As vezes a coisa que a gente mais ama no mundo pode se tornar nossa própria ruína. Encaro a tela do meu celular, o mesmo que ele comprou para mim, quando fomos naquela loja estávamos tão felizes, a empresa estava lucrando mais do que nunca e estaríamos comemorando em Nova York se meu antigo aparelho não tivesse pifado de vez. Nos divertimos escolhendo o celular que mais combinava comigo, e a pedido dele fiquei com um Iphone de modelo mais novo. Em menos de um ano nos casamos.
E aqui agora, me pergunto o que fiz de errado nesses 2 anos de casados para sofrer o quanto estou sofrendo agora. A ficha demora para cair e dói como um inferno, além da dor também se encontra a raiva, raiva por não ter percebido antes e raiva por ter sido tão ingênua de aceitar todas as suas desculpas esfarrapadas.
Aquele desgraçado. Filho da puta, me traiu. Não só uma vez. E sabe-se lá se pelo menos o canalha se protegeu. A última coisa que preciso é descobrir uma doença misteriosa. Meus olhos ardem e as lágrimas que não consigo segurar caem na película de vidro do celular.
Olho em volta para o nosso quarto, e na bagunça que deixei por um momento de loucura. As roupas dele estão jogadas por cada canto do ambiente, rasgadas além do reparo, cada peça de roupa mais cara que a outra, tudo em fragalhos, assim como ele deixou o meu coração. Ao alcançar um momento de lucidez, pego duas malas grandes que ficam em uma das estantes do closet, e coloco cada roupa minha que acho necessária para sobreviver ao inferno que será minha vida daqui para frente. Coloco o máximo de coisas que consegui, além de também itens de higiene pessoal.
Por insistência dele, eu não precisava trabalhar. Minha renda vinha toda dele, tudo que eu pedia ele me dava, além de me deixar um cartão ao qual eu podia gastar sem limites. Mas não serei boba de acreditar que o cartão terá validade depois que eu me for. Meus planos consistem em retirar todo o meu dinheiro da conta, a que eu deixei sem movimentações depois que me casei. Mesmo com a cabeça doendo por causa do choro, não posso deixar de pensar em próximos passos.
Pronta para sair do lugar em que passei meus últimos anos, o celular que estava em meu bolsa tem uma vibração violenta.
Ele está no hotel Bela Vista, venha pegá-lo no flagra. Não irá se arrepender.
- Desconhecido.Mesmo a contragosto, fiquei com a pulguinha atrás da orelha, e talvez pegar o desgraçado no flagra, me ajude a superar a desilusão. Peguei um dos carros dele emprestado, e liguei o rádio antes de dar partida, talvez a música me ajude a acalmar. Marília Mendonça foi a voz que escutei durante todo o trajeto, chorei e ri com algumas músicas, pois descrevia exatamente o sentimento que eu sentia naquele momento. E chorei um pouco mais ao ver que o hotel em que ele estava, era o mesmo que ele havia me pedido em casamento.
— Que filho da puta. – Gritei socando o volante, ele não merece nenhuma lágrima a qual estou derramando, mas a decepção é tão grande que não consigo evitar.
Sequei o mais breve que pude dos olhos, e retoquei um pouquinho do batom, olhando pelo retrovisor do carro, não era uma das minhas melhores produções, mas tem que servir.
— Com licença. Estou procurando um hóspede que reside agora nesse hotel, o nome é Daniel Forbes, gostaria de saber qual é o número do quarto dele.- dei o meu mais breve sorriso.
— Senhora sinto muito, mas as informações pessoas de nossos hóspedes são confidenciais. – Ela disse com desinteresse.
— Querida, por acaso você não me conhece? Me chamo Rebecca Forbes, esposa do empresário mais bem sucedido do Rio, tem certeza de que está me dizendo que não posso subir ao quarto do meu marido e o fazer uma surpresa? - os olhos da mulher ampliaram em seu rosto oval, rapidamente recuperando a compostura. Logo ela me deu uma olhada de pena, e meu sangue ferveu, ela com certeza sabe que meu marido ama me colocar chifres.
— Perdão pelo inconveniente Senhora Forbes, o quarto do Senhor Forbes é o número 310. – ela pegou uma chave extra e me entregou em mãos.Respirei fundo e segui meu caminho, o quarto ficava no 5° andar, então peguei o elevador que para a minha sorte estava vazio. Respirei fundo, uma, duas, três e quatro vezes. Sentia minhas mãos tremendo ao lado do corpo e percebi que estava no andar certo. Encarei a porta 310 e regulei a minha respiração, com as mãos leves e sem fazer barulho, destranquei a porta e abri devagar.
Meu primeiro instinto foi congelar na porta. Mesmo assistindo a tudo minha consciência não queria acreditar naquilo que eu estava vendo. Meu marido a quem tanto amei, e a minha melhor amiga, dormindo juntos. Transando iguais a dois cachorros no cio. Mesmo sentindo meus olhos arderem, não darei o gostinho de me verem chorar.
Não é do meu feitio fazer escândalos e nem baderna, por isso, com a voz mais calma que consegui reunir naquele momento, comecei a falar.
— Agora eu estou realmente surpresa Daniel. – Bati palmas três vezes, apenas para chamar a atenção dos traidores o "meu marido" me olhou e arregalou os olhos. A desgraçada se cobriu tentando esconder o seu rosto. — Andréia querida, não adianta tentar esconder seu rosto não. Eu já te vi.
— Amor não é isso que você está pensando. - Ele teve a coragem de levantar e tentar encostar aquela mão imunda em mim.
— Me faça o favor então de me explicar como isso. – Apontei com desgosto para os dois. — Não é o que eu estou pensando?
— Amiga a culpa é dele... – Andréia já chorava em cima da cama, me fazendo sentir ainda mais nojo de sua pessoa.
— Vai me dizer que ele te obrigou? Vai tentar me convencer que você não estava sentando essa boceta nojenta no pau dele? Andréia eu tenho nojo de você, nojo de um dia ter te estendido a mão.
— Amor. Me desculpe eu não queria, eu juro que foi tudo armação dessa ordinária. – Eu queria rir com a desculpinha sem noção. Andréia o olhou com a expressão magoada, e ali eu tive certeza de que o caso deles é antigo.
— Eu não quero ouvir nenhuma desculpinha sua porra. Você, assim como ela me enoja.
— Amor... – Daniel tentou agarrar meu braço, mas fui mais rápida e corri para perto da porta aberta.
— Não consigo acreditar na minha burrice. Como eu nunca desconfiei? Fui idiota. Alguma coisa do que tivemos foi real? – Não posso mais ficar e ouvir sua resposta, preciso me afastar o mais longe que puder dessas cobras.— Você tem todo a razão de estar brava comigo. Mas vamos embora. Em casa resolveremos isso.
— Você realmente acredita que depois disso eu vou para casa com você? - perguntei chocada. — Não meu amor. O único lugar que eu vou querer te ver agora, vai ser quando assinarmos o papel do divórcio.
— Espera Becca por favor, tenta me ouvir. – Andréia ainda teve a coragem de encostar aquela mão nojenta na minha. Puxei com força e encarei sua face, seu corpo estava enrolado no lençol branco.
— Vocês são duas pessoas de muito mal caráter, se merecem mesmo. Mas, apesar de tudo, eu não vim aqui para atrapalhar a noite de vocês. – Minha voz estava mais fria do que nunca, segurei na ponta do lençol e a deixei nua, do jeito que a vi quando entrei no quarto. — Vão para o inferno vocês, ouvi dizer que lá é bem quentinho. – Consegui soltar uma risada mesmo com os olhos cheios de lágrimas.££££££££££££££££££££££££££££££££
Para quem leu a primeira versão, convido humildemente a reler essa segunda versão. Capítulos novos pelo menos 1 vez por semana. Por favor não desistam da história. Sei que ela tem potencial.
E... Por favor, deixe uma estrelinha e pelo menos um comentário, receber feedback de vocês leitoras, é tudo para mim!

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Traída.
Chick-LitATENÇÃO: Rebecca se casou aos 20 anos com o que ela achou ser o amor da vida dela, mesmo que para ela os anos tenham sido bons, a realidade é a mais dura de encarar. A jovem mulher meiga, carinhosa e esperta além da conta se viu num beco sem saída...