Erik

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Quando Erik acordou não se recordou onde estava e o que tinha acontecido, estava com uma dor muito forte na cabeça e não conseguia se mexer. Ouvia vozes, mas não sabia de quem era, quando tentou se levantar sentiu uma mão em seu peito o impedindo. Quando abriu os olhos viu Nerá ajoelhada ao seu lado, ela estava com os olhos vermelhos, mas estava segurando as lagrimas.

O capitão Jaime apareceu em poucos minutos e ajudou Néra a levantar Erik. Quando finamente ficou de pé, o rei viu as crianças ao seu redor e lembrou na mesma hora o que tinha acontecido com ele. A guerra de comida que ele avia começado, as risadas das crianças, a comida voando para lá e para cá e o bolinho que ele tinha pisado e o levado ao chã. Todas as crianças estavam assustadas, e quem não ficaria, mas Erik não poderia deixar que a noite terminasse assim. O rei ignorou a dor em sua cabeça e abriu um sorriso.

-Quase que eu caio. - Todos em sua volta sorriram e ficaram aliviados, menos Néra, a não, ela era mais difícil de ser convencida, estava furiosa com ele.

- Jaime me ajude a levar o rei aos seus aposentos por favor.

-Vocês não acharam que eu ia ser derrotado por um bolinho né?! - Quando Erik olhou para sua conselheira viu que só tinha piorado a situação

-O senhor caiu e bateu a cabeça, precisa ser examinado agora!. - Mais uma vez tinha perdido a batalha para ela, era como se ela soubesse o que falar na hora certa. Erik ficava encantado com sua maneira e sua postura, parecia que nada a assustava nem mesmo aquela situação, mas ele sabia que o medo estava ali e só queria tirar isso dela.

-Escutem crianças, quando uma mulher tem razão vocês fazem o que ela mandar ok.

Jaime, Néra e as crianças levaram Erik para seu quarto, quando chegaram lá o colocaram com cuidado em sua cama. Seu quarto era simples, as paredes eram escuras, tinha uma estante cheia de livros e uma escrivaninha no canto, próximo as janelas para quando ele quisesse estudar no quarto, perto da cama estava seu violão que era sua paixão desde criança. Seus pais adoravam ouvir ele tocar, quando chegava o final de semana onde deixavam de ser a família real e passavam a ser a família Dalton esse era o hobby preferido de todos no palácio, o conselheiro real Benjamim e sua filha Néra se juntavam a eles no jardim e ficavam horas e horas cantando e Erik tocando. Mas quando seus pais morrerão ele simplesmente deixou o violão de lado, não via mais sentido tocar sem eles para ouvir.

-Crianças acho que está na hora de levar vocês para casa, o rei precisa descansar, Jaime por favor acompanhei cada uma das crianças até suas casas.

-Não, essas crianças são minhas convidadas, hoje vocês vão dormir no Palácio, Jaime leve esse recado aos pais dessas crianças " seu filho (a) foi convidado (a) a passar a noite no palácio, elas serão bem cuidadas e retornarão em segurança para casa amanhã. Atenciosamente rei Erik".

-As suas ordens meu Rei. - Diz Jaime e sai para cumprir sua tarefa.

-Por favor crianças, vão tomar um banho enquanto eu cuido do rei, quando terminarem vão até a biblioteca e me esperem lá, vou ler uma história antes de vocês irem dormir.

Quando Néra terminou de falar uma serva chamada Ana veio buscar as crianças. Todas foram até Erik deram um beijo na sua bochecha e seguiram a serva deixando Erik e Néra sozinhos.

-O que foi isso? O senhor precisa descansar!

Erik em vez de responder simplesmente ficou a olhando sem reação, seus olhos ainda estavam vermelhos o que realçava seus olhos esverdeados a deixando mais atraente, não que ele gostasse de a ver chorando ou furiosa como estava, mas tinha algo nela que o chamava, algo que ele não compreendia.

-Você fica fofa quando está irritada. - Claro que Erik não queria dizer essas palavras, mas sairão de sua boca sem que ao menos que ele notasse.

-O senhor poderia ter se machucado.

-Não se preocupe minha cara, nada vai me derrubar até que eu veja todos felizes, principalmente você.

-Me perdoe se eu me preocupo com o senhor majestade.

Erik não sabia o que tinha feito, mas avia magoado Néra, disso tinha certeza.

-Néra?

Mas ela saiu o deixando ali em seu quarto sozinho, o rei ficou olhando a porta sem saber o que fazer, ficou pensando o que tinha dito de errado, mas não obteve resposta. Não queria que Néra ficasse magoada com ele, então levantou de sua cama e foi atrás dela. Ele a conhecia como ninguém ali, sabia a onde ela estava. Seguiu para a biblioteca e a encontrou sentada próxima a janela, antes de chama-la ele ficou a observando como sempre fazia. Então entrou.

-Néra eu sei que se preocupa comigo, a partir de hoje vou parar de fazer coisas tão estupidas e me comportarei como um rei deve se comportar.

-O senhor não faz coisas estupidas, o povo o ama como o senhor é, não mude seu jeito, basta tomar mais cuidado ok.

-Tomarei, prometo de dedinho.

Erik se lembrou de quando eram crianças, ele e Néra sempre brincavam juntos, correndo pelo palácio e assustando as servas, lembrou de uma vez que eles foram para a cozinha e em cima da mesa tinha uma bandeja de doces que Erik adorava, em vez de pedir para o cozinheiro eles pegaram a bandeja e sairão correndo, se esconderão no quarto dela e comeram os doces.

-Promete de dedinho que não vai contar para ninguém? - Néra disse a Erik.

-Prometo de dedinho! - Foi aí que começou a promessa de dedinho e os dois nunca pararam.

-O médico deve estar te esperando, não deveria ter vindo aqui senhor, deveria estar deitado.

-Já estou indo, cuide bem das crianças enquanto eu descanso por favor.

-Sim majestade.

-Obrigado, não sei o que seria de mim sem você.

-O senhor seria um rei sem uma conselheira majestade.

-É disso que eu tenho medo. - E era verdade, Erik não era capaz de se imaginar sem Néra ao seu lado, mas ela não precisava saber disso, não agora, não depois daquela carta que ele recebeu. - Vou para cama descansar, boa leitura Néra.

-Obrigada majestade, qualquer coisa me chama.

-Chamarei sim.

Quando Erik saiu da biblioteca e fechou a porta ficou ali parado imaginando como seria sua vida no futuro, ficou pensando o que Néra faria depois que descobrisse sobre a carta, ele sabia que avia alguma ligação entre eles que era mais que amizade, mas já tinha tomado sua decisão e não poderia voltar atrás, nem mesmo por ela.

-Majestade está tudo bem? - O rei olhou para trás e viu as crianças paradas ali e fica pensando deis de quando elas estavam ali.

-Ah, olá, está sim, vou para o quarto, boa noite crianças.

-Boa noite majestade.

Quando Erik chega em seu quarto o médico está a sua espera, mas ele o dispensou, disse que estava melhor, mas a verdade é que ele queria ficar sozinho, não queria encarar ninguém, não depois de ter mais uma vez se iludido pensando que poderia ter um futuro com Néra.

Ele a amava, amava de todo o seu coração, era capaz de morrer por ela, mas ele não era um homem comum, ele era um rei e um rei tinha que pensar primeiro em seu povo, seu pai fez sacrifícios por seu povo e Erik também faria, iria esquecer Néra, não escutaria mais seu coração. 

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