capítulo 10

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Pedi para o Anderson se retirar da minha casa, ele sai de cabeça baixa, fecho a porta, me encosto nela e começo a chorar. Choro porque eu me iludi muito fácil, como eu acreditei que um cara como ele se apaixonaria por mim? Eu sou somente uma garota de programa, mas vou me superar disso. Eu sei que vou.
Decido antecipar minha viagem, estava morrendo de saudades da minha mãe e também precisava descansar um pouco e esquecer os problemas. Em uma hora estou pronta, pego minha mala enorme, porque pretendo passar alguns meses por lá, fecho a porta da minha casa e saiu. Saiu decidida a mudar de vida.
Depois de horas viajando eu finalmente chego, olho para o portão da casa da minha mãe, respiro fundo, antes mesmo de entrar já estou chorando. Chamo pela minha irmã e minha sobrinha vem correndo me atender, abre o portão e me abraça:
-Titia, titia!! 
-Oi meu amor, que saudades!! -Pego ela no colo e a rodo em meus braços e ela ri.
Vou entrando e minha irmã vem me abraçando:
-Até que fim mana! Mãe vai ficar muito feliz em te vê. 
Vou até o quarto de minha mãe e vejo ela deitada, está magra e aparentemente mais velha, sinto uma dor no peito e corro para abraça-la.
-Minha menina voltou. -ela fala e a voz quase não sai.
-Mãe a senhora não sabe o quanto senti sua falta. Me deu um baita susto! Não vou pra casa nem tão cedo.
-Aqui é sua casa filha. Um bom filho a casa torna.
Choro, não sou boa filha.
-Te amo mãe! 
> Os meses se passaram e minha mãe cada vez pior, usei todas as minhas economias em tratamento, mas tudo em vão, eu e minha irmã não sabemos mais o que fazer, estamos tristes e buscando forças em Deus. As vezes penso que estou sendo castigada por causa da vida que tive, Deus não aceita prostituição e estou pagando por isso sofrendo muito por vê minha mãe assim e não poder fazer nada.
Um sábado à tarde meu telefone toca, é o Anderson. Ignoro, mas confesso que meu coração acelerou, meu estômago embrulhou, sintomas de apaixonada. Me acho uma idiota.
Ele insiste e liga mais umas 20 vezes, logo em seguida manda mensagem: "Bárbara, não faça isso comigo, eu preciso de notícias suas, eu vou enlouquecer". Visualizo a mensagem e o bloqueio, não quero mais contato com ele, foi difícil superar sua ausência nesses meses. Ele insiste em ligar e eu desligo o celular, mais tarde vou até uma loja e compro um chip novo, não quero ser incomodada mais.
Quando chego em casa não tem ninguém, o portão esta aberto e a porta também, acho estranho porque minha irmã sempre fecha tudo, ligo pra ela:
-Bruna onde vocês estão? 
-Bárbara- ouço um choro desesperado -Bárbara a mãe se foi!!
Meu coração gela e acho que até parou de bater por alguns segundos. Eu sento no sofá e não respondo nada, minha irmã chora compulsivamente e eu faço o mesmo. Nós estávamos nos preparando para esse momento, mas não sabia que seria tão difícil. Desligo o telefone e me deito no sofá, precisava de um abraço e de alguém para me dizer que iria ficar tudo bem.
> Dias se passaram desde a morte da minha querida mãe, minha vida foi enterrada junto com ela, agora pra mim tanto faz ser prostituta ou não. Eu e minha irmã passamos por necessidades, eu usei todo meu dinheiro para tentar salvar a vida da minha rainha e agora nos vimos perdidas e sem nem o que comer. Decido voltar para a Cidade, pelo menos lá eu sei que vou conseguir dinheiro, a minha inspiração de mudar de vida se foi e eu não faço o mínimo de esforço mais para isso. Não vou deixar minha irmã e minha sobrinha passarem por isso, vou dar o melhor a elas.
-Tchau Bárbara, não demore a voltar! Sentirei muitas saudades.
Me viro sem falar uma palavra se quer, sem olhar para trás entro no ônibus e retorno para a cidade.
Horas depois chego, estou perdida pois nem casa tenho mais, ligo para o Léo e ele imediatamente diz que vai me buscar. Sento no banco da praça para esperar, fico perdida em meus pensamentos, lembrando de tudo que vivi nessa Cidade, Léo chega e buzina do outro lado da rua, eu saiu correndo sem nem olhar para os lados, quando me dou conta Léo está gritando:
-Olha o carro!!
Eu me viro e logo em seguida um carro preto bate em mim me fazendo cair, um cara sai de dentro do carro:
-Não olha por onde anda garota? Eu podia ter te matado!!
Levanto a cabeça e peço desculpas. 
-Bárbara??
Pisco o olho várias vezes para ter certeza de que estava vendo certo:
-Anderson? 
Meu coração pulsa rápido e fico sem reação.

CONTINUA...

Barbara à prostituiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora