--- Sério? -- Perguntei, alarmada.
--- Sim, falei umas poucas e boas pra ela, disse que ela era oferecida e que ficava com qualquer um que lhe desse vinte dólares, ela contou pro pai, tive que responder por agressão verbal, calúnia e outras coisas mais -- Disse ele.
Fiquei espantada com a capacidade daquela garota, isso era o ruim de ser novata, perdia todos os episódios interessantes, certamente, meus problemas com meus poemas não era nada parecido com aquilo, e olha que eu havia acabado de chegar a escola, logo no começo, as pessoas já zombaram de mim a vontade, que péssima escola.
--- Mas e você? Nunca teve problemas? -- Indagou ele.
--- Sim -- Respondi.
--- Quais? Como foram?
--- Eu escrevo poemas.
--- Sério? Posso ler? -- Perguntou ele entusiasmado
--- Não, na realidade, foi por isso que tive problemas, tá vendo aquelas garotas lá? -- Disse apontando por cima do ombro dele.
--- Sim, aquelas que você queria se sobrepor? Estou vendo.
--- Foram elas que roubaram meu caderno e leram pra sala de matemática inteira toda, a do meio, Kelly, é a mais sínica e estúpida das cinco, disseram que eu escrevi a aqueles poemas pra um garoto que eu gosto, na verdade gostava, por isso quis fazer algo que elas não tinham atitude o suficiente para fazer, pra me sobre sair e mostrar que sou melhor -- Falei.
--- Nossa, deve ter sido horrível, mas, se você deixar suas obras escondidas, quando vem ao público, sem seu consentimento, provavelmente eles irão rir, mas se mostrar a todos o que sabe fazer, será diferente. Eu sempre dizia que não sabia jogar basquete, quando entrei em quadra pela primeira vez, riram de mim, até me passarem a bola, brilhei na quadra, hoje, jogo no time da escola. Tenho certeza que seus poemas são ótimos, mas se não levar a público, ninguém irá te reconhecer como poeta -- Disse ele, respirei fundo.
--- O meu maior medo, é que, mesmo mostrando ao público, eles não agradem -- Disse, por fim.
--- Bom, claro que vão criticar, porque criticar é mais fácil que fazer melhor, mas não ligue, sempre terá alguém com a mente aberta o suficiente pra reconhece-los como bons poemas, agora, posso lê-los ou não?
--- Talvez um outro dia -- Menti, eu não tinha intenção de deixar ninguém ler eles, nunca.
--- Bom, espero que faça o que eu disse, e...
Triiiiiiiimmmmmmm....
--- Bom, hora de voltar pra sala -- Disse ele, levantando rapidamente e caminhando em direção aos corredores.
--- Ei, pelo menos me diz seu nome -- Falei.
--- É, Liam -- Disse ele, se virando --- E o seu?
--- Hillary -- Falei, ele deu um sorriso.
--- Até -- Falou, se virando e indo.
--- Até -- Falei pra mim mesma, pois ele já estava longe.
Caminhei em direção aos corredores, já estavam lotados de alunos, fui até meu armário, o abri devagar e puxei meu livro de Francês, quando fechei, me assustei, Kelly, estava ali, como sempre, com aquela cara sínica, enrolando uma mecha de seu cabelo loiro na ponta do dedo, como odeio essa garota, tranquei o armário.
--- Como vai esquisita?
--- Vou bem, e você, sua sem-atitude! -- Retruquei.
--- Bom, vou deixar bem claro, o Liam é a estrela do basquete desta escola, ele mal voltou e já está brilhando na quadra, estou de olho nele e já que eu sou a mais popular, é mais conveniente Liam ficar comigo, poderíamos até sermos rei e rainha do baile de inverno, então, nem pense em se aproximar dele -- Disse ela, dei um sorriso irônico.
--- Faça-me o favor, quem é você pra me impedir de fazer o que quero?! -- Disse a ela.
--- As consequências serão séri...
--- O que vai fazer? Ahn? Mostrar meus poemas pra toda sala? -- Disse ironicamente, a interrompendo.
--- Vai se arrepender de se meter comigo -- Disse ela saindo.
--- Nem um pouco -- Gritei, quando ela já estava longe, só vi quando ela fez um gesto obsceno com as mãos.
Me direcionei a aula de Francês, entrei devagar e me sentei no meu lugar. No começo do ano, a possibilidade de aprender outro idioma, como Francês, me encantou, mas depois que as aulas começaram foi um fiasco, me dão sono e tédio, ainda mais quando a professora desanda a falar em Francês, eu não me situo muito bem na aula, fico perdida.
Pensei em tudo que Liam, me falou, talvez ele esteja certo, mas, se eu mostrar meus poemas ao público, será satisfatório? Vão me reconhecer? Entender quem sou por aquilo que escrevo? Saberão o que eu sinto? Responder essa perguntas é tão difícil quanto estabelecer um conceito inflexível a paz, praticamente impossível. Seria sorte se ninguém me criticasse, provavelmente ficarão indignados, e também, não sei de que forma trazer meus poemas ao público.
Uma vez, meu irmão leu alguns poemas meus, ele disse que estava bom e que eu deveria continuar a escrever, mas depois desse episódio, nunca mais ele perguntou sobre meus poemas, nem se interessou pelo que eu andava escrevendo. É triste, fazer algo de bom e não poder compartilhar com ninguém, me sinto sozinha, sem ninguém pra compartilhá-los, a pensar dessa forma, é até difícil transmiti-los ao público.
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Noites De Sábado
RomanceApenas mais uma história, feita por mim, pedindo para que vocês leitores sejam diferentes, assim como Hillary e Liam, se encontrem em uma outra realidade, mostre ao mundo que a loucura é o antídoto para a destruição da sanidade.