Por Você Dean.

Cobertores, sedativos, ferimentos e mais sedativos.

-Castiel teve outra parada cardíaca conseguiram reanima – ló, dessa vez ele não desmaiou – sorriu ao ver o sorriso no rosto do loiro – Espere – segurou os ombros do mais alto assim que o mesmo avançou para entrar no quarto ansioso para ver o amigo – Ele está meio que no mundo da lua – cruzou os braços frente ao corpo – Muita dor e teve um sangramento nos cortes eu acabei tendo que dar alguns sedativos para ele, a respiração ainda está difícil então preste atenção e não o force pode piorar – as palavras indicavam claramente que Castiel ter acordado não era um sinal de vitória mais já era um passo para uma possível.

A médica se moveu dando espaço para o loiro entrar no quarto que o fez hesitante, assim que pôs os olhos no moreno Dean soltou toda a respiração que tinha prendido no pulmão, os tubos não estavam mais ali, havia sangue no chão, Castiel tinha a boca entreaberta, os olhos estavam fechados e o peito subia e descia com força para respirar, sua face se contorceu com a visível dor e Dean pareceu se quebrar ao ver o anjo se remexer desconfortável, as pálpebras se abriram lentas procurando algum foco que não acharam.

-Dean? – a voz rouca saiu baixa como um sussurro o coração do loiro acelerou ao ouvir aquela voz mais uma vez e agradeceu por isso – Dean está ai? – Castiel insinuou querer levantar e isso fez Dean se mover rápido segurando levemente os ombros do anjo

-Shh Cass quieto não pode forçar nada agora, estou aqui – sorriu ao ver as íris perdidas se focarem em seu rosto – Descanse agora certo – afagou os fios negros se repreendendo mentalmente por esse gesto

-Está frio Dean – as íris perderam o foco dançando novamente de um lado ao outro

-Vou pegar algumas cobertas – iria sair, pelo menos era essa a intenção pegar cobertas para esquentar Cass mais o aperto fraco do moreno do pulso de Dean o fez parar

-Não vai – os olhos de Castiel não fitavam Dean mais ele podia ver o completo desespero dentro deles

-Só vou pegar algumas cobertas – disse sereno voltando ao amigo

Castiel não disse nada mais os dedos envoltos do pulso de Dean indicavam que o moreno não queria que o loiro saísse de perto. Dean suspirou devagar

-Está com frio Cass precisa se aquecer só vou pegar algumas cobertas prometo que não vou fugir – segurou a mão de Castiel que estava em seu pulso – Eu prometo – deu um leve aperto na mesma que se soltou de seu pulso o deixando ir aonde quer que seja.

Não Dean não queria sair de perto do moreno, mais no momento a prioridade era aquece – ló e era isso que Dean iria fazer, sua mente gritava Cass a cada batida de seu coração, o mesmo se aqueceu quando ouviu a voz do moreno bombeando mais sangue a cada momento que o corpo de Dean processava felicidade a ver seu anjo da guarda bem. E mais uma vez naquele dia Dean agradecia mentalmente quem quer que seja que lhe concebeu esse acontecimento.

Os passos eram largos e apressados, segurava três cobertas voltando para o quarto, prendeu a respiração ao ver o anjo de olhos fechados e a soltou em seguida ao ver o peito do anjo subindo e descendo com força.

Cobriu Castiel até o pescoço com as três cobertas, o anjo não abriu os olhos ou se mexeu, com a dosagem de calmantes ele estaria no mundo dos sonhos.

E nesse momento Dean se permitiu chorar, ele havia permitido sua mente se conformar que o amigo iria partir, um choro de felicidade e agradecimento a todo os deuses que permitiram o anjo viver, Dean tinha medo daquele monte de sentimentos, tinha medo de sinto – lós e se quebrar mais uma vez além do mais ele não podia se apaixonar por Castiel afinal de contar ele é homem e Dean não ficava com homens não poderia estar apaixonado por um.

Naquela noite Dean não pregou os olhos, assim como nas outras vezes, seus olhos fixaram na expressão serena do anjo e do peito que subia e descia com força indicando ainda respirar, ele só queria que no amanhecer Castiel abrisse os olhos só queria que o moreno não sentisse mais dor, não queria ver as cicatrizes extensas nas costas do anjo, queria ouvir a voz grossa o chamando como se nada tivesse acontecido. Mais aconteceu e ele não sabia o porquê e esse fato o corroia por dentro, indicava que Cass não havia confiado nele mais uma vez para lhe contar o que estava fazendo e mais uma vez o anjo saia ferido com graves conseqüências e mais uma vez o coração de Dean havia se quebrado.

O amanhecer veio rápido e por um momento o loiro deixou o corpo relaxar, observando pela janela o céu que estava em uma bela mistura de azul e laranja com o nascer do sol.

A porta se abriu e Sam entrou carregando café e lanches pro irmão.

-Bom dia, cara você precisa dormir – parou ao pé da cama de Castiel mirando o irmão

-Eu sei bom dia – estendeu a mão para pegar o café

-Como ele está? – Sam olhou o rosto do moreno, tinha as expressões serenas de quem dormia em sono profundo e sonhava com unicórnios ou quase isso

-Dormindo desde ontem – Dean também fitou o moreno mais logo sua atenção se voltou para o lanche – Finalmente você não esqueceu a torta – mordeu o pedaço de torta que Sam havia trazido – Como foi lá? – perguntou se referindo ao caso

-Rápido, encontrei Claire que estava no caso e bom ela já tinha todas as informações então só fomos direto ao ponto – explicou dando de ombros

-Bom – voltou à atenção a torta estava deliciosa.

O gemido baixo que veio da cama chamou a atenção de ambos, Dean largou a torta e o café se levantando e se colocando ao lado da cama mirando Castiel com as esmeraldas apreensivas, as íris azuis cheia de medo e cansaço miraram Dean o mesmo prendeu a respiração.

-Dean – a voz era rouca, grossa, sofrida e mais baixa do que Dean esperava ser

-Cass – Dean não sabia o que dizer, não tinha o que dizer, era sentimentos demais surgindo dentro dele

-Sam – o moreno mirou o irmão mais novo que sorria com a felicidade de ver o amigo bem

-Cass como está? – era uma pergunta idiota mais nem Sammy sabia o que falar.

-Com dor e frio – os lábios tremeram

Dean chamou a enfermeira apertando a campainha e logo ela estava lá.

-Castiel – disse checando os aparelhos ligados no anjo – Deu um bom susto na gente – sorriu amarelo descobrindo o anjo que tremeu de frio – Preciso ver seus pontos – começou a virar o anjo sem permissão o que o fez gritar pela dor de ser movimentado sem avisos e com certa brutalidade.  

-Está machucando ele – Dean avançou sobre a enfermeira mais foi segurado por Sam que o segurou pelos braços repreendendo o loiro com o olhar, Dean bufou frustrado se desvencilhando do irmão, voltou os olhos ao rosto do anjo e as feições distorcidas indicavam muita dor.

-Vão demorar a cicatrizar – Dean a viu retirando a gaze encharcada de sangue

Dean arriscou a dar alguns passos para olhar e se arrependeu ao mesmo instante, o ferimento agora fechado era horrível e ainda escorria sangue por alguns pontos, seguiram do meio das omoplatas até metade das costas de Castiel, deixando dois rastros horríveis de sangue e pontos pretos.

A enfermeira terminou de limpar, fechou a camisola do moreno e agora o voltou à posição anterior com mais cuidado, lhe deu alguns remédios e saiu dizendo obrigada. Castiel mantém os olhos fechados, ao mesmo tempo sentia dor, vergonha e arrependimento, ele não queria encarar os amigos, ele havia mais uma vez ferrado com tudo e dessa vez lhe tiraram uma das coisas mais preciosa que pertencia ao seu ser: suas asas e sua graça a dor física e emocional eram enormes que ele podia jurar que sentia o peito rasgar, amava os humanos mais não gostava de ser um.

-Cass? – a voz aveludada de Dean o fez acordar dos pensamentos sugou ar pelos dentes e abriu os olhos fitando o teto.

-Cass o que aconteceu? Deve ser difícil falar, mas precisamos saber você sumiu e depois te encontramos quase morto – Sam disse com toda a cautela e calma

Castiel iria responder, mais a dor dilacerante que tomou conta de seu corpo não deixou e um longo grito escapou de sua garganta e mais uma vez a enfermeira veio e mais uma vez o anjo foi sedado sendo jogado no mundo dos sonhos. Deixando um Dean sem reação e preocupado e um Sam sem saber o que fazer apenas esperando.