Capítulo 1

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Não sei como e onde começaram as tradições que minha família seguiam, mas não havia questionamentos, tudo era recebido de forma quieta e absoluta. Apenas deveríamos aceitar nosso destino.
Você deve estar se perguntando do que estou falando. Irei lhe contar brevemente no que estou envolvida até o pescoço.
No Reino de Avalore, existe uma tradição antiga e eterna, um compromisso de sangue e entre famílias. A cada 10 anos, uma fada plebeia é mandada para o reino dos humanos em busca de saber como está as coisas por lá e descobrir se ainda há alguém que creia em nós. Sim, nós. Sou uma fada plebeia, de uma das família mais consideradas do reino, a família Cien, posso não fazer parte da família real, mas minha família é tão rica e poderosa quanto, por conta disso corro grande risco de ser a escolhida a partir para o mundo humano, sofrendo riscos a todo o momento. Porém isso não me importa muito, minha força e meu poder pode matar qualquer humano imbecil que vier a se meter comigo.
O pronunciamento será falado daqui a apenas um dia. Nunca me senti tão pronta, fui preparada para isso, para esse grandioso momento. Tantos treinamentos, provas e testes vão me levar para um mundo diferente e para a busca de uma solução para o desaparecimento do crer.
Olho para a mulher que está sendo refletida no espelho. Ela sorri para mim, um sorriso de vitória. Ela sabe que vai ganhar, vai ser a nova escolhida da Grande Escolha, como alguns chamam. A fada mexe nos cabelos curtos e azuis ajeitando alguns fios rebeldes.
- Leigh! – Minha irmã me chamou, aparecendo do meu lado, eufórica – Uau – Ela me olhou de cima abaixo, sorrindo a todo momento.
- Eu sei. Estou maravilhosa – Disse, dando-lhe um sorriso.
- Ninguém precisa dizer, não é mesmo? – Fernyn disse, observando seu reflexo no espelho. Ela estava razoável comparada a mim. O cabelo loiro preso em um coque, levemente solto, e seu vestido curto e rodado, dava-lhe um ar despojado e infantil. Não liguei, o que importava era eu.
- E nossos pais? – Perguntei, indo em direção a porta e a abrindo para ir em direção a sala de estar enorme de nossa casa – Peguem minhas malas, por favor – Falei para as criadas que aparecem rapidamente e acenaram com a cabeça, obedecendo minhas ordens.
Fernyn veio logo atrás de mim, andando ao meu lado, apressada disse:
- Eles pediram para chamar você, irmã.
- Entendo – Disse, calma. Meu tom de voz não se alterava de maneira alguma, estava tão séria e serena quanto uma futura escolhida deve ser.
- Está tão calma – Minha irmã disse, me observando – Nem parece que irá ver a família real amanhã.
- E eu deveria estar nervosa? – Virei meu rosto para encarar os pequenos olhos castanhos da minha irmã. – Não tenho nada a temer, Fer. Não há o que temer, é só um pronunciamento.
- Pelo incrível que pareça – Fernyn parou, pensativa, suspirou e prosseguiu. -, vou sentir sua falta.
 A olhei com toda a ternura e amor que eu possuía em meu coração, o que não era muito, entretanto foi o suficiente para encher os olhos de Fernyn de lágrimas, borrando a maquiagem rapidamente.
Arregalei os olhos, fazendo ela rir:
- Se controle, Fernyn! – Falei dando lhe um leve tapa em seu braço fino e magro. – Não chore! Por favor, irá borrar ainda mais sua maquiagem!
- Desculpe, desculpe. Só me emocionei! – Ela comentou rindo e ao mesmo tempo secando as lágrimas com um lenço que havia guardado em algum lugar do seu vestido, parecia que estava preparada para o momento.
- Então não se emocione. – Disse, séria. Não posso mais tentar ser carinhosa, se não ela irá chorar novamente e não sei o que faria para controlá-la.
Seguimos o trajeto que ainda restava em total silêncio. Fernyn sabia que eu seria escolhida, nós éramos unidas, ela, com certeza, será a que vai sentir mais minha falta. Se pudesse a levaria comigo, porém o rei escolhe somente uma fada.
E seria eu.
Chegamos na grande sala e meus pais já estavam esperando ansiosos por nossa chegada. Minha mãe já me recebeu me dando um terno abraço e arrumando a saia do meu longo vestido vermelho. Meu pai não expressou muitos sentimentos, apenas olhares de preocupação.
- Está tudo pronto? – Ele perguntou, me dirigindo um olhar rápido.
- Sim, pai – Respondi rápida como um raio. Ele apenas balançou a cabeça e saiu para fora em direção a carruagem.
- Minha filha está tão linda. O rei ficará encantado por ter uma menina tão linda e poderosa em seu castelo – Minha mãe disse transbordando orgulho em sua fala.
- Ficará mesmo. Ninguém chegará a seus pés – Fernyn disse, arqueando uma sobrancelha e sorrindo.
- “Somos o império, somos o poder” – Mamãe falou a frase de nossa família e dissemos todas juntas, em uníssono.
Elas foram na frente indo em direção a imensa porta de madeira branca, decididas a ganhar, decididas a me ver ganhar. Eu fui na retaguarda, observando a calda longa do vestido da minha mãe, possuía várias pedras que estavam costuradas junto ao tecido vermelho, cor da nossa família.
- Eu sou o império, eu sou o poder – Sussurrei para mim mesma.

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