Capítulo 4

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A escuridão me recebeu, me apertando com toda a sua força, a dor lhe ajudava, me deixando conturbada. O braço latejava tanto, ao modo que não conseguia abrir meus olhos. Contudo não era só por causa disso que eu não despertara meus olhos para ver o ambiente, eu estava com medo. Medo do que poderia ver, ouvir, sentir.

O sentimento tomou conta do meus nervos e pude sentir minhas mãos tremerem, eu sonhei tanto com isso, mas não assim, com mortes nas minhas costas, sacrifícios feitos, sangue me cobrindo por inteiro, não era para ser assim.

Por que?

Os olhos de Nasia apareceram em minha mente, olhos de gato, sempre alegres, mostrando sua felicidade para todos. Mas minha mente queria me perturbar, me culpar, me levando a pensar na espada cravada em seu peito, o sangue gotejando, uma morte rápida, não houve dor, não houve tempo.

Fui eu.

Não, não fui eu. A espada, mesmo com os detalhes em dourado e o cabo avermelhado, não foi controlado por mim para atingir seu coração, eu prometi que não a mataria, e não a matei.

Então quem foi? Rebeldes?

As perguntas apareciam em minha mente como gotas de chuva, depois como um tufão, me deixando mais confusa, a dor em meu braço piorava a cada segundo, porém isso não fazia minha consciência parar de relembrar tudo o que aconteceu.

Leif.

O pobre menino deve estar mais desorientado que eu, tudo aconteceu tão rápido, se está difícil para eu entender, imagine para uma criança de quatro anos.

Os meus olhos se abriram de leve e devagar, tentando me acostumar com a claridade do ambiente, a sala eu que estava era aconchegante, sofás fofos e com estofado vermelho mobiliavam o local, a lareira a minha frente estava intocável, parecia nunca ter sido usada, a parede com um tom de vinho deixava o lugar escuro, e as janelas estavam com cortinas pesadas e escuras proibindo a entrada da luz do sol.

Continuei observando o local, dando de cara com o que parecia ser o príncipe Axel, porém o cabelo estava bem maior e os olhos eram de um tom de azul vivo, como um céu de verão.

- Pelas minhas flores! – Sussurrei, tentando controlar meu susto, mas ele percebeu minha atitude e arregalou os olhos.

- Olá...? – Ele falou com um tom baixo, quase inaudível, os olhos azuis confusos me olhando como se fosse uma pessoa de outro mundo.

E realmente eu sou.

- Axel? – Falei, confusa, tentando me levantar, usando o resto das minhas forças, a roupa estava só os trapos, cheia de marcas de sangue e sujeira.

- Leif. – O garoto falou mais cauteloso, porém convicto do que dissera.

Não sei quanto tempo fiquei olhando para ele tentando entender o que queria passar, mas pareceu que foram longos minutos, meus olhos com os dele. Nada vinha a cabeça.

- Leif? – Perguntei, sem entender, olhei para os lados tentando encontrar o pobre menino, mas nada, não o vi em nenhum lugar. – Onde está Leif?

- Eu sou o Leif. – Ele apontou para si, erguendo uma sobrancelha, os olhos revelando uma faísca de animação pelo que havia acontecido.

- Oi? – Pisquei várias vezes, o que ele havia dito está além da minha compreensão, como assim Leif, que tinha apenas quatro anos, se tornou um gigante forte e bonito?

O garoto riu da minha incredulidade, mas logo ficou sério:

- Estou falando sério, sou eu, o garotinho que estava com você, irmão do príncipe Axel, filho do Rei Maloh e da Rainha Elisea – O possível Leif falou tudo em um só fôlego, tentando me fazer acreditar nele. – Sou eu, acredite em mim.

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⏰ Última atualização: Oct 15, 2017 ⏰

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