O reino dos sonhos

Néra

Eu estava sentada nos jardins do palácio observando o sol se por. Os jardins eram repletos das mais belas flores, havia rosas de todas as cores, jasmins, orquídeas, crisântemos, hemeracollis e tulipas; que era as minhas preferidas. Estava sentada perto do pequeno lago que havia no centro do jardim, pensando em todo o tumulto do dia anterior. Ainda não me lembrava bem do ocorrido, mas Erik contou tudo ontem em seu quarto. Outra coisa que não conseguia parar de pensar era o que aconteceu entre nós dois na noite passada ele me ama, nunca me senti tão feliz quanto esse dia.

Passei o dia descansando, fiquei em meu quarto deitada o dia todo a pedido do rei, mas já estava cansada de ficar sem fazer nada, por isso decidi sair um pouco para tomar um ar fresco. O final da tarde estava agradável, estava ventando de leve e espantava o calor do dia. A paisagem, com o sol se pondo, ficava ainda mais bonito, o céu estava em um tom laranja misturado com um vermelho e com alguns raios de sol atrás das nuvens, a vista estava de tirar o folego de qualquer pessoa.

-Aceita uma flor senhorita? - Eu estava tão distraída que não notei a chegada de Erik, ele estava com uma tulipa vermelha na mão.

-Obrigada. - Peguei timidamente a flor de mãos do rei e dei um sorriso amarelo abaixando rapidamente os olhos para ele não notar a cor vermelha em minhas bochechas. Sem que eu percebesse a noite anterior veio em seus pensamentos me fazendo corar ainda mais.

-Fui no seu quarto e você não estava, pensei que estava na biblioteca.

-Eu queria tomar um ar fresco. - Erik estava magnifico naquele final de tarde, banhado pela luz do sol ficava ainda mais bonito.

-Quer companhia?

-Sim, por favor.

Erik sentou ao meu lado e deu um beijo leve em minha cabeça, pegou minha mão e ficamos olhando o céu. Os raios do sol foram dando espaço para a luz das estrelas e da lua, ao longe as cigarras começavam a cantar e já dava para notar alguns vagalumes perto de ande estavam deixando o clima ainda mais romântico.

-Quer dançar? - Erik levando do banco e estendeu a mão para mim.

-Dançar? Mas não tem música, como vamos dançar? - Estava perplexa com o convite do rei, nunca havia dançado com ele antes.

Erik determinado a dançar comigo me puxou do banco com cuidado me deixando em pé, passou um braço em volta da minha cintura enquanto me olhava nos olhos, começamos a dançar vagarosamente enquanto cada um escutava a melodia que havia em seus corações.

-Não preciso de música Néra, pois você é minha música, sem você nem a maior orquestra do mundo seria capaz de atingir uma nota musical se quer. - Enquanto Erik estava dizendo essas palavras foi me puxando para mais próximo de si. Eu estava tão embriagada pelo momento que estava vivendo que me deixei levar, abracei ainda mais Erik, estávamos tão próximos um do outro que era capaz de sentir o coração dele batendo rápido.

-Ah Néra o que você fez comigo? - Eu senti a respiração ofegante dele, quando desencostei a cabeça do peito de Erik vi que sua boca estava a poucos centímetros da minha então o beijou. O beijo era delicado, saboroso e muito desejado, era nesse momento em que um diziam um ao outro o quanto se amavam. Erik se afastou lentamente de mim e ficou me olhando enquanto fazia carinho em meu rosto com a ponta de seus polegares. O toque do rei fez o meu coração disparou ainda mais, não conseguia tirar os olhos dele era como se eu estivesse enfeitiçada por ele e cada parte de meu corpo respondia ao um simples toque.

-Está ficando frio, vamos entrar minha querida, não quero que fique doente. -Dando mais um beijo eu e Erik seguimos para o palácio, não nos demos conta, mas ficamos horas lá fora, sempre quando estávamos juntos as horas se tornam minutos. Quando chegamos no palácio pegamos a escadaria principal e seguimos para os quartos depois que nos despedimos.

Assim que entrei em meu quarto me jogou na cama, enquanto encarava o teto estava tentando acalmar meu coração e arrumar a bagunça que estava meus pensamentos, Erik estava se entregando, está demonstrando seus sentimentos, ele realmente me ama, esses pensamentos não me abandonavam por um instante se quer, desejava que tudo isso realmente fosse real. Cansada do dia fui dormir encerrando assim aquele dia perfeito.

Acordei na manhã com os raios de sol invadindo meu quarto, quando me levantei da cama fui até a porta da sacada e a abri, fui recebida por um vento úmido e frio, mas agradável, o vento era um contraste para o calor que estava fazendo logo de manhã. Decidida a voltar ao trabalho fui para o banheiro tomar um banho. Quando enfim estava pronta segui direto a biblioteca.

Minha mesa estava repleta de relatórios dos dias anteriores, comecei aos poucos, separei os relatórios por dia e depois comecei a estudar cada um deles com total atenção. Me dediquei ao máximo ao trabalho, li os relatórios, comparei com as leis do reino para ver se tinha ocorrido algum delito. Como conselheira real, eu era especialista quando se tratava das leis do reino. Assim como o rei, queria manter a paz no reino. Com o passar as horas a pilha que havia sobre minha mesa tinha diminuído bastante. No meio dos relatórios achei alguns delitos e como não era nada grave decidi eu mesma cuidar dos casos ao invés de mandar para o rei, já que ele confiava plenamente em minhas decisões e como eu tinha a autorização para fazer isso fui logo resolvendo os assuntos que aparecia pela frente, estava empolgada e bem descansada e acima de tudo amava meu trabalho, cuidar de um reino era repleto de aventuras e dar concelhos diretamente para um rei era maravilhoso, ainda mais quando esse rei ouvia e prestava atenção em suas palavras. Porém meu trabalho era repleto de burocracias e momentos difíceis de lidar, para não dizer estressante e cansativo. Ter que lidar com as pessoas não era nada fácil e ter que agradar cada cidadão do reino era pior ainda, por mais que Wisdon era conhecido como um reino de paz, assim como todos tinha seus problemas e ter que lidar com eles diariamente era exaustivo.

Me perguntava como Erik conseguia lidar com toda aquela tensão, logicamente que ela sabia que ele havia sido treinado para isso, ser rei estava no seu sangue e seu povo estava acima de qualquer coisa para ele, mas mesmo com todo seu amor e devoção pelo seu povo deveria ter um custo e eu queria saber até onde seu amor pelo reino chegaria.

Quando finalmente chegou ao último relatório comecei a estuda-lo, logo de cara vi que se tratava de uma visita ao reino daqui duas semanas. Como de costume era eu quem cuidava da recepção aos convidados então logo comecei a estudar sobre o reino de Duram. Quando estava a par de todos os costumes e tradições do reino comecei a fazer uma lista de tudo que precisaria para a ocasião, quando me dei conta que já estava na hora do almoço e como era de se esperar Erik estava a porta me esperando.

-Não era para você estar trabalhando hoje. -O rei disse se aproximando de Néra.

-Sim eu sei, mas não consigo ficar parada, estava cansada de ficar no quarto e eu já estou bem recuperada para voltar ao trabalho. -Não poderia negar que estava feliz estava com a presença do rei, mesmo sendo costume ele me buscar para irmos almoçar, não conseguia me acostumar com isso.

-Certo, mas e seu eu te pedir...pedir não, até mesmo porque você recusaria mesmo, e seu eu ordenar você parar de trabalhar por alguns dias?

-Não mesmo, ainda mais depois que eu fiquei sabendo que uma comitiva real vai chegar aqui em duas semanas, tenho que começar a trabalhar nos preparativos, então não posso mais me ausentar. -Quando eu falei sobre a comitiva o sorriso de Erik sumiu por um momento dando lugar a uma expressão dura e seria.

-Ah é, a comitiva, eu tinha esquecido...bom vamos almoçar então?

-Sim, claro. -Erik me pegou pela mão e me arrastou da biblioteca. O Erik que eu conhecia havia sumido, agora ele estava duro como gelo e seus olhos transmitiam medo, estava me perguntando o que tinha de errado, por que ele tinha mudado tão de repede, ele estava segurando firme minha mão então notei que o rei estava tremendo, queria parar ele ali mesmo e perguntar o que estava acontecendo, mas achei que não era o momento certo, talvez a noite, quando ele se sentir melhor, mas de uma coisa sabia, está a contendo alguma coisa que ele não quer me contar, mas eu vou descobrir. Com meus pensamentos a mil segui Erik como sempre fazia e como sempre estaria disposta a fazer.