Segunda-feira era dia de folga no Chuckie's e Rosa poderia aproveitar sua noite à vontade em estabelecimentos que aceitassem que se pagasse a conta com apenas dois dólares. Esse dia em especial ela e Megan escolheram para assistirem filmes antigos no cinema. Já era quase onze da noite quando o último filme, A Lagoa Azul, terminou.
As duas amigas tomaram um ônibus de volta para a região onde moravam, contentes por terem um tempo para si mesmas.
- Cara, eu não acredito que as crianças assistiam a este tipo de filme. O cara tava pelado, totalmente nu! – Rosa riu.
- Pois é. Antigamente as coisas eram bem mais simples. Tão simples que passavam desapercebidas.
As duas acabavam de descer do ônibus e caminhavam em direção ao prédio onde Megan morava. Como mais velha, Rosa sentia-se compelida por algum sentimento de proteção fraternal para com a amiga.
- Realmente, Meggie... – o sorriso de Rosa morreu – as coisas eram bem mais simples...
A amiga preocupou-se, dando um tapinha nas costas dela.
- Mas agora são muito mais divertidas, você não pode negar!
- Que nada, Megan. A vida anda tão parada...Nem brigas mais tem tido lá no bar. Nada de diferente para se ver...
- E seu "amigo" vampiro-trombadinha? Não apareceu novamente?
- Não tem graça! E Graças a Deus nunca mais o vi e espero nunca mais ver MESMO.
As duas pararam em frente ao prédio no estilo clássico nova iorquino.
- É aqui que eu fico, Rosie.
- Está entregue! Diga ao velho Linch que ele ainda me deve uma partida de xadrez!
- Pode deixar! Tome cuidado!
Megan entrou, trancando a porta de madeira com janelas de vidro atrás de si.
Rosa não andaria mais do que cinco minutos até chegar ao bar, que era virando a esquina. Mas tão logo deixou a amiga em casa começou a ter a estranha sensação de que estava sendo seguida.
A àquela altura da noite num início de semana não havia quase ninguém e apenas um carro ou outro passava de vez em quando lá na rua principal.
Rosa engoliu um seco, parou e olhou a sua volta. Tudo deserto. Ela apressou o passo. Não podia acreditar que aquele maluco estava seguindo ela! Sem celular a única coisa que poderia fazer era gritar.
Apesar da curta distância, chegou à porta do pub totalmente esbaforida. Arrancou com tanto nervosismo as chaves do bolso que elas acabaram caindo no chão. Abaixou-se rápido para apanhá-las novamente e quando se reergueu a última coisa que viu antes de apagar foi um reflexo atrás de si.
A cabeça doía e a garganta seca arranhava. Rosa tentou mexer os braços, mas sentiu que estavam dormentes. Ao abrir um olhos uma luz intensa a cegou.
Uma lâmpada solitária pendia do teto, iluminando poucos metros a sua volta.
Estava sentada numa cadeira de ferro com as mãos amarradas para trás. O local era algum tipo de armazém ou coisa parecida, estava escuro demais para distinguir. Um som de passos chamou a atenção.
Da direção que o barulho vinha a silhueta distinta e esguia de uma mulher se formou, mostrando logo ser da mulher que visitara o bar na semana passada.
- Você! – Rosa exclamou, maldizendo a dor de cabeça que acompanhou o esforço de falar um pouco mais alto, na tentativa de ser ameaçadora – O que está fazendo?
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Predador (Degustação)
RomanceRosa Alvarez era uma típica jovem criada no Bronx, cujo os sonhos haviam sido esmagados pela realidade se ser uma imigrante Latina em um país que os via apenas como mão de obra barata. A bartender julgava já ter problemas demais, até encontrar o jov...