O plano deu certo!

Calunias.

Emilly

Eu e a Mayla pegamos o táxi na porta do hotel um pouco atrasadas, mas foi por uma boa causa, pois encontramos, no saguão, uma recepção maravilhosa dos fãs, que queriam conversar comigo, me perguntar várias coisas, principalmente sobre eu e o Marcos. Eu sorria com essa curiosidade deles e estava encantada com o amor que eles sentiam por nós enquanto casal, e por nós separadamente. Fiquei também bastante emocionada ao saber das histórias em que algumas pessoas conseguiram sair da depressão e da solidão ao nos acompanhar no programa. Era maravilhoso saber que havíamos ajudado tantas pessoas.

Após muitos beijos, abraços e fotos, e emocionada e agradecida por tanto carinho, fui com a Mayla para a reunião com a nova assessora, que havia sido contratada pela mana. A assessora, uma mulher bastante falante e de risada estridente, veio com propostas que não me deixava nada confortável. Suas sugestões iam desde eu fazer presença VIP em vários eventos que nada mais eram que baladas e shows, pelas madrugadas à dentro, à ensaios fotográficos sensuais.

Eu não estava pensando em fazer nada nessa linha. Primeiro porque o meu objetivo era me tornar atriz, então, além de pretender fazer cursos nessa área, eu preferia fazer pequenas participações em programas de TV e presenças em eventos voltados para este fim. Segundo, estou gestante, então ensaios sensuais, mesmo sem a barriga denunciar o meu estado, não me pareciam o momento certo. E terceiro, eu sabia o quanto o Marcos ficaria aborrecido com esses tipos de trabalho. Seu ciúme iria parar na estratosfera, eu o conhecia muito bem. Além do mais, queria preservar a nossa relação de qualquer coisa que pudesse nos afastar. Já bastavam os nossos problemas familiares para dar dor de cabeça à nós dois.

Fui recusando cada uma das sugestões dela, sendo verdadeira e honesta com os motivos das minhas recusas, só não falando sobre a minha gestação, que mantive em segredo como havia combinado com o Marcos. No mais, falei que não faria aquelas atividades por conta dos meus objetivos e por causa do Marcos, que não gostaria, e eu respeitaria a sua vontade. Terminei aceitando apenas um ensaio fotográfico normal e uma presença vip no camarote do show do Luan Santana, pois poderia ir com Marcos também. Eu estava pronta para convencê-lo a ir a este show sertanejo, pois ele não era muito fã do estilo musical. Eu o convenceria bem convencidinho.

A cada recusa minha, a Mayla tentava me convencer do contrário, argumentando que era o nosso sonho, que nós íamos aproveitar muito, que era eu e ela "contra o mundo"... nestas palavras. E quando eu insistia na recusa, ela resmungava baixo e bufava quando o nome de Marcos era falado.

Voltamos para o hotel não muito tempo depois e eu fui até o quarto dela com ela, pois precisava esclarecer algumas coisas, principalmente o porquê da antipatia pelo homem que eu amava.

Mas não me pareceu uma boa ideia, pois ela começou a acusar, com a voz em um tom mais alto, o quanto eu estava cega pelo Marcos, fazendo com que os "sonhos" meu e dela fossem deixados de lado ou destruídos. E não apenas os "nossos sonhos", mas os sonhos da nossa família. Ela falava que eu agora só queria fazer o que o Marcos queria, o que ele "deixava"... Que eu era uma tola, que estava virando as costas para a nossa família, principalmente ao pretender ficar com o Marcos em Sorriso. Mas o pior foi ela insinuar que a família do Marcos tem razão sobre o que falam, que quero uma vida fácil, por isso estou indo morar com ele.

Eu fiquei possessa, rebati todas as suas acusações, relembrando à ela, mais uma vez, que os sonhos de balada, bebida e boys, eram sonhos dela! Relembrei a nossa brincadeira, feita enquanto ainda estávamos na seletiva para o programa, que a sua sigla BBB era essa, e que o BBB, para mim, sempre seria apenas um meio para ajudar a minha família e para realizar o meu sonho de ser atriz. E, se ganhasse o prêmio, melhor ainda.

Falei que não admitia suas acusações de que eu estava abandonando a nossa família, que jamais o faria e ela sabia disso. Não sou mal-caráter, não sou mentirosa, não sou medrosa, muito menos intereseira. Nunca fui. E falei também que ninguém ficaria desassistido, apenas que eu iria com o Marcos para Sorriso para ter mais tranquilidade na minha gravidez, para cuidar de mim e do nosso filho. E, óbvio, porque eu amava o Marcos de todo o meu coração.

A única resposta dela foi: "Se prepare para o tombo, maninha".

Eu não tolerei mais, a deixei lá no quarto dela e saí batendo a porta com força. Eu a amava, mas não podia deixá-la tomar conta da minha vida segundo as suas próprias necessidades. Eu não era essa pessoa, jamais abaixaria minha cabeça para ninguém. E somente quem tinha o poder de me fazer calar a boca, por respeito, era o meu pai e a minha rainha, que já não estava mais aqui.

Ao pensar na minha mãezinha e por toda a tensão da discussão com a mana, chorei compulsivamente e mal percebi que tinha outra pessoa no corredor onde ficava o meu quarto com o Marcos, indo trombar nela sem cuidado.

Marcos: Emy, o que houve?? - Ele me segurou antes que eu caísse, perguntando com sua voz preocupada.

Eu chorei mais me agarrando à ele, que nos guiou para dentro do quarto. Ele se sentou no sofá e me puxou para o seu colo, me acalmando com suas palavras e seu toque em meus cabelos e em meus braços.

Assim que meus soluços e lágrimas diminuíram um pouco, comecei a lhe contar sobre toda a discussão com a Mayla, até sobre a sua frase final. O Marcos me ouviu e, diferentemente de qualquer atitude raivosa que ele pudesse ter contra ela, ele me consolou minimizando as palavras da Mayla, dizendo que ela falou impensadamente.

Nesse momento, percebi o quanto esse homem, que é o homem que eu amo, era apaziguador, amoroso, íntegro. Que preferia contemporizar as palavras duras da Mayla contra ele próprio para não me ver mais magoada, mais triste.

Eu o abracei forte e agradeci as suas palavras de consolo, e agradeci, mais uma vez, à Deus e à minha mãezinha por este presente maravilhoso que eles haviam me dado, o meu bem, o meu amor.

Continua...