O rapaz tinha um rosto adorável e um corpo digno de capa de revista. Os olhos eram verdes, o cabelo era loiro e seu sorriso era fabuloso. Sabia disso pois ele havia sorrido de um jeito safado quando ela entrou no quarto o que deixou óbvio seu interesse.
- Pronto!- Digo tirando as luvas e colocando tudo no carrinho.
- Quer sair pra jantar comigo qualquer dia desses?- Disse sorrindo travesso uma outra vez.
- Não, obrigada. - Digo curta e grossa.
- Haaa por favor! Só uma vez vaaai- Disse fazendo biquinho.
Ignoro o pedido e saio empurrando o carrinho.
- Você é tão má! - ouço quando cruzo a porta.
Vou dando risada até chegar ao almoxarifado guardo os produtos que ainda eram utilizáveis e jogo fora os descartáveis.
Vou até a sala das enfermeiras e pego a minha bolsa. A Lia estava de folga hoje então saí rapidamente do hospital. Quase 8 minutos mais tarde eu estava no ônibus da linha 10 a caminho de casa. Mais uma vez encontrei meu vizinho no ônibus, entretanto dessa vez ele não me olhou e nem sorriu para mim. Estava entretido em uma conversa com uma loira aguada de olhos castanhos, cheios de maquiagem e uma boca grudenta de gloss labial. Não sei por que não gostei da garota. Mas algo na forma com que ele se aproximava pra falar em seu ouvido ou na risada falsa dela ou no jeito que ela olhava pra ele, tinha me deixado completamente enojada.
Desviei o olhar para a janela e fechei os olhos tentando esquecer tudo. Assim que parei em frente ao meu prédio a chuva caiu. Não tentei fugir, apenas me encolhi e continuei andando. Logo o Anderson aparece.
- Boa noite Eva! - Disse entusiasmado.
- Boa noite Anderson - Tentei dar meu melhor sorriso e fui em direção ao elevador.
Logo cheguei ao meu apartamento. A raiva ainda não havia sumido mas havia uma outra coisa também. Decepção.
Tomei um banho quente e caí na cama. Tentei dormir mas não consegui então fui pra sala caçar algum filme na Netflix. Escolhi assistir Dreamgirls. Era um filme fabuloso e é claro havia atores fabulosos. E assim como o Liam sempre fala : "Se tem Beyoncé pode apostar que é bom".
No meio do filme ouvi um barulho na janela do meu quarto. Levantei para olhar mas não havia nada. Ignorei e voltei para a sala. Estava na cena que a Effie White era abandonada pelo seu grupo e pelo seu marido infiel.
" Estou lhe dizendo
Que não irei
Você é o melhor homem que conheci
Não há como eu partir
Não, não não há como
Não, não, não há como viver sem você
Eu não viverei sem você
Eu não quero ser livre
Eu ficarei, eu ficarei
E você, e você
Você irá me amar, oohh ooh mm mm
Você irá me amar"

Apesar de apelativa a canção na voz de Jannifer Hudson era maravilhosa. A atuação era ótima e eu tava tão perdida naquela cena que nem senti uma pequena e tímida lágrima escorrer pelo meu rosto.

"Embora os tempos difíceis estejam aparecendo
Apenas não há como, não há como
Nós somos parte do mesmo lugar
Nos somos parte do mesmo tempo
Nós dois dividimos o mesmo sangue
Nós dois temos a mesma mente"

Senti então mais lágrimas se amontoando. Marda de TPM!

"Por favor não se afaste de mim
Fique comigo, fique comigo
Fique, fique e me abrace
Eu... fique, fique e me abrace
Oh, whoa, por favor fique e me abrace
Seja um homem
Tente, homem, tente homem
Eu sei, eu sei
Eu sei que você se importa, whoa"

Enxugo minhas lágrimas e conto mentalmente quantos dias faltam para menstruar. Restava apenas 3 dias até que o mar vermelho caísse entre as minhas pernas.
Alguns momentos depois o filme estava quase no fim quando aos poucos senti meus olhos pesarem e então acabei dormindo ali mesmo no sofá.

O vizinho do 301Onde histórias criam vida. Descubra agora