XXV

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Lauren Jauregui's Point Of View

Eu sempre fui temerosa a muitas coisas, diversas vezes me reprimi por medo e isso acabou me deixando reclusa dos de mais. Eu me impedia de fazer amizades, de ter amores porque meus pais sempre colocaram na minha cabeça que eu não era digna para tais coisas.

Quão horríveis eu deveria considerar aquelas pessoas que são sangue do meu sangue?

Eu cresci ouvindo palavras horríveis direcionadas a mim, aquilo de certa forma havia me traumatizado, eu era apenas uma criança, mas eles nunca me pouparam da dor física e psicológica.

Quão dolorosa eu deveria considerar minha infância?

Eu cresci sendo rejeitada por meus pais, sofrendo bullying na escola, ouvindo palavras horríveis. Eu cresci chorando pelos cantos, sofrendo sozinha, sem ouvir uma palavra de conforto sequer.

E eu novamente me pergunto: Quão dolorosa eu deveria considerar minha infância?

Aos nove anos eu deveria estar preocupada em brincar até cansar, em fazer amizades, em ser criança, mas ao invés disso, eu era espancada por meus pais, por pessoas que têm sangue do meu sangue!

Qual lembrança da infância uma criança realmente deve ter? Sobre o que ela precisa sentir nostalgia?

Meus pais sempre me forçaram a viver em uma realidade inexistente, eles eram para mim a sociedade que o mundo temia, a sociedade que nos reprime, nos faz seguir padrões e jogam em nossas caras que nós não somos suficientes, que estamos sempre errados.

Clara e Michael Jauregui são os monstros embaixo da cama que sempre me atormentavam!

São por pessoas como meus pais que o mundo está assim, monstros disfarçados em terno, vestido e uma bíblia embaixo do braço. Pessoas que pregam para o mundo uma vida que não vivem, pregam uma falsa verdade e estão dispostos a nos fazer engoli-las garganta abaixo. Eles definem uma única verdade como certa e se você não acredita, você está errado e vai para o inferno.

Há verdades, religiões e crenças diversas nesse mundo e não há nenhuma certa ou errada, isso vai de acordo com o ponto de vista e a fé de cada pessoa e meus pais apenas precisavam entender isso.

Em todos esses anos de humilhação eu acabei entendendo o que meus pais nunca entenderam. Deus nunca errou em nada e eu definitivamente não era um erro, não era um pecado. Segundo meus pais, Deus me criou, então eu era perfeita da maneira que ele me fez, em cada detalhe havia perfeição. Eu não sou um erro!

Meus pais apenas me fizeram entender que família não é quem tem seu sangue, família é quem está com você em todos os momentos, que te dá conselho, que te protege, que te ama. Família é quem corre ao seu lado todos os dias!

Eu estava temerosa em perder a família que eu construí ao longo dos anos, eu estava temerosa em perder Camila. Aquela maldita intercambista estava em meus pensamentos o tempo inteiro, era inevitável não lembrar de todas as brigas que terminavam em beijos e sexo. Éramos totalmente opostas, mas ao mesmo tempo tão parecidas, tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais. Camila e eu tínhamos a perfeita definição de um paradoxo, não queríamos nos apaixonar, não queríamos nos machucar, mas estávamos sempre atrás disso. Camila era um ímã para problema e eu era um ímã para a dor.

Nós duas vivíamos em pé de guerra, mas era exatamente aquilo que fazia tudo acontecer, cada palavra dita, cada toque, cada ação eram como uma faísca que de repente tornava-se um incêndio. Os jogos, a ousadia, a sensualidade eram marca da latina e me atraíam de forma alucinante. Camila conseguiu derrubar todas as barreiras que haviam ao meu redor, ela sempre conseguia o que queria e naquele momento, eu era o quem ela queria.

The Daughter Of The Reverend - G!P 1ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora