Alyss revirou-se na cama a noite inteira, inquieta.Seus sonhos alternaram-se entre a mãe, que morreu ao dar à luz ao filho natimorto, e as lembranças da sua infância, que sempre envolviam Max e Ryan. Os três antigamente estavam constantemente juntos.
Quando Max foi embora sem avisar, ela chorou. Exigiu ao pai que ordenasse a volta do garoto. Ele não era rei, afinal? Porém não havia nada a ser feito. Ela passou, então, a ter apenas Ryan como companhia. O que era a mesma coisa que dizer que mal tinha alguém, visto que Ryan sempre preferiu manter certa distância.
Depois do seu aniversário de 13 anos, que marcou o início da sua mocidade, Ryan fora designado como o seu guarda-costas pessoal. Ele tornou-se bem azedo e mal trocava algumas palavras com ela. Somente falava algo quando era para insultá-la ou irritá-la. No fundo, ela sabia que preferia que ele agisse dessa forma a se distanciar de vez.
E agora, Max retornará.
— Não creio que uma garota que acaba de completar 16 anos tenha tantos problemas para ficar tão pensativa e séria assim.
Alyss levantou a cabeça.
Ela estava na biblioteca, parada no centro do local, e nem havia percebido que estava fitando o chão com intensidade. O livro jazia esquecido na sua mão, servindo apenas como um enfeite.
Max encontrava-se encostado em uma das portas de entrada à sua direita, encarando-a. Ele ainda usava roupas parecidas com as da noite passada, porém a blusa estava limpa e branca dessa vez. A única diferença era a espada que ele carregava presa ao cinto.
— Não creio que os homens entendam de problemas femininos. Faltam-lhes uma certa capacidade para tal — ela respondeu e sorriu.
Max sufocou uma risada e continuou onde estava, observando o ambiente e as diversas estantes que alcançavam o teto.
— É um local impressionante. A arquitetura, digo — e diante do silêncio dela, ele continuou. — O efeito que o teto oval confere à sala retangular é incrível. Intensifica a profundidade. Não é por acaso que a ideia de imponência é muito bem transmitida aqui.
Alyssa permaneceu em silêncio, fitando-o. Após alguns segundos, perguntou:
— Você estava a minha procura para falar de arquitetura?
— O que te faz pensar que eu estava procurando você? — Max retrucou.
— E não estava? — ela rebateu.
— Eu estava preocupado. Não te vi no desjejum e fiquei surpreso pela falta de perguntas da sua parte. Imaginei que fosse despejá-las assim que me encontrasse, o que seria o mais breve possível.
— Resolvi adotar uma outra tática — ela sorriu.
— E qual seria? — ele levantou uma sobrancelha, divertindo-se.
— Ignorá-lo.
Max riu.
— Achei que isso funcionasse com as mulheres, e não o contrário — ele deu de ombros, sorrindo.
— Não com as mais evoluídas intelectualmente.
— E eu devo supor que você é uma dessas? — após a risada dela, ele continuou. — O que te faz pensar que eu lhe contarei alguma coisa por livre e espontânea vontade?
— É simples — ela caminhou até ficar bem próxima à ele. — Os homens gostam de se gabar, mesmo que discretamente — ela sorriu. — E eu não consigo imaginar você fazendo algo minimamente desinteressante por tanto anos. Então, você deve ter alguma história interessante para contar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Máscaras
РомантикаQuando os destinos se enlaçam e os interesses se divergem, quem conseguirá sobreviver ao Jogo das Máscaras? Um príncipe obsessivo. Uma princesa apaixonada. Um guerreiro com segredos. Uma criada inocente. Quando três amigos de infância se reencontr...